domingo, 22 de junho de 2025

Noise

Assisti Noise (2023) de Steffen Geyppens na Netflix. Fui na busca procurar filmes belgas e me deparei com esse. Tinha um tempo que eu via esse lindo cartaz, mas nunca tinha parado para ver o filme. Achei que era de fantasminhas, mas é mais um filme para falar de saúde mental.

Um belíssimo casal e um bebê fofo se mudam para uma mansão belíssima em uma pequena cidade. A casa é da família dele. Os dois são lindos, Sallie Harmsen e Ward Kerremans. Nós já tínhamos visto imagens do passado quando uma mulher se afoga no lago e o marido vai tentar salvar. Com o tempo descobrimos que ela era a mãe do rapaz. O marido é influencer com milhares de seguidores, vive criando conteúdos. Ela faz comida pra vender. Eles chegam lindos, todos arrumados. Ele vai se desalinhando, fica suado, tenso, agoniado, perturbado, tem insônia e mesmo assim ela ainda deixa o bebê sozinho com ele, dá muita agonia.
O pai, Johan Leysen, vive em um asilo, mas aparece caminhando de vez em quando. Imagine, uma casa daquele tamanho e o avô no asilo. O filho passa a se interessar pela indústria química da família e começa a tentar entender o que aconteceu. Em algum momento pensamos que os delírios que ele começa a ter é da química da fábrica que tem inúmeros túneis, é um verdadeiro labirinto. O pai foi acusado de matar muitos trabalhadores em um acidente na fábrica. A cidade não trata bem a moça que vai ao comércio local. Ninguém gosta dos parentes da mansão.

A mansão é linda. A cidade é uma graça e bucólica. É um bom filme.


 

Beijos,
Pedrita

sábado, 21 de junho de 2025

O Varal

Assisti a peça O Varal da Cia Navega Jangada no Teatro Cacilda Becker. Que poesia! Conta a linda relação entre mãe e filho interpretados pelos brilhantes Rita Ivanoff e Alef Barros. O texto e a delicada direção é de Talita Cabral.

Como acontece muito, o pai vai embora e a mãe assume todas as funções. Trabalha, cuida da casa e do filho. Ela é bem super protetora e se abandona completamente. Sem vida própria, ela vive no respiro do filho. 

Foto de Marina Rodrigues

Uma graça a cena do Dia dos Pais que claro que é ela que vai, a pãe. É uma cena muito fofa! A peça tem bastante música, compostas especialmente para o espetáculo por Alef Barros e Rodrigo Régis. E com música ao vivo no palco que eu amo com os músicos Dicinho Areias, Flávio Caffé e Marcos Guarujá. Muito engraçado que eles fazem algumas participações.

Foto de Marina Rodrigues
Só quando o filho sai de casa com 22 anos, é que a mãe se permite um pouco de vida pessoal, mas confesso que achei muito pouco.

O Varal é um delicado e lindo espetáculo. A próxima apresentação será no dia 1º de julho, no Teatro Flávio Império. E grátis! Só possível porque o projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Propriedade

Assisti Propriedade (2023) de Daniel Bandeira na Netflix. Mais um filme que vi por indicação do instagram do Miguel Barbieri. Vi aos poucos, muito aos pouquinhos, porque é fortíssimo. Que filme forte!

Os trabalhadores de uma fazenda são avisados que não vão mais trabalhar lá e que podem acertar as suas contas e pegar os seus documentos. O filme é realizado em Pernambuco, na Fazenda Morim em São José da Coroa Grande. Aos poucos percebemos que os trabalhadores são o que chamamos hoje em dia de trabalho análogo a escravidão. Primeiro é proibido ficar com documentos das pessoas, depois há um caderninho com o que eles devem, que sempre é superior ao que eles tem pra receber, em geral eles devem dinheiro, pra que eles nunca recebam nada e fiquem presos ao trabalho e ao local. Eles viveram sempre no local, amam aquela terra e se revoltam, o filme desanda num grau que é absurdamente desconcertante. O elenco é incrível: Zuleika Ferreira, Carlos Amorim, Marcílio Moraes, Amara Rita Magalhães, Clebia Sousa, não em um único personagem desimportante em toda a engrenagem.
Os proprietários chegam na fazenda sem saber da rebelião. Malu Galli faz a esposa. Ela consegue se esconder no carro, mas o carro é novo, ela não sabe a senha pra ligar. Por sorte o marido blindou o carro. Enfim, o filme é uma agonia só, uma violência sem fim. Muito, mas muito reflexivo!

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 17 de junho de 2025

Estação Eleven

Assisti a série Estação Eleven (2021) de Patrick Somerville no Max. Tem tempo que vejo como sugestão já que gosto de ficção científica, tinha uma certa curiosidade, mas só fui mesmo ver depois que li que é incrível e é mesmo. Comecei a ver e não queria parar. São 10 episódios baseados no livro da escritora canadense Emily St. John Mandel que fiquei com vontade de ler.

É muito interessante como a série é construída. Começa em um teatro, Gael Garcia Bernal interpreta um ator que está no palco como Hamlet em uma pequena participação. Ele morre ali mesmo. Um homem percebe, tenta salvá-lo, que ator Himesh Patel e que personagem. Tem uma atriz mirim no palco pela incrível Matilda Lawler. A cuidadora da atriz mirim vai na ambulância com o ator. Esse desconhecido resolve levar a menina pra casa dela. No caminho, falando com a irmã enfermeira, ele fica sabendo que as pessoas estão morrendo rapidamente de uma pandemia. Um pouco diferente da pandemia que nos atingiu, essa mata em algumas horas ou dias, sem possibilidade de tratamento. E quem tem contato morre rapidamente também. A irmã dele tosse na ligação, mas dá todas as orientações pra ele de como agir. Os pais da menina não estão em casa, ela está sem chave. Ele a leva a um supermercado, enche inúmeros carrinhos e segue para o belíssimo apartamento do irmão, Nabhaan Rizwan.
A série corta então para o futuro, 20 anos depois, a menina é uma jovem agora, da ótima Mackenzie Davis. Ela integra uma trupe itinerante de teatro. Esse é um dos grandes trunfos da série, entrecortar o tempo todo passado e futuro, sem ordens cronológicas. 

Vemos ela criança indo com Jeevan embora do apartamento, super encapotados, em uma neve assustadora. Só vamos saber o que aconteceu de fato no apartamento episódios depois e mesmo assim aos poucos. E os personagens são muito bons, carismáticos, complexos, queremos saber cada detalhe. A série prende muito, fiquei fascinada e ligada. Vi bem rapidamente.
Um episódio conta a trama de um grupo que fica "preso" em um aeroporto. O avião ia para Chicago, mas pela pandemia, para em outra cidade e as pessoas ficam no aeroporto. Elas descobrem que lá estarão seguras, se não tiverem contato com mais ninguém e passam a viver lá. Três iam ver Hamlet. O filho do ator que morreu, Julian Abradors, a mãe dele, Caitlin Fitzgerald, e um amigo, não muito amigo, David Wilmot.

É incrível como essas duas crianças dão ou tiram a série do eixo. As duas ficam impactadas com um livro de 5 cópias e passam a ter como referência, quase como um livro religioso. É um livro de quadrinhos, que um astronauta virá salvá-los. Um deles torna-se então o Profeta, Daniel Zovatto. Ele é absurdamente destruidor e mobiliza crianças pra serem também. A contagem do tempo agora tem outras divisões, o primeiro ano da pandemia, o ano zero. E as crianças nascidas após a pandemia tem outra perspectiva da vida. São muito diferentes de quem viveu com energia, tecnologia e confortos. As crianças tem menos apego a vida e são muito destrutivas.
A explicação da trama das crianças surge quase no final quando Jeevan vai parar em um hospital com inúmeras mulheres grávidas que vão parir ao mesmo tempo. É impressionante como a trama se costura. O final é muito emocionante e poético!

Beijos,
Pedrita

domingo, 15 de junho de 2025

Sonhos Roubados

Assisti Sonhos Roubados (2009) de Sandra Werneck no BrasilianaTV. Sempre quis ver esse filme. Conta a história de três adolescentes interpretadas brilhantemente por Nanda Costa, Kika Farias e Amanda Diniz.

Sem perspectivas, elas vivem como adultas, com dilemas adultos, mesmo tão jovens. As três vão a escola, mas vivem sem aulas por falta de professores, greves. E elas vivem a vida adulta muito antecipadamente. A mais velha, com 17 anos, tem uma filha e vive com o avô de Nelson Xavier que conserta bicicletas. Ela divide a guarda com o pai da criança, de Silvio Guindane e tem que lidar com a avó da criança, religiosa que não pratica os preceitos básicos de qualquer religião. Ela é interpretada por Zezeh Barbosa.
A do meio se apaixona por um bandido, Guilherme Duarte, que monta casa pra ela. As duas mais velhas aceitam esporadicamente fazer sexo por dinheiro e ganhar uns trocados.

A menor vive com a tia, Lorena da Silva, e o marido dela, Daniel Dantas. Ela está prestes a fazer 15 anos e o sonho é uma festa onde ela vai dançar valsa com o pai, Ângelo Antônio, que não quer saber da filha. Ela é abusada pelo tio. Marieta Severo tem um salão e ela começa a ajudar a jovem a realizar seus pequenos sonhos e ensinar o ofício do salão pra ela.

Em um desses encontros é que a mais velha conhece um preso de MV Bill. É com ele que ela começa a construir uma relação mais equilibrada e consegue ajuda de um advogado para lutar pela guarda da filha. Quando o preso for solto ele tem sonhos e a inclui, ela não sabe se vai seguir, espero que tenha conseguido ir com ele e ter uma história melhor.

Beijos,
Pedrita