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terça-feira, 24 de junho de 2025

Eileen de Ottessa Moshfegh

Terminei de ler Eileen (2015) de Ottessa Moshfegh da Todavia. Eu fiquei interessada em ler esse livro depois que vi o filme homônimo. Fiquei muito curiosa em conhecer na escrita os detalhes da personagem tão complexa. No Brasil resolveram complementar o nome da obra, totalmente desnecessário! Que texto! Que capacidade de descrição dos acontecimentos! Gostei demais!

O marcador de livros ganhei de um amigo, vieram vários semelhantes em uma caixinha.

O livro é ambientado na década de 60. Eileen é uma jovem que não se encaixa na sociedade. Perdeu a mãe de câncer, mas não tinha uma relação muito boa com os pais. Ele é alcóolatra. Eileen acredita que precisa cuidar deles. Ela acaba indo trabalhar temporariamente em um presídio de menores infratores e acaba ficando. A autora sabe construir brilhantemente os sentimentos dos personagens. A vida disfuncional de muitas pessoas. Fala muito de submundo, de vidas que não queremos olhar, dos invisíveis. Rebecca é loira no filme e quando a vi aparecer achei perfeita, meio Marylin Monroe. No livro ela é ruiva de cabelos longos e logo que apareceu achei perfeita, não podia ser diferente. Como a arte pode nos convencer na construção de seus personagens. Fui completamente volátil em aceitar a caracterização em cada expressão artística.
Acho incrível como Ottessa constrói Eileen. Carente de tudo, revoltada, ela se ilude com muita facilidade. Todos desprezam Eileen, não tem empatia com ela e a culpam por tudo, como se ela que fosse a responsável pelo pai, pela casa e ainda ter que trabalhar. Todos os conflitos que o pai cria bêbado, os policiais alertam Eileen, como se ela que tivesse que controlar o pai. Nunca falam diretamente com ele. Gosto demais como a autora vai criando a tensão e as surpresas e mais ainda como ela finaliza a trama.

Ottessa Moshfegh é americana, filha de mãe croata e pai iraniano, talvez por isso compreenda tanto essa sensação de não pertencimento na sociedade.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Melhores livros brasileiros de literatura do século 21

A Folha convidou profissionais para escolher os Melhores livros brasileiros de literatura do século 21. Fizeram a seleção 100 especialistas entre editores, jornalistas, críticos, escritores. A matéria é fechada para assinantes e saiu no jornal impresso. Cada um tinha que escolher 10 livros brasileiros do século 21. Humildemente resolvi fazer minha lista e começo com o maravilhoso Um Amor Anarquista de Miguel Sanches Neto da Record que criou uma ficção baseada na comunidade anarquista que existiu no interior do Paraná. Cada livro terá o link correspondente ao texto que fiz no blog.
 

Em segundo o maravilhoso Becos da Memória de Conceição Evaristo da Pallas. Uma comunidade vai ser despejada, os moradores vão partindo aos poucos, com isso vamos conhecendo seus personagens. Que texto! A autora está na lista da Folha, mas com outra obra que não li.

Em terceiro o intenso Dois Irmãos de Milton Hatoum da Companhia das Letras. Com destinos diferentes, os irmãos se rivalizam. A seleção da Folha tem outro livro dele na relação que eu ainda não li.

Em quarto o delicado, nem sempre, Água de Barrela de Eliana Alves Cruz da Malê. Água de Barrela é o combinado que as profissionais fazem para lavar e clarear as roupas brancas. A história passa por várias gerações de mulheres.

Em quinto, Torto Arado de Itamar Vieira Junior da Todavia. Esse livro está na relação da Folha. Conta a história fictícia de Bibiana e Belonísia.

Em sexto, Deixei Ele Lá e Vim de Elvira Vigna da Companhia das Letras. Essa autora está na lista da Folha, mas com outra obra. São várias mulheres em um hotel.
O sétimo é O Sol se Põe em São Paulo de Bernardo Carvalho da Companhia das Letras. O autor está na lista da Folha, mas de novo com outra obra. Esse é uma história bem mágica em São Paulo, alguns momentos no bairro da Liberdade e seu universo japonês.
O oitavo é Sanga Menor de Cintia Lacroix da Dublinense. Esse eu acabei de ler, em realismo fantástico conta a história de uma cidade fictícia, Sanga Menor, e seus personagens, nem sempre mágicos.

O nono é Na Escuridão, Amanhã de Rogério Pereira da Cosac Naify. É sobre uma família disfuncional que vai desaparecendo.
Finalizando em décimo, Fantasma de José Castello pela Editora Record. O protagonista mora em Curitiba e é contratado para escrever uma obra ambientada na cidade.

Beijos,
Pedrita

domingo, 18 de setembro de 2022

Torto Arado de Itamar Vieira Junior

Terminei de ler Torto Arado (2019) de Itamar Vieira Junior da Todavia. Eu queria muito ler esse livro premiado e uma amiga me presenteou. Torto Arado ganhou os prêmios Oceanos e Jabuti e começa a ser editado em outros países como Alemanha, Bulgária, México, Inglaterra, entre outros. Vida longa e eterna a esse livro maravilhoso! Essa capa incrível é de Elisa v. Randow com ilustração de Aline Bispo, inspirada na fotografia de Giovanni Marrozzini da série Nouvelle Semence.

O marcador de livros é da Livraria Cultura com obra de Lucia Buccini.

Quadro de Peggy-Lou 

Foto de Giovanni Marrozzini

Torto Arado conta a história fictícia de Bibiana e Belonísia. Elas vivem em uma fazenda fictícia no interior de Minas. Elas acham nos escondidos da avó um facão, fascinadas pela lâmina levam à boca. São levadas correndo a cidade, uma perde boa parte da língua, dificilmente voltará a falar e a outra perde menos a fala. O médico diz que terão que fazer fisioterapia, o que naquelas condições de vida é inviável, como ir a cidade regularmente. Bibiana passa então a ser a porta-voz da irmã e elas ficam mais unidas ainda. Muito linda a união delas e elas serem tão diferentes entre si.

Obra de Aline Bispo

O livro conta a história da família das duas irmãs e seu entorno. Eles são explorados pelo dono da terra. Podem viver em um pedaço de chão, mas tem que trabalhar para o dono da fazenda, se sobrar tempo podem ter horta, com várias restrições. A casa também só pode ser de barro. Não recebem salário. A avó era a parteira, o pai era quem cuidava das pessoas com ervas e poções. Como fazer partos era desconfortável pelo contato físico com as mulheres, vai transferindo a função para Beloísa, que vai aprendendo com o pai sobre as ervas. Bibiana resolve ir na adolescência embora com quem se apaixona. Ela se forma professora. O marido torna-se ativista em defesa por melhores condições aos seus. É um belo livro, como diz uma amiga, com uma história muito bem contada, daquelas apaixonantes, que não queremos parar de conhecer. Muito lindo!
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Incidentes na Vida de uma Menina Escrava

Terminei de ler Incidentes na Vida de uma Menina Escrava (1861) de Harriet Ann Jacobs da Todavia. Quis ler esse livro depois que vi o filme Harriet, mas é outra história. Essa a autora, uma mulher escravizada, conta a sua história. No filme criaram uma heroína que não tem nada a ver com a Harriet. Acho que qualquer pessoa que sobrevive a ser escravizado é um herói, mas esse livro fala da história real de uma mulher escravizada. Harriet chegou a ajudar fugitivos, mas no Norte.

O marcador de livros é da Livraria Cultura. 

Linda Brent ou Harriet Anna Jacobs (1813- 1897) nasceu no Sul. Não se sentia uma criança escravizada porque era livre na fazenda que vivia e bem tratada. Até que a mulher que tão bem a tratava, mas a mantinha escravizada, morreu e a deixou em testamento para a filha dela, mais nova ainda que Linda. Então o pai da proprietária de Linda, um médico perverso, passou a mandar em Linda. O patrão começou a assediar Linda. Ela acaba de se envolvendo com outro homem branco e casado e tendo dois filhos com ele. Fiquei chocada que depois da fuga, Linda fica escondida onde mora. Primeiro na casa de um outro senhor de escravos e depois em um alçapão minúsculo. Nesse alçapão ficou 7 anos. Raramente saía, tinha câimbras horrorosas, só podia ficar deitada. A família ia levar comida, algum conforto, mas via tudo por uma fresta.

Obra Os Pobres Gratos (1894) de Henry Ossawa Tanner

Quando Linda finalmente conseguiu fugir ela foi ser babá para uma família em Nova York. Viajava com frequência pra ver sua filha, conseguiu rever seu filho e seu irmão. Tinha sempre muito medo de a descobrirem e levarem ao seu proprietário. A autora é muito detalhista, é muito difícil ler os absurdos relatos da escravidão. Como o ser humano é torpe. Muito triste ela dizer várias vezes que não era mentira o que contava, que realmente tinha acontecido daquela forma. Ela viveu em uma época que as pessoas mentiam sobre a escravidão, então ela acha que quem irá ler, provavelmente não acreditaria nela, muito triste.
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 12 de julho de 2021

O Quarto Branco de Gabriela Aguerre

Terminei de ler O Quarto Branco (2019) de Gabriela Aguerre da Todavia. Eu comprei esse livro na última Feira da USP que foi virtual. Como a dinâmica era diferente, escolhi livros a 50% da Todavia. Gostei muito da edição e dessa capa de Regina Parra.

Obra da foto: Annabel Lee de James McNeill Whistler
Marcador de página: Pedaço da obra Mulher Enxugando o Braço Esquerdo de Edgar Degas

Obra (1994) de Maria Freire

A protagonista está com o pai doente e acaba de descobrir que não pode ter filhos. Diferente de suas amigas, ter filhos foi sempre uma certeza, a notícia que não poderia ter filhos faz ela viajar para o Uruguai. Ela vive no Brasil, mas nasceu no Uruguai, como a autora, e segue para a garçonnière da família. A mãe sempre insistiu que o apartamento do pecado fosse vendido, o local era herança de família, mas o pai nunca vendeu. 
Obra Estância com Lua de Jorge Damiani

A protagonista resolve ir atrás de uma história que achou em um diário, que teve uma irmã gêmea que morreu pouco depois de nascer. Com a ajuda de um tio que mora no Uruguai, ela vai resgatando o passado e tentando entender o presente. O Quarto Branco fala muito sobre luto, a protagonista vive várias formas de luto de uma hora pra outra. Que livro profundo, lindo! Que estilo de escrita bonito, pincelado! Amei!
 

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 5 de março de 2021

Karen de Ana Teresa Pereira

Terminei de ler Karen (2016) de Ana Teresa Pereira da Todavia. Em 2020 a Feira de Livros da USP foi virtual. Eu quis ao menos comprar alguns, bem poucos. Foi difícil achar os livros, verificar se as promoções existiam de fato e esse foi um deles. Gostei muito! A obra foi vencedora do Prêmio Oceanos de 2017. é uma bela edição com ilustração na capa de Zansky.

A marcador de livros é uma obra do Mucha e o quadrinho uma obra de Monet.
Ambos ganhei de amigos.

 

Obra Sombras (1964) de Lourdes Castro e René Bertholo
Foto de André Morin

Nossa, essa obra encaixa perfeitamente com o livro. A protagonista é um esboço dela mesma. Demoramos pra entender tudo então é melhor não ler nada antes, nem orelha do livro, nem resumo, nem a postagem. Entendemos que ela sofreu um acidente em uma cachoeira. Não lembra de seu passado. Só alguns poucos fragmentos. Ela vive em uma casa com uma mulher que cuida de tudo e um homem. É um livro muito forte, impactante e surpreendente.

Obra Dançarina Verde e Azul (1893) de James McNeill Whistler.

A protagonista é artista plástica. Fala muito de filmes, séries, música, são inúmeras referências.

Beijos,
Pedrita