Assisti Totem (2017) de Marcel Sarmiento no Max. Porque sábado é dia de fantasminhas. Estou fuçando no Max o que não vi de terror, feliz que tem vários ainda a ver, estava sentido falta. Esse é tão independente que é difícil achar informações, fotos. Mas gostei, é bem melhor do que parecia! Não chega a ser um grande filme, mas é bem realizado, bom elenco e bom roteiro.
As filhas moram com o pai e é meio tabu falar sobre a morte da mãe. O pai informa que vai trazer pra morar com elas a namorada dele, que já chegou a hora, que tem mais de um ano. A filha adolescente meio que assumiu a casa, ela cuida do pai e da irmã mais nova e não quer a madrasta na casa. Kerris Dorsey está ótima! A irmã está tendo um comportamento estranho, fala com amigos imaginários mas um pouco mais esquisito que o normal. Uma graça Lia McHugh.
Coisas estranhas começam a acontecer e passam a achar que é a mãe que não gosta da madrasta na casa. Mas a filha adolescente acha que não, que é um espírito que se aproveita da imagem da mãe para fazer mal a elas, inclusive a filha menor. A madrasta é Ahana O´Reilly e o pai James Tupper. O filme é muito bem feito, bem surpreendente o que de fato ocorre. Gostei bastante. O final é bem clássico mas bom também.
Assisti no cinema Ainda Estou Aqui (2024) de Walter Salles. Finalmente consegui assistir! É tudo e mais um pouco do que dizem. Contido, sem melodrama, o filme causa um silêncio ensurdecedor!
O filme conta a história de Eunice Paiva. O roteiro se baseou no livro de seu filho, Marcelo Rubens Paiva. Ela era dona de casa, como ela mesmo dizia, cuidar de cinco filhos. Ela tinha uma funcionária que ajudava na casa. Uma belíssima casa a beira mar no Rio de Janeiro.
Gostei que o filme contextualiza a história da família. Rubens Paiva (Selton Mello) era -ex-deputado e engenheiro. Ele se debruçava na construção da casa da família. Calorosos, afetuosos, recebiam muito em casa. Essa foto é em uma das festas. A filha (Valentina Herzage) ia viver nos Estados Unidos. Eles também adoravam tirar fotos, tinham uma caixa lotada delas. Interessante que no futuro, olhando as caixas, eles não lembram que dia foi esse, como acontece mesmo, já que eles viviam tirando fotos. Nesse período atuam Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Pri Helena, Dan Stulbach, Humberto Carrão, Caio Horowicz, Augusto Trainotti, Carla Ribas, Maite Padilha, Charles Fricks, Thelmo Fernandes, Camila Márdila, Daniel Dantas, entre tantos outros.
Até que Rubens Paiva é levado pra depor. Ele vai no carro dele mesmo. Eles não conseguem saber quem o levou para depor. É quando o silêncio ensurdecedor se instala. Com crianças pequenas, Eunice escolhe o silêncio. Homens armados ficam alojados na casa dela, vários. Ela inventa uma história pros filhos. Dá muita angústia os filhos interagindo com os bandidos. A personalidade da Eunice era incrível. Ela oferece as refeições, eles dizem não precisar, mas ela faz questão. Ela não se intimida, pede que eles escondam as armas, fala que é uma casa de família.
Ela e a filha de 15 anos são levadas pra depor como em um sequestro, capuz preto, algemas. Desesperador a angústia de Eunice querendo saber da filha. A filha passa uma noite e é liberada. Nenhuma das duas são torturadas, o que normalmente acontecia. Ficar sozinha em uma sala fétida, sem banho, sem informação, sem direito a advogado, é uma tortura desesperadora. Nem assim Eunice se intimida. Ela pergunta sempre sobre o marido, sobre a filha e consegue de seu carcereiro a informação que a filha já foi pra casa. Imagine o desespero dessa mãe. Os filhos de uma hora pra outra ficaram sem os pais, só com a funcionária, sem ter notícias.
Ela começa a ter problemas financeiros. O marido desaparecido, nada pode-se mexer. E claro, os sequestradores negam que levaram o Rubens Paiva e que ele nunca mais saiu. Falam que ele fugiu com terroristas. Em um determinado momento, um conhecido em sigilo, conta que tiveram a informação que Rubens Paiva está morto. Ela começa a lutar pelo corpo como Zuzu Angel e para que o exército assuma o seu crime. Ela viu o carro do marido no pátio quando foi presa, consegue ir buscar, ela vai incomodando como pode. Diferente da Zuzu, ela não é assassinada para ficar calada. É nesse período que ficamos sabendo que aquela casa maravilhosa era alugada. Ela pega os cinco filhos e vem para São Paulo para a casa dos pais dela.
Eunice passa a trabalhar com tudo o que pode, traduções. Volta a estudar e se forma em advocacia aos 47 anos. Além de trabalhar pela liberação de presos políticos, informações sobre desaparecidos, ela se torna indigenista. No filme mostram uma palestra dela sobre a viagem que fez a floresta amazônica para denunciar os massacres indígenas na construção, muitas vezes irregular, da Transamazônica. Fernanda Torres está maravilhosa, que atriz! Mas eu concordo com a atriz em seus discursos, o filme só chegou onde está, pela Eunice, é a personalidade dela que espanta todos no filme. Corajosa, nunca calada, mas sempre estratégica na proteção dos seus.
Eunice Paiva levou 25 anos para receber o atestado de óbito de Rubens Paiva. Somente 25 anos depois que o exército admitiu ter torturado e assassinado Rubens Paiva. Ela sorri e fala que é estranho sorrir por um atestado de óbito e fala do sofrimento que é a família de um desaparecido. Quem já mexeu com inventário sabe muito bem o que ela estava falando. Sem falar na porta aberta de sentimentos com um desaparecido. Uma jornalista pergunta se não há questões importantes pra ser resolvidas para retomar ao passado. Eunice é rápida e categórica, não, enquanto os culpados não foram julgados e punidos por seus crimes, tudo pode acontecer novamente. Ao fundo está Marcelo Rubens Paiva, já escritor e autor do livro Feliz Ano Velho na época.
Eunice Paiva teve Alzheimer e ficou uns 15 anos com a doença. No final Fernanda Montenegro aparece como Eunice. Outros nesse elenco são Antonio Saboya, Maeve Jinkingis, Marjorie Estiano, Maria Manoella, Olivia Torres e Gabriela Carneiro da Cunha. A trilha sonora é incrível e tem no Spotify. A mais reverberada é a linda de Erasmo Carlos,
Eunice e Rubens Paiva.
Essa foto foi feita para uma matéria da revista Manchete.
Eu acabei assistindo no meu cinema preferido de São Paulo, o Espaço Augusta que agora finalmente ganha patrocínio da Petrobras. Fiquei muito emocionada porque o cinema ficou sem patrocínio e indefinição por bastante tempo, era muita angústia. E fiquei muito emocionada quando entrei perto da hora do almoço e estava lotado. Um amigo até perguntou se eu tinha conseguido comprar ingresso pra esse filme porque semana passada não tinha. Infelizmente eu não pago mais meia porque antes era Espaço Itaú de Cinema. Acham que o Itaú talvez continue dando desconto com alguma fidelidade. Assim espero porque fiquei bem irritada com o banco de deixar de apoiar esse cinema.
Assisti A Hora do Desespero (2021) de Philip Noyce no TelecinePlay. Que filme angustiante! O nome original é Lakewook, o nome de uma cidade na Califórnia cercada de mata. Como o lugar é bonito! O maravilhoso roteiro é de Chris Sparling.
A protagonista prepara a filha bem pequena e a coloca no ônibus da escola. E vai acordar o filho adolescente que quer ficar dormindo. A gente entende que ela é viúva recente e que estão todos tentando superar. Ela vai correr naquelas paisagens maravilhosas e o celular não para. É a filha que esqueceu algo que precisa pra aula, a mãe que vai chegar de viagem, são pedidos e mais pedidos pra essa mãe sobrecarregada.
Polícias começam a passar, ela ouve pelo celular que as estradas estão fechadas porque algo aconteceu na escola. Desesperada ela tenta saber da filha, que está bem e fala com ela. Ela descobre que o que acontece é nas turmas dos mais velhos. Ela fala com uma amiga e diz que o filho não foi a escola, mas a amiga diz ter visto ele entrar na escola. Começa o desespero dessa mulher. O carro está no conserto, são duas horas correndo até a escola e ela já está exausta. Ninguém consegue dar carona porque estão presos pela interdição. Ela consegue ajuda do mecânico que mora em frente a escola e ele confirma a caminhonete do filho no local.
Muito corajoso o filme falar sobre essa temática. Eu tinha lido Passarinha que é infanto-juvenil e fala pra esse público sobre a reconstrução da escola após uma tragédia dessas. Esse filme não julga. É só a mãe tentando saber pelo celular enquanto corre até a escola sobre o seu filho. Ela fala com policiais, até mesmo com o atirador. Não há julgamento, estranhamente o filme fala muito de amor. Ela está cheia de culpa porque anda com raiva do filho que está sendo difícil de lidar, uma porque é adolescente, outra porque está revoltado com a morte do pai. É uma família tentando superar uma grande perda, um pai amoroso que morreu. E aí precisam lidar com essa tragédia! Uma família que se perdeu pelo caminho. Que filme complexo. Naomi Watts está impressionante! Que atriz! O filme é praticamente só ela na floresta ao telefone. Nesse as outras pessoas só ouvimos as vozes, que filme! Provavelmente mais um filme realizado na pandemia, quando as pessoas não podiam se encontrar. Tínhamos dúvida se filmes com um ator só funcionaria e tenho visto filmes inacreditáveis com um único ator em cena como esse.
Assisti Raya e o Último Dragão (2021) da Disney. Que animação linda! Emocionada até agora! Muito utópica, mas linda. Eu quis ver pelo pôster que é lindo, não é esse que está na Disney, mas todos são lindos. Como Raya é linda, até mesmo criança. A direção é de Don Hall, Carlos López Estrada e Paul Brigs. O roteiro é de Qui Nguyen, Adele Lim e Paul Briggs. É uma delícia porque é bem Indiana Jones, uma aventura e tanto cheio de fases pra passar. A música é linda!
O pai da Raya é o maior gato. Raya é linda criança e jovem. Os povos estão separados, não há mais dragões, então ele tenta selar a paz, mas dá tudo errado. Os maus transformam as pessoas em pedras e acabam com a água.
Ela fica jovem e vai com seu bichinho, no deserto, atrás dos últimos fios de água com um mapa pra achar as pistas. Muito fantástico!
Em cada povo que Raya vai novas pessoas se juntam a eles. São ótimos os personagens. Muito divertido! Mas emociona também! Achei muito rápido o reencontro de cada um com sua família, com um pouquinho mais de tempo eu gostaria mais. Achei o final meio atropelado. Mas a animação é linda e emocionante!
Assisti Jurado nº 2 (2024) de Clint Eastwood no Max. Eu vi muitos elogios na internet, estava curiosa, mas acostumada com filmes em sequência, achei que esse era o segundo e não lembrava se tinha visto o primeiro. Até que um vislumbre de lucidez através da postagem de um conhecido, me toquei do fora e fui ver. Sim, é um bom filme de julgamento, mas bem tradicional, não muito original. O roteiro é de Jonathan A. Abrams e lembra bastante Doze Homens e uma Sentença com algumas variações.
O protagonista é intimado a ser jurado. Na prévia para a seleção dos jurados ele avisa que a esposa está no final da gravidez de risco e é ele que a ajuda. O machismo impede que eles o liberem. Cuidar de uma esposa no final de gravidez de risco é tão fundamental quanto ser jurado. Mas se tivessem deixado não teria o filme. Nicholas Hout está ótimo. Ela é Zoey Deutch e aparece menos já que o filme passa mais no julgamento.
No primeiro dia do julgamento, o protagonista entende o que aconteceu. Ele procura um conselheiro, Kiefer Sutherland, em sigilo que o orienta a se silenciar porque fatalmente seria preso por muitos anos. E é o que ele faz. Aí que começa a semelhança com Doze Homens e uma sentença. Ele é o único que diz que o homem é inocente. Eles começam então a conversar sobre o caso, em vez de votar rapidamente e finalizar a obrigação. Eu tenho que concordar com o protagonista, mesmo nós não sabendo nada, o homem estava sendo condenado pelo seu passado, porque não tinham provas, só suspeitas. O homem, Gabriel Basso, brigou com a mulher no bar, o dois estavam bêbados, chovia torrencialmente e era de noite. Ela resolve ir andando pra casa, ele sai logo depois de carro. Sim, poderia ter sido ele a matá-la, mas podia ter sido qualquer outra coisa. Alguns acham atropelamento, mas podia ter sido abordada e morta por outro homem. Um vê um homem na estrada fora do carro, mas pela chuva e escuridão, não daria pra reconhecer quem seria. Tudo era suposição. O homem foi condenado a prisão perpétua só por suposições. Li que queriam mostrar como a justiça é falha. Se a justiça dos Estados Unidos condena um homem sem provas, tenho que concordar. Os filmes e séries policiais americanas são bem criteriosos na investigação, bem diferente desse filme.
O rapaz quer que todos mudem o voto para inocente, então eles ficam argumentando. Todos votam conforme seus históricos, seus pré-conceitos. Quem foi injustiçado está tentado a achar o réu inocente, quem teve alguma tragédia por algum criminoso, quer culpá-lo. Praticamente todas as decisões são por questões pessoais e não fatos.
Pra piorar a advogada de acusação, Toni Collette, concorre a uma vaga como promotora, então ela tem todo o interesse em vencer para ajudar na promoção. Alguns outros do elenco são Cedric Yarbrough, J.K. Simmons e Chris Messina. O final fica em aberto. Muitos acostumados com filmes em sequência acham que o filme vai resultar em uma sequência. Eu acho que não já que é um filme de Clint Eastwood. Acho que a advogada quis deixar bem claro que ela sabia, uma forma de intimidar futuros crimes. Mas é puro achismo, como disse, o filme termina em aberto.