sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Recital de lançamento do livro Anna, a voz da Rússia

Fui ao recital de lançamento do livro Anna, a voz da Rússia - Vida e obra de Anna Akhmátova por Lauro Machado Coelho no Theatro São Pedro, em São Paulo. Anna Akhmátova foi uma importante poeta russa que viveu entre 1889-1966. O livro foi lançado pela Algol Editora. Foi uma belíssima apresentação, teatro lotado, platéia ilustre e acalorada.

No recital foi com os ótimos, a soprano Adélia Issa e o pianista Ricardo Ballestero. O programa tinha um difícil e belo repertório: Cinco Poemas de Anna Akhmátova opus 27 de Serguêi Prokofiev e Akhmátovoi (Para Akhmátova) – a última das Canções de Marina Tsvetáieva, opus 143a de Dmitri Shostakóvitch. Vocês sabem o quanto sou fã de Shostakóvitch e amei essa obra, de uma beleza incrível. Ainda interpretaram a obra inédita Música de Gilberto Mendes composta sob o poema de Anna Akhmátova. O compositor estava na platéia e estava muito emocionado.

Entremeando as canções tivemos a leitura do Réquiem, um Ciclo de Poemas de Anna Akhmátova, por Beatriz Segall. Na abertura, Sergio Casoy contou um pouco sobre a vida da poeta russa. Seu primeiro marido foi morto. Depois seu filho passou anos preso e esses poemas lidos falavam desse período que Akhmátova ficava por anos nas filas para visitar o filho na prisão. Os poemas são densos, tristes e conseguimos sentir o frio da Rússia, os portões, as chaves e os cárceres, inclusive os da alma.

Poema de Anna Akhmátova

À MUSA
Quanto, à noite, espero a tua chegada,
a vida me parece suspensa por um fio.
Que importam juventude, glória, liberdade,
quando enfim aparece a hóspede querida
trazendo nas mãos a sua rústica flauta?
Ei-la que vem. Soergue o seu véu,
olha para mim atentamente.
E lhe pergunto: "Foste tu quem a Dante
ditou as páginas do Inferno?". E ela: "Sim, fui eu".

Música do post: Prokofiev Sarcasms Op.17




Youtube: Анна Ахматова
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Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Hannibal - A Origem do Mal

Assisti Hannibal - A Origem do Mal (2007) de Peter Webber no Telecine Premium. O filme é baseado na obra de Thomas Harris. A produção é do Dino De Laurentis. Como esse filme deseja explicar os distúrbios do Hannibal no futuro, o Anthony Hopkins não atua nele. Quem interpreta seu personagem jovem é o Gaspar Ulliel. Gostei bastante do rapaz. Do filme, nem tanto. Eu tinha ouvido algumas críticas muito negativas dessa versão, mas era um dia sem opções, resolvi arriscar. É um filme bem feito, bem produzido, linda fotografia, mas o roteiro não é sutil, nem brilhante.

Acho que o grande pecado de Hannibal - A Origem do Mal é querer explicar tudo bem mastigadinho todos os distúrbios de nosso ídolo de O Silêncio dos Inocentes, o Hannibal Lecter. Tudo tem que ser explicado por um grande trauma na infância, que é parcialmente mostrado no início, mas revelado mesmo praticamente no final. O problema é que qualquer sinopse já conta esse mistério. As explicações são forçadas demais e bem tatibitati. O Hannibal fez assim, então o jovem terá um trauma igual assim. Insuportável!

Nosso jovem na infância, interpretado pelo bonitinho Aaron Thomas, está em um castelo com a família em um país na Segunda Guerra Mundial. Sua família toda morre em um ataque e ele fica com sua irmãzinha interpretada pela lindinha Helena-Lia Tachovská. Só consegue ficar mais explicativo e insuportável com a desculpa que arrumaram para encaixar a belíssima Gong Li na trama. Ela seria casada com um tio do Hannibal. Nosso protagonista consegue ir atrás dela. O tio já morreu na guerra e obviamente eles se apaixonam. E é aí, vejam que lindo, que ele aprende a cultura oriental e artes marciais. Forçado ao extremo. O momento dessa máscara é outro ridículo.

Hannibal - A Origem do Mal recebeu 2 indicações ao Framboesa de Ouro de Pior Desculpa para um Filme de Terror e Pior Prelúdio ou Sequência. Pena que não ganhou! Seria merecidíssimo!


Música do post: Lamb - Hannibal 001



Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ai de Ti, Copacabana!

Terminei de ler Ai de ti, Copacabana! (1958) de Rubem Braga. Comprei esse livro em um sebo da coleção Mestres da Literatura Brasileira e Portuguesa por R$ 12,00. Não é a obra dessa capa. Esse livro pode ser encontrado em qualquer livraria e achei vários novos disponíveis em livrarias virtuais. A faixa de preço é entre R$ 22,94 a R$ 31,00. Eu nunca tinha lido nada desse autor. Gostei demais, seu estilo de escrever é genial, seu humor especial. Rubem Braga retrata os lugares que viveu, em especial nessa obra, Chile e Rio de Janeiro, em crônicas curtas e divertidas. A única questão é que eu não sou apaixonada por crônicas. Tanto que li o livro anterior em paralelo. Sempre que um conto termina eu me frusto querendo mais. E no fim do conto, não consigo ler vários em seqüência. Como gosto de terminar um capítulo e ficar ansiosa pela sua continuidade, li em paralelo uma obra que me desse essa sensação.

Obra Rio Antigo (1969) de Di Cavalcanti

Rubem Braga gostava muito da natureza, ressaltava árvores dos seus caminhos, guardava residências não por seus números, mas pela árvore que ornamentava o local. O bom humor é outra característica. Seus textos são sempre muito inteligentes e divertidos. Só me incomodei a sua relação com os animais. Foram as crônicas que não gostei. Era uma relação antiqüada e com a superioridade do homem em relação aos animais que não vemos mais hoje em dia. Gostei muito também de suas crônicas sobre os concursos. Estranhamente parece que pouco mudou nesse segmento da década de 50 para cá. Anotei vários trechos de algumas crônicas, mas Rubem Braga é realmente para degustar.
Obra Pássaro (1958) de Aldemir Martins

Trechos de crônicas do livro Ai de ti, Copacabana de Rubem Braga:

A Corretora de Mar
“A mulher entrou no meu escritório com um sorriso muito amável e olhos muito azuis.”

Sobre o amor, desamor
“Ah, os casais de antigamente! Como eram plácidos e sábios e felizes e serenos...
(Principalmente vistos de longe. E as angústias e renúncias, e as longas humilhações caladas? Conheci um casal de velhos bem velhinhos, que era doce ver –os dois sempre juntos , quietos, delicados.Ele a desprezava. Ela o odiava.)”

Na rede
“Mas o sermão é longo, e a mim e ao leitor nos convém que a crítica seja curta.”

Todas as telas são de pintores brasileiros do período que foi lançado o livro.

Música do post: Vinícius de Moraes - No colo da serra





Beijos,


Pedrita

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Abertura das Olimpíadas de Pequim

Assisti a Abertura das Olimpíadas de Pequim (2008) na TV Globo. Até comecei zapeando entre o GloboNews e a TV Globo, mas gostei muito dos comentários na TV Globo, não zapeei mais. A abertura foi belíssima. A direção foi do magnífico Zhang Yimou. Amo esse diretor de cinema, amo seus filmes e foi exatamente a sensação que tive quando vi a abertura. A beleza estética dos seus filmes. Uns dias antes o 007 me ligou empolgado comentando que a abertura seria mais um dos belos filmes do diretor que ele igualmente ama.

Gostei muito de conhecer um pouco da história da China na abertura das Olimpíadas. E gostei das inserções dos apresentadores da TV Globo. É bem diferente conhecermos a história de um povo que existe muito antes de Cristo, enquanto a nossa história começou em 1500 depois de Cristo. Não sabia que na Revolução Cultural da China tudo do Confúcio foi destruído e ler seus textos foi proibido. E que atualmente eles tentam resgatar seus escritos. Essa imagem é dos discípulos de Confúcio. Pela TV Globo fiquei sabendo que um dos estímulos a China de hoje a obra de Confúcio é que um dos seus grandes ditados é sobre a obediência que os seus líderes atuais tanto buscam.
Me emocionei em vários momentos como os dos tambores e principalmente no acender a Tocha Olímpica, que perfeição e maestria. Me deu muita vontade de conhecer mais da história da China. Já li alguns livros e vi alguns filmes chineses, mas gostaria de conhecer mais. Tenho vontade inclusive de ler a biografia do Mao. Não sabia que detalhes dos Anos da Vergonha onde seus líderes enviaram todos os artistas, escritores e aqueles que eram da área cultural para as lavouras. Muito triste um país que ignorou por anos a sua cultura. Nas intervenções da TV Globo eles mencionaram entrevistas que fizeram, como ao pianista Lang Lang que se apresentou na cerimônia. Lang Lang disse que se preocupa muito com a juventude chinesa de hoje que é muito nacionalista e não aceita nenhuma argumentação de ponto de vista diferente.

Foi uma belíssima apresentação, emocionante! Que nossos atletas tenham ótimo desempenho e voltem vitoriosos!


Música do post: realchina
Youtube: Abertura das Olimpíadas 2008 - Tocha Olímpica em Pequim



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Beijos,

Pedrita

domingo, 10 de agosto de 2008

Frederica Van Stade

Assisti ao recital de Frederica Van Stade na Sala São Paulo. Essa mezzo-soprano americana é maravilhosa e gostei muito de vê-la no palco. O pianista foi o Jake Heggie. Essa apresentação é da série do Mozarteum Brasileiro. Gostei demais do recital e do repertório. Foi uma mágica apresentação. O programa era dividido em vários momentos: Rosas, Paris, Religião, Crianças, Shady Ladies e Moi, uma escolha pessoal da cantora.

Haviam várias belas canções de François Poulenc: Les Anges Musiciens, Voyage à Paris e Priez p our p aix. Essa última é um pedido de paz que Frederica Van Stade fez em um momento emocionado. Muito belíssima a composição de Strauss, Die erwachte Rose. De Fauré ela interpretou Les Roses d’Is p ahan. O pianista, Jake Heggie, (foto) também tinha uma composição no repertório, Don’t say a word (de Dead Man Walking).

A última parte com a escolha pessoal de Frederica tinham canções de musicais. Foi belíssima e emocionante a interpretação da lindíssima Send in the clowns (de A little night music) de Stephen Sondheim (foto). A última canção foi I am easily assimilated (de Candide) de Leonard Bernstein. Frederica Van Stade ainda voltou mais duas vezes ao palco para cantar duas canções no bis.


Antes da apresentação eu participei de uma aula educativa para formação de platéia ministrada pelo compositor e regente Sergio Chnee. Ele explicou o programa, falou das obras e ainda colocou algumas faixas para ouvirmos de algumas canções com outros intérpretes, inclusive com a Kiri Te Kanawa. Gostei muito!



Música do post: Judy Collins - Send In The Clowns



Youtube: Frederica Von Stade, Moon Song, Dvorak, Boston Ozawa






Beijos,


Pedrita