sábado, 3 de dezembro de 2011

Voz e Violão - Século XIX

Fui ao recital Voz e Violão - Século XIX com Adélia Issa e Edelton Gloeden na Biblioteca Mário de Andrade. Edelton Gloeden contou que em geral esse duo apresenta repertório de pesquisa recente, mais do século XX. Vocês sabem o quanto gosto conhecer obras recentes, de países diferentes, então adoro esse repertório que esse duo apresenta, na maioria das vezes raro, e em muitos casos com as primeiras audições no Brasil ou mesmo mundiais. Gostei muito desse recital, mas como ressaltei, não é o repertório que mais me instiga. Nesse repertório eles interpretaram obras de Schubert, Arcas, Beethoven, Giuliani, Sor, Tárrega, Carlos Gomes e Cândido Inácio da Silva. Fernando Sor, foto abaixo, inclusive era às vezes mencionado como o Beethoven do violão. Edelton Gloeden contou que o violão era um instrumento muito respeitado no passado, depois da chegada do piano é que ficou mais em segundo plano. No Brasil então piorou, em várias obras da literatura o instrumento ficou mal visto, como instrumento de boêmio e vagabundo. Adélia Issa comentou inclusive que recentemente um lugar não quis agendar uma apresentação de voz e violão porque queriam uma apresentação erudita, como se o violão não pudesse ser um instrumento de um repertório erudito. Esse é o penúltimo recital desse projeto. O último será dia 16 de dezembro, um Programa de Natal, não de canções natalinas, mas de obras que remetem ao tema, estou muito curiosa pra assistir, uma obra conheço e gosto muito. Esses recitais são sempre gratuitos.

Programa completo:


*  Transcrição de Anton Diabelli (1781-1858)

FRANZ SCHUBERT                            Das Fischermädchen (Henrich Heine)*
      (1797-1828)                                   Ungeduld (Wilhelm Müller)*


JULIÁN ARCAS                                  Andante para violão solo
  (1832–1882)

LUDWIG VAN BEETHOVEN              Andenken (Friedrich von Matthisson)*
          (1770-1827)                               Adelaide (Friedrich von Matthisson)*


MAURO GIULIANI                              Il Sentimentale para violão solo
    (1781-1829)                                    Le dimore amor non ama (Pietro Metastasio)


FERNANDO SOR         (foto)                     Estudo em Re Maior para violão solo
   (1778-1839)                                    Mis descuidados ojos
                                                           Se dices que mis ojos
                                                           Muchacha y la vergüenza


FRANCISCO TÁRREGA                   Prelúdio Nº 5 para violão solo
        (1852-1909)


ANTONIO CARLOS GOMES            Conselhos (Carlos Gomes) Transcrição de Edelton Gloeden

          (1836-1896)


CÂNDIDO INÁCIO DA SILVA           Lá no Largo da Sé Velha (Araújo Porto Alegre)
           (1800-1838)

Beijos,
Pedrita


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

The Spirit

Assisti The Spirit (2008) de Frank Miller no Maxprime. Eu gosto sempre de ver filmes baseados em quadrinhos. A minha infância foi regada de Mônica, Cebolinha e Tio Patinhas, me espantei quando vários anos depois me deparei com esse estilo de quadrinhos, sempre escuros, sanguinolentos e cheios de sensualidade. Não cheguei a ler nenhum desses na íntegra, mas folheei vários. The Spirit além desses itens tem ainda uma comédia irônica, mas é igualmente depressivo. Esses quadrinhos foram criados por Will Eisner na década de 40. Aos poucos vamos conhecendo a história de nosso protagonista. Visualmente é muito bonito e bem realizado. Eu tinha visto Sin City e 300 desse diretor e gostado muito.

The Spirit é um homem sozinho, há sempre muita narração dele enquanto ele anda por uma cidade que é quase de animação. O elenco tem grandes atores: Samuel L. Jackson como Octopus, Scalett Johansson como uma cientista maluquinha. A bela mulher pela Eva Mendes. O Spirit é interpretado por um ator que não conheço, Gabriel Macht. Outros do elenco são:  Paz Vega, Sara Paulson, Dan Lauria,  Stana Katic,  Johnny Simmons e Seychelle Gabriel.

Beijos,
Pedrita


terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Vagabunda

Terminei de ler A Vagabunda (1910) de Gabrielle Colette. Eu comprei esse livro daquela coleção de capa vermelha da Editora Abril. Os Imortais da Literatura Universal por somente R$ 2,00, em um sebo. Minha irmã também já leu. Eu demorei bastante para ler, mas minha curiosidade foi aguçada em ler essa obra depois que vi o filme Chéri que é baseado em outra obra dessa autora e comentei aqui. Nesse, nossa protagonista é uma mulher separada. Seu ex-marido é um pintor galanteador e ela cansou de suas traições. Ela é uma escritora e atriz dançarina. Vive sozinha, está acostumada a solidão, gosta da liberdade e tem receio de se casar novamente.

Obra Flores de Séraphine Louis

Trecho da obra A Vagabunda de Gabrielle Colette:

“Dez e meia... Estou pronta cedo demais outra vez. Não é sem razão que o meu colega Brague, que foi quem me ajudou a estrear na pantomima, me censure em termos pitorescos:
“-Maldita raça de amadores; é o cúmulo. Você deve ter o diabo no corpo.”



Beijos,
Pedrita


domingo, 27 de novembro de 2011

Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro

Assisti Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro (1998) de Sylvio Back no Canal Brasil. Vocês não imaginam como sonhava ver esse filme, achava inclusive que era mais antigo. Soube dele há uns anos e perdi uma vez que passou nesse canal. Todo o texto são os poemas de Cruz e Sousa. Esse filme é uma obra de arte, de beleza, interpretação, direção, fotografia, originalidade. Que beleza! Foi uma noite especial dedicada a Cruz e Sousa e a essa obra. Passou primeiro o filme e depois o making of. Logo no início passam escrito na tela um resumo da obra de Cruz e Sousa, todo o restante é relatado pelos poemas. Começa com Cruz e Sousa morto, em um vagão de carga no trem sendo trazido para ser velado no Rio de Janeiro. Cruz e Sousa estava vivendo, na verdade tentando sobreviver a uma tuberculose em Minas Gerais, mas não resistiu. É sua mulher que está com ele em todos os momentos.

Cruz e Sousa era filho de escravos alforriados. Foram os patrões dos pais que deram a ele todo o estudo e a formação que ele teve. O quanto é importante investir em formação e estudo para que as pessoas sem recursos possam prosperar ou mesmo se tornarem um gênio como esse poeta. Eu sempre amei os poemas de Cruz e Sousa. O poeta é interpretado brilhantemente por  Kadu Karneiro e sua esposa pela incrível Maria Ceiça. Obviamente que Cruz e Sousa sofreu muito preconceito, viveu praticamente na miséria.

O elenco todo é muito bom. Léa Garcia interpreta a mãe de Cruz e Sousa. Guilherme Weber é um dos amigos do poeta. Danielle Ornellas uma de suas musas, belíssima, inclusive é o primeiro filme que ela atua. Outros do elenco são: Carol Xavier, Jaqueline Valdívia, Luigi Cutolo, Marcelo Perna, Ricardo Bussy, Cora Araujo Ostroem,  Julie Phillipe dos Santos e João Pinheiro. Desse diretor eu vi outro incrível filme, outra biografia, a de Lost Zweig que comentei aqui. Também vi o maravilhoso Aleluia Gretchen, mas esse ficou nos blogs antigos.


FLOR DO MAR
Cruz e Sousa

És da origem do mar, vens do secreto, 

do estranho mar espumaroso e frio 
que põe rede de sonhos ao navio 
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto. 
Possuis do mar o deslumbrante afeto, 
as dormências nervosas e o sombrio 
e torvo aspecto aterrador, bravio 
das ondas no atro e proceloso aspecto. 
Num fundo ideal de púrpuras e rosas 
surges das águas mucilaginosas 
como a lua entre a névoa dos espaços... 
Trazes na carne o eflorescer das vinhas, 
auroras, virgens músicas marinhas, 
acres aromas de algas e sargaços...

Há outros poemas nesse trecho do filme no vídeo.



Beijos,
Pedrita