sábado, 1 de setembro de 2012

O Menino Que Sabia Colecionar

Li O Menino Que Sabia Colecionar (2012) de Edison Veiga da Panda Books. Li, porque livro infantil a gente lê, não termina de ler. É uma graça, as ilustrações são de Sandra Jávera. É sobre um menino que quer colecionar, ele não quer colecionar figurinhas, porque sempre aparecem umas repetidas. Gostei muito! O autor e a ilustradora também gostam de colecionar e eu também gosto de colecionar. Tenho inclusive uma coleção de marcadores de livros, mas esse livro não precisei de um marcador para ler. Gostei que o texto é inteligente, instigante, dá pra pensar, brincar, a edição é muito caprichada e bonita.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida

Terminei de ler Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida (2010) de Ignácio de Loyola Brandão da Editora Globo. Minha tia ganhou esse livro no aniversário, esperei um tempo e pedi emprestado. Uma amiga contou há muitos anos que a Ruth Cardoso era mais respeitada intelectualmente que o Fernando Henrique Cardoso por muitos da USP. Passei então a prestar a atenção um pouco na trajetória dela, mas foi o livro que aprofundou mais e me fez entender o que minha amiga havia dito.

Gostei da biografia, mesmo dizendo ser de fragmentos, trás muito da trajetória dessa socióloga e antropóloga. Ruth Cardoso nasceu em Araraquara, a mesma cidade de Ignácio Loyola Brandão. O escritor inclusive estudou com o pai da Ruth em uma escola na cidade. Os pais da Ruth eram professores. Ela que trouxe ao Brasil o conceito de voluntariado diferente do mais tradicional, o do comprometimento e envolvimento com a sociedade, não só o do assistencialismo, do enviar  cestas básicas, bem materiais, mas de unir a comunidade para buscar soluções aos seus conflitos.

Ruth  Cardoso nunca gostou do envolvimento político de Fernando Henrique Cardoso, mas quando ele foi eleito ela tinha se aposentado e aos poucos foi dando outro perfil ao antigo cargo de figuração anterior das Primeiras Damas. Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida mostra muito o lado cotidiano e feminino de Ruth, sua infância,  vida profissional, sua paixão por cozinhar, ela acaba sempre ensinando os amigos a cozinharem, achava que todos precisavam saber cozinhar, Jorge Caldeira foi um desses alunos.  Onde ia, conversava com todos, se misturava no cotidiano das pessoas, anotava o que podia, para seus estudos. Essas fotos estão no livro. São do acervo pessoal da família. Adorei o livro.

Trechos de Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida de Ignácio de Loyola Brandão:

“José dobrou a certidão, colocou-a num envelope, junto com o recorte do jornal, enfiou no bolso, desceu para casa.”

“Mariquita, na hora de matricular a filha numa escola, decidiu sem hesitar pela escola pública. Apesar de rodeada de todos os lados por parentes carolas e igrejeiros, ela pessoalmente não suportava a ideia de ter a filha numa instituição católica, daí o Colégio Progresso estar fora de questão.”

“Ruth nunca se preocupou com a questão de notas e esse sempre foi um dos princípios que ela passou em classe. Aprender e saber, conhecer e entender são uma coisa. Notas altas e baixas, outra.”

“Descobriu-se que na polícia havia inúmeras mulheres que tinham estudado, prestado concurso e não chegavam nunca a delegadas, estavam designadas para serviços burocráticos, encostadas pelos homens. Delegada mulher? Nem pensar. “





Beijos,
Pedrita

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Subway

Assisti em DVD Subway (1985) de Luc Besson. Ganhei esse DVD do 007. Nós adoramos a Isabelle Adjani e ele tem razão, ela está mais linda que nunca nesse filme. Outro que também está é o Christopher Lambert. Esse filme tem um perfil anarquista, bem da década que está inserido. Começa com nosso protagonista fugindo de uma perseguição, até que ele se esconde no metrô.

Uma mulher vai a sua procura. Ele se une a marginalidade que vive escondida nos caminhos do metrô. A polícia está sempre atrás de um patinador assaltante, ela pede que a polícia ache o outro, mas eles não acham ninguém. Ela acha facilmente o esconderijo no metrô, fica um tempo com eles, mas a polícia continua sem achar ninguém. É bem engraçado. Os figurinos e cabelos também. Alguns outros do elenco são: Richard Bohringer, Jean Reno, Jean-Hugues Anglad e Eric Serra

Beijos,
Pedrita

domingo, 26 de agosto de 2012

Desejo

Assisti em DVD a minissérie Desejo (1990) de Gloria Perez. Direção de Wolf Maia e Denise Sarraceni. Minha mãe me emprestou esse DVD, ela adora essa minisséries e tem várias, recentemente o marido de uma amiga também tomou gosto desses produtos e também vem adquirindo e vendo, eu gosto muito também. Esse é muito difícil de assistir, a Tragédia de Piedade como ficou conhecido é muito indigesta. É a história trágica da família de Euclides da Cunha. Sua mulher, Anna da Cunha, enquanto ele passa um ano no Acre, se apaixona por um rapaz de 17 anos e eles tem uma paixão fulminante. No começo achei que seria da parte desse rapaz, Dilermando de Assis, uma paixão juvenil, mas mesmo ele passando um ano no Rio Grande do Sul, ele volta para ela e esse vai e vêm é constante. Eles vivem 18 anos esse amor, não era só uma paixão juvenil, era realmente um grande amor.

Ana viveu com Euclides da Cunha uns 20 anos, foi feliz a moda antiga. Ele um homem austero e mais frio, ela uma mulher emotiva e intensa. Ela vive esse romance extra conjugal anos, tinha realmente duas casas e já filhos com os dois. Mas mesmo hoje uma mulher teria que largar tudo para viver um romance. O rapaz, de 17 anos, mesmo com 20, não teria condições financeiras de assumir o seu amor e seus 4 filhos, um dele já. Então essa mulher acaba ficando com os dois. Euclides, depois de ir para a Guerra de Canudos, fica querendo fazer algo pelos desvalidos e sua obsessão pelo trabalho o leva ao Acre. Sua esposa passa então muitas dificuldades financeiras e vai viver em uma pensão onde conhece Dilermando. Euclides fica obcecado pelos seus estudos e livros e a solidão da mulher facilita esse amor. Mas deve ter sido intenso, eles passam tantos horrores e mesmo assim perdoam e permanecem juntos. Foi uma minissérie difícil de ver, levei muito tempo para assistir. Me incomodava muito tantos segredos e quando veio a violência não melhorou. Tanta disseminação de ódio por tantos anos, tanta violência, desatino,  muito triste.

Dificilmente, até mesmo hoje, uma mulher teria coragem de largar os filhos pra trás e viver esse amor. Sem saída, sem independência financeira, ela acaba traindo por anos o marido, que quando tem certeza, ele sempre teve dúvida, já que "seu" último filho era loiro, ele vai defender sua honra. Dilermando era premiado em tiros no exército. Não tinha ideia que foi um tiroteio. Transtornado, Euclides, possivelmente em febre, já que estava com tuberculose avançada, atirou inclusive no irmão de Dilermando. Como alguém lava a honra atirando em um inocente? E essa ideia de lavar a honra é machista demais. Dilermando se defende e em vez de só fazer Euclides parar, atirando em mãos ou pernas, atira muitas vezes e mata o famoso Euclides. Começa então um interesse absurdo da imprensa sensacionalista, e um ódio absurdo de parentes de Euclides que insuflam de forma criminosa os filhos de Euclides ao ódio e a vingança. E não só no período do trágico tiroteio, mas por anos a fio. Anna casa com Dilermando, tem 6 filhos com ele. Fora os seus 3 filhos com Euclides, fora os dois filhos que perdeu, um de cada um. Até que, adulto, um filho do Euclides atira muito em Dilermando que igualmente perde a cabeça e atira muito, inclusive na cabeça do filho de Ana que depois perdoa o amado e voltam a viver juntos. É uma triste parte de nossa história, de vidas cheias de ódio, vingança e uma ideia equivocada de honra. Raras são as mulheres que vão defender sua honra atirando nas amantes de seus maridos, não entendo essa ideia machista de que alguém precisa matar o outro para não ser corno. País atrasado e machista. Fiquei chocada também com a convivência dos filhos com Euclides tuberculoso, ele tossia, cuspia sangue e os filhos por ali. Os filhos de Anna viviam muito doentes e conviviam demais com um pai tuberculoso que fumava muito, escrevia muito e mal se cuidava. Vera Fischer está linda como Anna, Dilermando é Guilherme Fontes, Euclides da Cunha o incrível Tarcísio Meira.

Os filhos de Ana são só atores ótimos, em início de carreira, ou mesmo crianças como Marcos Palmeira, Marcelo Serrado e Caio Junqueira. Marcos Winter faz o irmão de Dilermando, outro que sofreu as consequências nefastas daquele tiroteio. Ele era jogador de futebol, ficou incapaz para jogar pela cirurgia que tirou a bala que Euclides colocou em suas costas, foi morar na rua e ficou alcoolatra até se jogar no mar. Deborah Evelyn faz a irmã de Ana, Natlhália Timberg a mãe, Thaís de Campos a cunhada. Léa Garcia a empregada. Outros ótimos atores participam da minissérie: Claudio Cavalcante, Leonardo Villar, Eliane Giardini, Vera Holtz, Vera Zimmerman, Hélio Ary, Wolf Maia, Carlos Gregório, Luíz Salem, Thelma Reston, Enrique Diaz, Carolyna Aguiar, Eri Johnson, Nildo Parente e Edney Giovenazzi.   A pesquisa para a realização da minissérie Desejo foi extensa, aparece nos créditos que pesquisaram os processos criminais do inventário de Euclides da Cunha, o livro da filha da Ana com Dilermando, Judith, Ana de Assis, os jornais da época que estão na Biblioteca Nacional, os livros de Dilermando de Assis, Um Nome, Uma Vida e Uma Obra, Conselho de Guerra e Tragédia da Piedade. o livro de Elói Pontes, Vida Dramática de Euclides, o do Silvio Rabello, Euclides e o de Umberto Peregrino, Desastre Amoroso de Euclides da Cunha. Só pela bibliografia vemos o quanto tragédias interessam ao mercado ávido por esse tipo de notícia. Enquanto alguns brasileiros incríveis não tem uma única biografia, essa tragédia tem várias.



Beijos,
Pedrita