Ana viveu com Euclides da Cunha uns 20 anos, foi feliz a moda antiga. Ele um homem austero e mais frio, ela uma mulher emotiva e intensa. Ela vive esse romance extra conjugal anos, tinha realmente duas casas e já filhos com os dois. Mas mesmo hoje uma mulher teria que largar tudo para viver um romance. O rapaz, de 17 anos, mesmo com 20, não teria condições financeiras de assumir o seu amor e seus 4 filhos, um dele já. Então essa mulher acaba ficando com os dois. Euclides, depois de ir para a Guerra de Canudos, fica querendo fazer algo pelos desvalidos e sua obsessão pelo trabalho o leva ao Acre. Sua esposa passa então muitas dificuldades financeiras e vai viver em uma pensão onde conhece Dilermando. Euclides fica obcecado pelos seus estudos e livros e a solidão da mulher facilita esse amor. Mas deve ter sido intenso, eles passam tantos horrores e mesmo assim perdoam e permanecem juntos. Foi uma minissérie difícil de ver, levei muito tempo para assistir. Me incomodava muito tantos segredos e quando veio a violência não melhorou. Tanta disseminação de ódio por tantos anos, tanta violência, desatino, muito triste.
Dificilmente, até mesmo hoje, uma mulher teria coragem de largar os filhos pra trás e viver esse amor. Sem saída, sem independência financeira, ela acaba traindo por anos o marido, que quando tem certeza, ele sempre teve dúvida, já que "seu" último filho era loiro, ele vai defender sua honra. Dilermando era premiado em tiros no exército. Não tinha ideia que foi um tiroteio. Transtornado, Euclides, possivelmente em febre, já que estava com tuberculose avançada, atirou inclusive no irmão de Dilermando. Como alguém lava a honra atirando em um inocente? E essa ideia de lavar a honra é machista demais. Dilermando se defende e em vez de só fazer Euclides parar, atirando em mãos ou pernas, atira muitas vezes e mata o famoso Euclides. Começa então um interesse absurdo da imprensa sensacionalista, e um ódio absurdo de parentes de Euclides que insuflam de forma criminosa os filhos de Euclides ao ódio e a vingança. E não só no período do trágico tiroteio, mas por anos a fio. Anna casa com Dilermando, tem 6 filhos com ele. Fora os seus 3 filhos com Euclides, fora os dois filhos que perdeu, um de cada um. Até que, adulto, um filho do Euclides atira muito em Dilermando que igualmente perde a cabeça e atira muito, inclusive na cabeça do filho de Ana que depois perdoa o amado e voltam a viver juntos. É uma triste parte de nossa história, de vidas cheias de ódio, vingança e uma ideia equivocada de honra. Raras são as mulheres que vão defender sua honra atirando nas amantes de seus maridos, não entendo essa ideia machista de que alguém precisa matar o outro para não ser corno. País atrasado e machista. Fiquei chocada também com a convivência dos filhos com Euclides tuberculoso, ele tossia, cuspia sangue e os filhos por ali. Os filhos de Anna viviam muito doentes e conviviam demais com um pai tuberculoso que fumava muito, escrevia muito e mal se cuidava. Vera Fischer está linda como Anna, Dilermando é Guilherme Fontes, Euclides da Cunha o incrível Tarcísio Meira.
Os filhos de Ana são só atores ótimos, em início de carreira, ou mesmo crianças como Marcos Palmeira, Marcelo Serrado e Caio Junqueira. Marcos Winter faz o irmão de Dilermando, outro que sofreu as consequências nefastas daquele tiroteio. Ele era jogador de futebol, ficou incapaz para jogar pela cirurgia que tirou a bala que Euclides colocou em suas costas, foi morar na rua e ficou alcoolatra até se jogar no mar. Deborah Evelyn faz a irmã de Ana, Natlhália Timberg a mãe, Thaís de Campos a cunhada. Léa Garcia a empregada. Outros ótimos atores participam da minissérie: Claudio Cavalcante, Leonardo Villar, Eliane Giardini, Vera Holtz, Vera Zimmerman, Hélio Ary, Wolf Maia, Carlos Gregório, Luíz Salem, Thelma Reston, Enrique Diaz, Carolyna Aguiar, Eri Johnson, Nildo Parente e Edney Giovenazzi. A pesquisa para a realização da minissérie Desejo foi extensa, aparece nos créditos que pesquisaram os processos criminais do inventário de Euclides da Cunha, o livro da filha da Ana com Dilermando, Judith, Ana de Assis, os jornais da época que estão na Biblioteca Nacional, os livros de Dilermando de Assis, Um Nome, Uma Vida e Uma Obra, Conselho de Guerra e Tragédia da Piedade. o livro de Elói Pontes, Vida Dramática de Euclides, o do Silvio Rabello, Euclides e o de Umberto Peregrino, Desastre Amoroso de Euclides da Cunha. Só pela bibliografia vemos o quanto tragédias interessam ao mercado ávido por esse tipo de notícia. Enquanto alguns brasileiros incríveis não tem uma única biografia, essa tragédia tem várias.
Beijos,
Pedrita
Eu assistir e adorei!!Bjs.Sandra
ResponderExcluirPedrita, eu assisti à minissérie na época em que foi ao ar. É uma história muito triste. É uma obra muito bem realizada, mas é pesado por sabermos que é história real. Amor como o de Anna e Dilermano é coisa rara, pena que as circunstâncias e o machimo fizeram este amor gerar tantas tragédias.
ResponderExcluirBeijos
É uma ótima minissérie, já assisti.
ResponderExcluirPedrita, me lembro vagamente desta série.
ResponderExcluirQuer dizer que foi a própria história do autor? Nao sabia disso.
Me lembro que foi muita violência, talvez por isso nao tenha assistido por completa a série.
Bjao
patry, é muito triste mesmo.
ResponderExcluirgeorgia, é baseado na história de euclides da cunha e na tragédia de sua família.