Nosso protagonista é um escritor medíocre e é contratado por um possível serial-killer para escrever sobre os assassinatos de mulheres. Nós, nem o escritor, temos a certeza se realmente quem o contrata é verdadeiramente o serial-killer. O que mais gostei são os textos sobre a arte de escrever, a inspiração, a mediocridade da escrita, editores. Há pensamentos bem diferentes sobre a visão das formas de escrever do "serial-killer", do escritor, de uma antiga namorada do escritor que selecionava textos em editoras. São textos irônicos sobre o mercado de consumo literário, a arte ou a falta de arte ao escrever, oportunismo. Gostei muito!
Obra de BalthusAnotei alguns trechos de Um lugar entre os vivos de Jean-Pierre Gattégno:
“Eu sou o filho da noite medieval e da noite nova-iorquina.”
“Se o leitor não fosse fisgado desde as primeiras linhas, tudo estaria perdido, ele fechava o livro e ia atrás de outro. Essa idéia o desnorteou. Mas era evidente: as prateleiras das livrarias estão abarrotadas de livros. Há entre eles uma guerra desencadeada a golpes de incipit. Primeiras linhas contra primeiras linhas. Desde o começo, em duas frases incisivas, percucientes e corrosivas, deve-se pegar o leitor com uma bela ação, criar uma atmosfera, envolvê-lo com algumas personagens e deixá-lo morrendo de vontade de saber o que vem depois.
A batalha, geralmente, se ganha com duas frases...”
“Sempre que nos pomos a escrever um livro – começou ele em um tom exaltado, um tom que se percebia o rancor-, pensamos que vai arrebentar. Nas primeiras páginas, é o entusiasmo, estamos certos de que ninguém jamais escreveu coisa melhor. Pensamos na glória, na riqueza, nos vemos nos jornais, na televisão, nas livrarias, por toda a parte. Mas, ao final de alguns dias, ou de algumas semanas, perdemos o fôlego, descobrimos que chafurdamos no nada, nos atrapalhamos com as palavras, que não sabemos mais como continuar.”
As telas são de pintores franceses.