Ouvi o CD Carambola (2003) com Fernando Dissenha no trompete e Carlos Assis ao piano. Que lindo CD! Adoro trompete e que belíssima obra de Raimundo Penaforte, Sweet New York. Depois eles interpretam Divertimento para Trompete e Piano de Hudson Nogueira. Seguem com a belíssima Sonata de Osvaldo Lacerda, o andante dessa obra é maravilhoso. Que obra de difícil execução. Que preciosismo de interpretação. Desse mesmo compositor, linda também a Rondino.
Bonita a Contradança de Alexandre Brasolim de Magalhães. O CD finaliza com a obra que deu nome ao disco, Carambola de Raimundo Penaforte, compositor que estou aprendendo a conhecer e adorando. Fernando Dissenha é trompete solo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Carlos Assis é do Paraná onde leciona música.
Assisti Ladra de Banco (2013) de Christian Alvart no Max. Agora eu tenho gravado os filmes. Eu olho pelo controle remoto, escolho algum pra gravar e escolho depois do pequeno acervo que já tenho. No fim de semana até me atrapalhei encavalando filmes. Agora já entendi como funciona. Ladra de Banco é sobre a primeira ladra de banco mulher inspirada na vida de Gisela Werler na década de 60.
Ela desafiou a polícia que fazia um perfil muito diferente de quem poderia ser essa mulher. É incrível como esse filme é feminista. A polícia inicialmente achou que a mulher seria uma prostituta, não podiam imaginar que ela era uma operária tímida, que teve pouco namorado, dedicada aos pais pobres. Ela tinha um pai vítima da guerra que não sabemos se era austero porque perdeu a perna na guerra ou porque era realmente um homem difícil, grosseiro. A forma como tratava a mãe dela é horrível.
A Ladra de Banco não parecia uma mulher ambiciosa e vaidosa. Ela vestia macacões para trabalhar na fábrica, cuidava do pai doente, ajudava a mãe. Mas ela olhava as mulheres e as revistas. Ela se realiza muito quando é capa de jornal pelo assalto e pelas lindas pernas. Fazem um belo desenho da bela ladra e ela fica fascinada de sair do anonimato. Ela acaba sendo presa com o seu comparsa depois de roubar muitos bancos. Ele era casado, mas eles tinham um romance. Ele assume a culpa para que ela fique menos tempo na prisão e eles se casam depois. Achei fascinante essa história. Gostei muito dos atores, ela é interpretada muito bem por Nadeshda Brennick e ele por Charlie Hübner.
O policial é interpretado por Ken Duken. O outro comparsa por Andreas Schmidt.
Assisti Mindscape (2013) de Jorge Dorado no TelecinePlay. No Brasil está como Regressão. Eu adoro esse gênero e gostei bastante desse filme.O diretor é espanhol e é um co-produção entre Espanha, Inglaterra, Estados Unidos e França. Adoro o Mark Strong. Ele trabalha em uma empresa onde eles entram na mente das pessoas para investigar assassinatos, histórias do passado, políticos. Ele acaba misturando a vida dele em um desses trabalhos e fica afastado um tempo. Precisando de dinheiro procura a empresa que o designa a tentar entender a mente de uma adolescente. Ela está fazendo greve de fome e ele tem que fazer ela voltar a comer. Ele também precisa saber se ela tem traumas, sofre de desvios de comportamento.
Ela volte e meia vive internada em instituições. Tem um QI altíssimo. Mindscape é um filme muito bem realizado, inteligente. A menina é interpretada por Taissa Farmiga, irmã da Vera Farmiga, atriz que gosto tanto. O filme é praticamente os dois. No elenco ainda estão: Indira Varma, Brian Cox, Noah Taylor, Jessica Barden, Antonia Clarke, Saskia Reevers e Richard Dillaine.
Fui a apresentação em Homenagem ao compositor Almeida Prado promovido pelo Quaternaglia no Sesc Pinheiros. O quarteto de violões interpretou a XIV Variações sobre o tema de Xangô, tema recolhido por Mário de Andrade que está no CD Xangô lançado pelo grupo. O Quaternaglia é formado por Chrystian Dozza, Fabio
Ramazzina, Thiago Abdalla e Sidney Molina. Adoro esse grupo. Crédito da foto: Gal Oppido
Para essa apresentação o grupo convidou a pianista Helenice Audi e a violinista Constança Almeida Prado. Inicialmente Helenice interpretou o Noturno nº 4 de Almeida Prado. Depois o duo interpretou Sonata n.4
para violino e piano de Almeida Prado.
Gostei muito também das obras que o Quaternaglia interpretou com Ari Colares na percussão,Maracatu da Pipa e Frevo e Fuga de Paulo Bellinati ficou muito bonito. O Quaternaglia ainda tocou outras faixas do CD, A plateia era toda ilustre, estavam lá três compositores das obras interpretadas: Ronaldo Miranda, Paulo Bellinatti e Sergio Molina. Seguem as outras obras do programa:
Ronaldo Miranda (1948) Suíte n. 3 (1973)
arranjo: Chrystian
Dozza (I- Allegro / II-Allegretto / III-Lento / IV-Allegro gracioso) Heitor Villa-Lobos (1887-1959) Bachianas
Brasileiras n.9 (1945) arranjo: Thiago Tavares (I-Prelúdio / II- Fuga) Almeida Prado (1943-2010) XIV
Variações sobre o Tema de Xangô (1961-2003)
com Quaternaglia Sérgio Molina (1967) Canção sem fim (para
sons sem palavras) (2014) - estreia no Brasil Chrystian Dozza (1983) Sobre um tema de Gismonti
(2012) João Luiz (1979) Kirsten - toada (2014)
Assisti ao documentário Em Quadro (2009) de Luiz Antonio Pilar no Arte 1. Estava começando esse documentário, adoro os atores, e assisti. É muito bom! Em Quadro entrevista quatro importantes atores negros que adoro: Zezé Motta, Milton Gonçalves, Léa Garcia e Ruth de Souza. Muito interessante como cada um lidou e atuou nas produções, Alguns mais engajados, outros nem tanto, uma grande e fascinante diversidade.
Gostei que cada um foi entrevistado individualmente. Zezé Motta contou que onde estudava e morava a maioria era branca, então ela queria o cabelo liso. Quando foi aos Estados Unidos com peruca chanel ficaram horrorizados e foi aí que ela passou a usar o cabelo como é o dela mesmo. Na época se usava muito cabelo black power e foi assim que ela usou nesse período.
Quase todos falam do quanto gostaram de fazer o filme Filhas do Vento que gostei muito e comentei aqui. Contam que é um filme sobre uma família, suas dificuldades onde todos são negros. Mas não é um filme sobre racismo. E sim sobre uma família qualquer, que poderia ser de qualquer país.
Alguns dão depoimentos. Gosto demais do pesquisador Joel Zito Araújo que conseguiu resumir algo que tenho tentado dizer para amigas sem sucesso. Ele disse que o negro é escolhido para a dramaturgia para falar de negritude, e que o branco para humanidade. Eu penso assim. O negro é escalado para falar de racismo, preconceito. Só na TV Record acabei vendo novelas onde os atores eram escolhidos pelos personagens independentes de serem negros e brancos. Independente de serem ricos ou pobres. Ando bem cansada na TV Globo com a segmentação que criam. Se vai ter comunidade na novela, serão na maioria negros. Os brancos no asfalto. E só falam de negritude, racismo. E não personagens humanos sobre questões ampliadas. Não vejo a hora desse círculo vicioso se quebrar.
Milton Gonçalves falou bastante de cinema. Falou de Grande Otelo, do filme Macunaíma. Falaram muito também do filme com ele, Rainha Diaba de 1974 que não vi. O diretor Antônio Carlos Fontoura contou como foi. Milton Gonçalves foi apresentado ao roteiro. Vendo o quanto era forte, consultou o filho se ele aceitaria, e o filho aceitou e ele fez. Milton Gonçalves disse que gosta de interpretar bandidos.
Ruth de Souza atuou muito em filmes da Vera Cruz e comentou sobre Sinhá Moça que comentei aqui. Os cineastas Roberto Farias e Cacá Diegues também dão depoimentos. Cacá Diegues fala inclusive do belíssimo filme O Maior Amor do Mundo com a Léa Garcia e claro, Zezé Mota e Diegues falam muito do filme Xica da Silva de 1976 que também quero ver eu só vi a novela da TV Manchete. Não sei se concordo com o samba da abertura. Acho que reforça esteriótipos. Eu vi outro documentário sobre os negros nas artes, A Negação do Brasil, que igualmente gostei muito e comentei aqui.
Assisti a peça Fando e Lis da Faz Centro de Criação no Espaço Parlapatões. A excelente direção é de Erika Barbosa. O roteiro é livremente inspirado no texto do espanhol Fernando Arrabal que era mestre no surrealismo, gênero que adoro. Amei o espetáculo. Fando e Lis é um casal que segue para TAR. Tanto o casal como um outro trio nunca conseguem chegar, parece que sempre voltam ao mesmo ponto.
Incrível como o texto parece atual. Fando parece frágil e inseguro, mas aos poucos vemos o quanto ele é violento com Lis que reclama e Fando pede perdão, mas logo depois vai agredir novamente. A violência é uma rotina no comportamento de Fando. No outro trio dois filosofam, enquanto Toso parece ser o único com pensamento realista. Gostei da peça não definir os gêneros, Fando é interpretado por Gisa Guttervil, Lis por Lorena Garrido, as duas estão excelentes.
Gostei muito também dos três atores que fazem Mitaro, Namur e Toso: Luciano Sevla, Billy Eustáquio e Marília Adamy. Amei os figurinos de Milton Fucci e a visagismo de Ana Ariosa, que ficou muito andrógeno. Fando e Lis fica em cartaz no Espaço Parlapatões até 2 de outubro.
Assisti Trash (2014) de Stephen Draldy no Telecine Premium. Estreou na semana passada na tv a cabo e por sorte eu coloquei pra gravar já que tinha um evento. Esse filme não entrou no TelecinePlay. Eu queria muito ver esse filme quando esteve em cartaz nos cinemas. Vi algumas matérias e queria muito ver. É absolutamente incrível por vários aspectos! Primeiro, é um filme de suspense muito bem realizado, ficamos agoniados o tempo todo. Segundo, por ser um grande filme social, sem ser panfletário. Me assustou o realismo do filme. E terceiro porque os meninos não-atores arrasam. Trash é baseado no livro de Andy Mulligan.
O filme é desses meninos. O roteiro é muito inteligente. Wagner Moura aparece muito pouco. Antes de ser pego ele joga uma carteira em um caminhão de lixo. Um desses meninos acha no lixão, pega o dinheiro, divide com o amigo e guarda a carteira. Vai olhar depois com calma e descobre que a polícia está atrás da carteira. Selton Mello faz um policial que oferece pagar mil reais pela carteira. Os meninos vivem no lixão e não consideram a polícia parceira e desconfiam. Se um policial quer tanto por uma carteira, algo deve ter. Se juntam aos dois amigos um outro que mora no esgoto. E que meninos inteligentes. Eles vão desconfiando e investigando, vão ao computador, e vão descobrindo os mistérios e cada vez mais se colocando em perigo. Os meninos arrasam:Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein. Os três meninos não eram atores. Eles foram achados em lugares diferentes, em escola de samba e na Rocinha. Trash mostra o triste destino de crianças sozinhas que ficam completamente desprotegidas por não terem quem lute por eles. Tantos filmes que mostram como os órfãos viviam no passado, Trash mostra que pouco mudou a vida de quem não tem reclame por eles.
Lindos os princípios desses meninos, a solidariedade. Dão um banho de cidadania. No lixão um padre e uma ativista os ajudam e são interpretados por Martin Sheen e Rooney Mara. O político por Stepan Nercessian. Muitos atores fazem participações: Teca Pereira, Nelson Xavier, José Dumont, Leandro Firmino da Hora, André Ramiro, Charles Paraventi, Júlio Andrade, Enrique Dias, Jesuíta Barbosa, Adriano Garib e Gisele Fróes.