Hoje, dia 4 de março, o livro A Pedra Encantada faz 3 anos de existência, a mesma data de aniversário da Editora Dedo
de Prosa. Como é esse livro que traz a protagonista com o meu nome, resolvi
comemorar a data também e entrevistar o autor Gil Veloso.
Na foto Gil Veloso com a gatinha Canja-canjica. Crédito da foto: Dan de Faria.
1- Quando criança você lembra o que
queria ser quando crescesse?
1- Da época
de criança lembro de uma coisa estranha, de ter 8 anos e não querer sair desta
idade, fazer 9, 10... Um certo apego a sei lá o quê. Recordo-me até do dia e
de onde estava quando tive tal vontade, bastante esquisita, convenhamos. Se bem
que de certo modo até hoje não abandonei completamente meus 8 anos, rs. E agora
já estou mais para os 80. Mas acho que isso não é resposta a sua pergunta.
Eu
quis ser muitas coisas, jogador de futebol e quando jovem, cantor, locutor de
rádio -minha juventude inteira foi sintonizada em alguma rádio- Mas o que mais
desejava ser era artista de circo, trapezista. Até hoje sou fascinado por
circo.
2- Quando resolveu ser
escritor?
2- Nunca
resolvi ser. Acho mesmo que nem sou. Escrevo, é fato, mas isso é apenas um
detalhe, não devoto ou dedico pra isso espaço especial no dia a dia. Talvez
tudo ocorra como na Metamorfose, o sujeito acorda e se vê transformado num
inseto... Então acho que ainda não me transformei num inseto, rs.
3- Por que escrever livros
infanto-juvenis?
3- Escrevi
alguns livros e algumas pessoas acharam que alguns deles são infanto-juvenis.
Então deixei que sejam. Deve isso ter a ver com aqueles meus 8 anos, vai ver que
escrevo para agradar aquele menino dos eternos 8 anos.
4- Quando surgiu a ideia de escrever
o livro A Pedra Encantada e como chegou ao nome da Pedrita?
4- Foi
assim: de repente andei distraído e me senti uma menina que gostava de
colecionar pedras. E ela ficava como que me soterrando com pensamentos e ideias
de pedras-palavras e quando percebi havia construído uma história para tal
menina, que nem nome tinha. Pedrita era o apelido e apareceu de repente, mas não
fui eu que a chamei assim. Foram os outros personagens que a apelidaram Pedrita.
O seu verdadeiro nome apareceu só no fim, um pouquinho antes do ponto
final.
5- E como chegou na ilustradora Nara
Amélia?
5- Vi
uma exposição no Centro Cultural São Paulo e pensei: quero esta artista
ilustrando o meu livro! Eu não sabia quem era, onde morava nem nada. Então
descobri, mandei e-mail... e ela aceitou.
6- Você tem uma ideia do público que
lê os seus livros?
6- Não
tenho exatamente o que se poderia chamar de "público". Eu acho que ninguém lê,
quero dizer, uma meia dúzia ou meia dúzia e meia deve ter lido... o que já está
de bom tamanho. A estes agradeço e serei eternamente grato.
7 - Quanto
livros publicou pela Dedo de Prosa e como é a sua relação com a
editora?
Tenho 3 livros com a Dedo de Prosa, o primeiro foi este A Pedra
Encantada, o segundo foi O menino Arteiro, com artes do Guto Lacaz, e o terceiro
Pois ia brincando... com desenhos do Alex Cerveny.
A Pedra
Encantada, com a personagem Pedrita, inaugurou a editora, que agora faz 3 anos,
ou seja, foi a pedra fundamental, um tanto bíblica, não? Na tradição cristã,
pedra, petros, aquele que abre, que recebe as chaves... e simbolicamente tem o
papel de iniciação, laços com a alquimia etc. Talvez também por isso Pedrita é
toda mística e o livro é feito um ritual de passagem, iniciático. Claro que nada
disso foi intencional. Apenas a intuição encontrou espaço para se expressar;
assim é minha relação com a Dedo de Prosa.
Fiz também algumas perguntas com a
editora Silvia Fernandes da Dedo de Prosa
Quando surgiu a
ideia de fundar a Dedo de Prosa?
Fui professora
durante 20 anos. Depois da aposentadoria, utilizei minha experiência para
conceber uma editora, com publicações destinadas a alunos e professores do
Ensino Fundamental e Médio.
Qual era o sonho
inicial e como se formaliza hoje?
O objetivo é
colocar ideias desafiadoras no papel. A meta, estabelecer intercâmbio constante
de práticas e reflexões. Os resultados foram gratificantes. Mas isso é apenas o
começo...
Como conheceram
o Gil Veloso?
Duas pessoas,
profissionais da área de música, nos aproximaram. No primeiro encontro, Gil
apresentou o texto da Pedrita e leu alguns de seus poemas. Total empatia! Hoje,
há 3 títulos de Gil Veloso no catálogo da Dedo de Prosa. Trabalho conjunto com
harmonia e emoção.
Não sei se o blog Mata Hari e 007
passará a ter entrevistas, mas resolvi essa primeira.
Beijos,
Pedrita