sábado, 25 de março de 2023

A Vida Eletrizante de Louis Wain

Assisti A Vida Eletrizante de Louis Wain (2021) de Will Sharpe no TelecinePlay. Eu não fazia ideia de quem era Louis Wain, foi um dos primeiros ilustradores de gatos. Que história linda! Que filme lindo!

Adorei conhecer a história de Louis Wain interpretada brilhantemente por Benedict Cumberbatch. É muito bom ver histórias de pessoas fora do convencional, ainda mais no dias de hoje, onde são inúmeros os vídeos de cinco ou três passos pra isso e aquilo, pra deixar de ser isso e aquilo com fórmulas mágicas. E uma forte descredibilização ao diferente. Ele era multitarefas, tinha muitas irmãs e todas dependentes dele, então ele fazia de tudo, nem sempre muito bem em algumas funções. Tinha um fascínio pela eletricidade, como muitos na época. E desenhava muito que era do que vivia e sustentava as irmãs.

A mais velha (Andrea Riseborough) passou a cuidar das mais novas e sugeriu uma governanta, a linda e talentosa Claire Foy. Infelizmente as irmãs não tentaram casar, parecia que tinham uma codependência muito forte e quando o irmão assumiu uma governanta, as chances de casamento só pioraram. Jane Austen sempre diz em suas obras a importância de casar as mulheres pelo peso financeiro que representariam no futuro e infelizmente é o que acontece com a família dele.
Que vida difícil que ele teve. Um pouco depois de se casar a esposa descobriu que tinha um câncer de mama terminal. É quando acham um gato no quintal e ele passa a desenhá-los. Estimulado por ela, ele passa a ganhar dinheiro com os desenhos dos gatos. Os desenhos passam a estimular as pessoas a ver os gatos como animais domésticos. Após a morte da esposa, sustentando as irmãs, ele descobre que não tinha registrado os gatos e que tinham inúmeros por aí. E a situação financeira volta a piorar. As irmãs nunca se casam. Uma que tem esquizofrenia precisa ser internada, o que termina de vez a atrapalhar a possibilidade de casamento das irmãs.
Ele começa a ficar delirante, tinha esquizofrenia também, e passa seus últimos 15 anos de vida em instituições psiquiátricas. Continua desenhando, mas seu estilo muda e surgem os olhares gigantes nos gatos. Criam uma instituição, levantam fundos, pra que ele siga para um local de internação melhor, saindo da indigência, onde os internos possam ter gatos, que tenham acesso ao ar livre e uma vida melhor. Os desenhos dos gatos são lindos e ele desenhava compulsivamente! Alguns do elenco são: Tobey Jones, Aimee Lou Wood, Sophia de Martino, Sharon Rooney e Adeel Akthar.

Obra Chá de Gatos de Louis Wain

Obra de Louis Wain

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 23 de março de 2023

A Mancha

Assisti A Mancha (2023) da série Falas Femininas - Histórias Impossíveis da TV Globo na Globoplay. É uma trama fantástica em cima de relações trabalhistas domésticas.

A funcionária entrou na faculdade, é seu último dia de trabalho. A patroa parece solícita, que entende, mas nem tanto. Não dá pra saber se realmente o fato da mancha aconteceu ou foi delírio, mas ele é altamente simbólico. Eu fico apavorada com patroas que pedem pras suas funcionárias limparem a janela sem equipamento algum de segurança. Quando empresas de limpeza de janelas são contratadas, sobem em andaimes, os funcionários tem cinto de segurança. o andaime tem ou deveria ter toda segurança caso algo aconteça, luvas, é um aparato enorme. Nos apartamentos é muito comum as funcionárias se dependurarem de qualquer jeito, fazendo malabarismos em parapeitos minúsculos, é estarrecedor. E as funcionárias também acham normal. Às vezes é difícil convencer que não é pra fazer, que é perigoso, é algo cultural e assustador. 
As frases são bem emblemáticas, é bem desconcertante, mas não sei se alcançam as patroas. Luellem de Castro e Isabel Teixeira estão incríveis. Ângelo Antonio faz uma participação. As amigas que vão comemorar a ida da colega a faculdade são interpretadas por Elayne Raimundo e Jéssica Madona. O projeto Histórias Impossíveis foi criada e escrita por Renata Martins, Grace Passô e Jaqueline Souza, escrita com Thais Fujinaga, Hela Santana, Graciela Guarani e Renata Tupinambá, com direção artística de Luísa Lima, direção de Thereza Médicis, Everlane Moraes, Graciela Guarani e Fábio Rodrigo e produção de Leilanie Silva. Direção executiva de produção de Simone Lamosa e direção de gênero, de José Luiz Villamarim.
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 20 de março de 2023

O Poder

Assisti O Poder (2021) de Corinna Faith na Globoplay. Porque sábado é dia de fantasminhas! É um filme de terror muito tenso, mas muito tenso, até eu que estou acostumada sofri muito. Mas que filme urgente, que roteiro incrível, fiquei em estado de choque! Não se calem!

É 1974. Há uma greve então há falta de energia à noite. Fui ler os fatos históricos desse período e são bem complexos. Desastradas ações políticas conservadoras levam trabalhadores à greve. Trabalhadores responsáveis pela energia estão em greve, então falta energia à noite. É nesse contexto que uma enfermeira vai trabalhar em um hospital. À noite é um caos, porque durante o dia boa parte dos pacientes são remanejados, mas a UTI fica e ela sem experiência, sem conhecer o local é designada pra ficar no plantão noturno. A perversidade do lugar só piora. Fala muito de abusos trabalhistas, desrespeito, mas infelizmente vai muito além, que filme difícil. Essa enfermeira era do orfanato e lá ela conhece uma jovem órfã que não melhora, não ganha peso, e logo a nova enfermeira percebe que negam alimentos pra menina, que a tratam diferenciada por ser imigrante e pobre. As duas atuam bem demais Rose Williams e Shakira Ramman. Tudo é sutil, mas vamos percebendo os detalhes. A parte de terror é muito forte, o filme é muito violento, é profundamente trágico e pior, a parte realista beira o insuportável. 
Logo contam que essa enfermeira foi órfã e fica claro também que ela vai sendo explorada exatamente por ser igualmente pobre. Os segredos obrigados a existir pelo silêncio são estarrecedores, que filme triste.

Beijos,
Pedrita