sábado, 9 de maio de 2009

Maria Peregrina

Assisti a peça Maria Peregrina de Luís Alberto de Abreu no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. A direção é de Claudio Mendel. Gostei muito do espetáculo! Um grupo, Cia. Teatro da Cidade, de São José dos Campos, interior de São Paulo, montou essa peça onde contam vários causos e o da Maria Peregrina, uma das mais importantes personagens do folclore do Vale do Paraíba. Não há uma história da Maria Peregrina. Há vários causos, ideias de quem teria sido essa mulher e que muitos fazem pedidos a ela até hoje. São 6 atores no palco: Vander Palma, Andre Ravasco, Adriana Barja, Conceição de Castro, Caren Ruaro e Tamara Cardoso. Eles alternam as participações e interpretam vários personagens. As músicas foram extraídas de festas populares e são interpretadas pelos próprios atores.

Maria Peregrina está há 9 anos em cartaz, já ganhou 40 prêmios, realizou 200 apresentações com um público de 70 mil espectadores.
O Teatro de Arena Eugênio Kusnet foi muito importante nas décadas de 50 a 70 e foi reaberto principalmente pela Funarte em novembro de 2008. O teatro fica em uma pequena rua no final da rua Consolação.
Os ingressos para assistir Maria Peregrina custam R$ 10,00 e o espetáculo fica até o final de junho.

Música do post: MÃE APARECIDA





Beijos,

Pedrita

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bruna Baglioni

Assisti ao recital da Bruna Baglioni no projeto Grandes Vozes no Theatro São Pedro. Essa famosa mezzo soprano italiana fez uma belíssima apresentação com o grande pianista Ricardo Ballestero. No repertório canções que fizeram muito sucesso na carreira dessa grande cantora.

No programa Bruna Baglioni cantou lindamente de Massenet, "Va laisse couler mes larmes" da ópera Werther, de Verdi "Stride la vampa" e "Condotta ell`era in ceppi" da ópera Il Trovatore, de Saint-Saens " Printemps qui commence" da ópera Sansão e Dalila, de Carlos Gomes (1836-1896) Noces d`argent, de Cilea " Acerba voluttà" ópera Adriana Lecouvreur, de Mascagni, "Voi lo sapete o mamma" ópera Cavalleria Rusticana, de Gounod " o ma lyre immortelle" ópera Sapho e de Verdi " la canzone del velo" ópera Don Carlo.


Ricardo Ballestero tocou piano solo das obras de Carlos Gomes: Niny (Polka Salon) e Mormorio (improviso).
Foi uma belíssima apresentação. O recital foi gratuito!





Youtube: Angeles Gulin & Bruna Baglioni sings "E un anatema"


Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Via Láctea

Assisti A Via Láctea (2007) de Lina Chamie no Canal Brasil. Eu sempre quis ver esse filme por todos os elogios e prêmios que recebeu, tentei no cinema e não consegui. Minha mãe também viu e ficamos embasbacadas. Belíssimo! São vários olhares que surgem de uma discussão de um casal pelo telefone. Esse casal é interpretado pelos ótimos Marco Ricca e a linda Alice Braga. Na discussão ela diz que acha melhor eles terminarem. Eles desligam, ele nervoso resolve ir conversar pessoalmente com ela. Pega o carro e passa o filme dentro do carro tentando chegar a casa dela.

Estamos em São Paulo, naquele trânsito caótico. A edição de André Finotti é impressionante. Nesse trajeto o olhar do protagonista olha as belezas e tristezas de São Paulo. São paisagens lindas, mas mostra muito da miséria, dos moradores nas ruas, dos exploradores de crianças no farol. Há um momento que tudo começa a ficar muito confuso, mais angustiante ainda, foi difícil permanecer, para ver o desfecho. Impressionante! No meio de tudo isso há muita música, muitas frases de textos e belíssimos poemas! E nesse trajeto tudo é entrecortado. Muitas vezes a cena que olhamos, volta, mas nos surpreende por voltar diferente.
Alguns outros do elenco são: Fernando Alves Pinto, Guilhermo Hundadze, Mariana Lima e José Rubens Chachá.
Prêmios: Cine en Construcción – Prêmio “Casa de América” - San Sebastián/Espanha 2006
1º “Taller de Desarollo de Proyectos Cinematográficos Iberoamericanos” – Casa de America – Fundación Carolina – Madrid/Espanha 2003
Prêmio Especial del Jurado - Cero Latitud - Festival de Cine de Quito/ Equador 2007
Melhor Filme - IV Festival de Cinema Hispano Brasileiro – Rio de Janeiro/Brasil 2007
Melhor Fotografia - IV Festival de Cinema Hispano Brasileiro – Rio de Janeiro/Brasil 2007
Melhor Montagem – FestCine Goiânia/Brasil 2007
Melhor Som – FestCine Goiânia/Brasil 2007
Melhor Longa Metragem - II Prêmio Itamaraty – IX FIC Brasília/Brasil 2007
Melhor Atriz – Alice Braga – Júri Popular - Festival SESC Melhores do Ano - Brasil 2008
Melhor Filme - 5º Festival de Cinema de Maringá/Brasil 2008
Melhor Ator – Marco Ricca - 5º Festival de Cinema de Maringá/Brasil 2008
Melhor Som – 5º Festival de Cinema de Maringá/Brasil 2008
Melhor Direção - Noah’s Ark International Film Festival – Grozny/Russia 2008
Melhor Direção - Brazilian Film Festival of Toronto – Toronto/Canadá 2008
Melhor Atriz – Alice Braga - Brazilian Film Festival of Toronto – Toronto/Canadá 2008
Melhor Filme Internacional – Prêmio do Público - Festival Internacional de Cine de Viña del Mar – Viña del Mar/Chile 2008


Youtube: Via Láctea Trailer




Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Os Maias

Terminei de ler Os Maias (1888) de Eça de Queirós. Vocês se lembram que eu recentemente vi a minissérie Os Maias de Luiz Fernando Carvalho. Minha irmã separou então o livro para eu ler. É exatamente a edição dessa capa da Ateliê Editorial, capa belíssima, edição primorosa. Eu gosto muito desse escritor, meu preferido ainda é O Crime do Padre Amaro, mas adoro o seu estilo e suas obras. Mesmo Os Maias tendo muito do Romantismo, o autor é sempre ácido e surpreendente. Tudo aquilo que parece belo e puro pode em determinado momento se tornar sórdido e medonho.


Obra Retrato de Uma Mulher Portuguesa (1900) de Ernesto Ferreira Condeixa
Os Maias é um livro extenso que passa em duas gerações pelo menos. Atráves de dois personagens, pai e filho, o autor mostra as diferenças das educações e suas correntes ideológicas. Pedro é criado dentro de todo o atraso da religião, com todo o seu fervor católico e seu atraso intelectual. Carlos Eduardo já é criado pelo avô, dentro da corrente do liberalismo, onde a ciência, a filosofia e a formação intelectual é a base de sua formação. Há ainda uma terceira personagem, Maria Eduarda, que é criada em meio a vida noturna de Paris, muitos amigos, sua mãe tinha muitos amantes e muitos clientes. E por último, Ega, que é filho de uma mãe carola e apesar de renegar todas as suas origens do catolicismo ferrenho, é do dinheiro dela e do seu amigo Carlos que ele vive, porque boêmio confesso, espalha suas ideias e suas transgressões em discursos na vida noturna, mas não transforma nada do que pensa e idealiza em fonte de renda, não escreve artigos, nunca concluiu um livro e está envolvido em confusões. Carlos Eduardo também não precisa trabalhar. Se forma médico, escreve alguns artigos, mas como o próprio Ega diz, com dinheiro aos poucos tudo é possível se esquecer. Com dinheiro é possível viajar, se mudar, conhecer outras pessoas. O dinheiro atenua as tragédias da vida.



Conversei bastante com minha irmã sobre a adaptação para a minissérie que é belíssima, mas traz algumas pequenas modificações com o objetivo de ficar mais dramático, denso com um pouco de exagero no melodramático. Marília Pêra interpreta Maria Monforte nos últimos capítulos da minissérie, quando Maria Monforte já não existia mais e tinha morrido do coração, não de tuberculose. Maria Monforte morreu quando vivia com a filha em Paris. A filha inclusive viveu muito com a mãe, não ficou tanto no convento. Ficou lá só o tempo suficiente dos estudos e sua mãe a visitava com regularidade. A personagem da Eva Wilma aparece muito pouco no livro, é mencionada muito rapidamente, umas três vezes. O próprio avô do Carlos Eduardo aparece pouco e ele não é contra o Carlos Eduardo comprar a casa dos Olivais, não interfere no relacionamento do neto, fica inclusive bem distante dos fatos. O Ega pede ao Vilaça que conte ao Carlos sobre a sua irmã, e o Vilaça acha um horror aparecer naquele momento mais um herdeiro para dividir a herança. Pouco se incomoda com a revelação do parentesco dos dois e repete umas três vezes que é uma maçada a herança ser desmembrada. Tanto que Maria Eduarda recebe pouco do que lhe cabe. Ela não quer a herança, mas mesmo assim, o Vilaça só passa uma boa quantia, mas muito aquém do que ela realmente tinha direito. A espanhola teve alguns momentos com o Carlos Eduardo no período da faculdade, muito rapidamente. Não aparece depois e nem tampouco lê a mão de Carlos e fala da mulher que não era casada. Eusébiozinho e sua irmã aparecem muito pouco, ela menos ainda. Ele ainda aparece um pouco, mas não tanto quanto na minissérie. As festas de Maria Monforte são somente mencionadas muito rapidamente. E Carlos não vai se despedir da irmã quando ela vai partir na estação de trem. Assim que toda a história trágica aconteceu, Carlos Eduardo viajou com o Ega para a América do Norte e depois passaram por uns dez anos viajando pelo mundo. É quando voltam para Lisboa, para o Ramalhete e então que acontecem aquelas cenas iniciais da minissérie. Mas não parece pela caracterização dos dois que dez anos haviam se passado. A sensação é que a minissérie carregou um pouco a mão no melodrama. Apesar das diferenças, a minissérie é impecável e belíssima!
Obra Vista da Penha de França, Lisboa (1857) de Tomás d'Anunciação
Anotei alguns trechos de Os Maias de Eça de Queirós:

“A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete.”

“Assim acontece com as estrelas de acaso! Elas não são duma essência diferente, nem contêm mais luz que as outras: mas, por isso mesmo que passam fugitivamente e se esvaem, parecem despedir um fulgor mais divino, e o deslumbramento que deixam nos olhos é mais perturbador e mais longo...”

“Ega declarou muito decididamente ao Sr. Sousa Neto que era pela escravatura. Os desconfortos da vida, segundo ele, tinham começado com a libertação dos negros. Só podia ser seriamente obedecido, quem era seriamente temido... Por isso ninguém agora lograva ter os seus sapatos bem envernizados, o seu arroz bem cozido, a sua escada bem lavada, desde que não tinha criados pretos em que fosse lícito dar vergastadas... Só houvera duas civilizações em que o homem conseguira viver com razoável comodidade: a civilização romana, e a civilização especial dos plantadores da Nova Orleans. Por quê? Porque numa e noutra existia a escravatura a sério, com direito de morte!...”
As duas telas são de pintores portugueses e foram realizadas no período que o livro foi publicado.



Beijos,


Pedrita

domingo, 3 de maio de 2009

A Taberna das Ilusões Perdidas

Assisti A Taberna das Ilusões Perdidas (1960) de Robert Mulligan no Telecine Cult. Descobri esse filme vendo o que ia passar no dia. Adorei! O nome que está no Brasil não tem nada a ver, o original é The Rat Race. Tem um bar, mas não vejo o Bar como uma Taberna e nem que as ilusões foram perdidas. É um filme sobre a vida difícil em Nova York. Há uma campeã de dança que ganhou troféu em sua cidade que já vive há um tempo em Nova York e deve uma fortuna para um agiota. E um recém chegado, um músico inocente, que vai tentar a vida em Nova York.

Os dois personagens são intepretados pelos belos e ótimos Tony Curtis e Debbie Reynolds. A ótima trilha sonora, com muitos standards jazz é de Elmer Bernstein.



Música do post: Elmer Bernstein - To Kill A Mockingbird (Suite)




Youtube: The Rat Race- Movie Trailer






Beijos,

Pedrita