
Terminei de ler
Golpe de Misericórdia (1939) de
Marguerite Yourcenar da
Editora Nova Fronteira. É possível encontrá-lo em livrarias virtuais, na própria editora está por R$ 20,00, pouco mais que um ingresso de cinema.
Comprei esse livro em um sebo e levei na viagem porque é um livro pequeno, fácil de carregar. Dei uma pausa no enorme que estou lendo, pra facilitar o transporte na viagem. Com o atraso da volta, terminei antes mesmo de ter o que fazer, mas foi um ótimo companheiro de viagem. É muito bom ter o que ler quando viajo.

Tela
Pigmaleão (1939) do belga
Paul Delvaux.Golpe de Misericódia foi publicado duas semanas antes da Segunda Guerra Mundial, mas mostra resquícios da Primeira Guerra Mundial, tão fresca na memória de todos. Dois soldados chegam da guerra. Nosso protagonista vai ficar na casa do amigo, que tem uma irmã e ele se interessa por ela e ela se apaixona por ele. Mas são sentimentos complexos de pós-guerra. Sem comprometimento, confusos. Nosso protagonista mesmo não tem certeza se sente algo, mas eles ficam muito presos um ao outro. É muito interessante porque são momentos de recordações de nosso protagonista. Tudo entrecortado, sem uma linha condutora. As lacunas podemos preencher de milhares de formas. E o desfecho de Golpe de Misericórdia é chocante.

Tela
Tempestuosa Paisagem (1968) de
Rembrandt van RijnComo nosso protagonista menciona
Rembrandt e uma tela como uma tempestade, escolhi essa para ilustrar o post.
Trechos de
Golpe de Misericórdia de
Marguerite Yourcenar:“Eram cinco da manhã, chovia, e Eric von Lhomon, ferido em Saragoça, tratado a bordo de um navio-hospital italiano, esperava no café da estação de Pisa o trem que o levaria de volta à Alemanha.”
“Quem pretende se lembrar de uma conversa palavra por palavra não passa para mim de um mentiroso ou de um mitômano. De minha parte, só retenho fragmentos, um texto cheio de lacunas, como um documento roído pelos vermes. Não ouço minhas próprias palavras, mesmo no instante em que as pronuncio. As do outro me escapam, e não me lembro senão de um movimento de lábios à altura dos meus. O resto não passa de uma reconstituição arbitrária e falseada, e isso vale igualmente para outras conversas de que tenho aqui me recordar.”
“Minha estima por Conrad diminuiu com isso, até o dia que compreendi que fazer de Sofia uma Mata Hari de filme ou de romance popular era talvez para meu amigo uma maneira ingênua de glorificar a irmã, de emprestar ao seu rotos de grandes olhos vivos a beleza comovente que sua cegueira de irmão não lhe permitira reconhecer até então.”
Beijos,
Pedrita