Assisti a ópera
Aída de
Verdi no
Theatro Municipal de São Paulo. Era a ópera preferida da minha mãe! A ótima regência foi de
Roberto Minczuk a frente da
Orquestra Sinfônica Municipal. Pela imponência da obra dois coros participaram, o
Coral Lírico e o
Coral Paulistano.
Fotos de Stig de Lavor
Eu adoro o trabalho da Bia Lessa. Logo no início, uma movimentação de caixas me lembraram muito a peça Orlando e seus jogos de cadeiras. Orlando está entre os melhores espetáculos que já vi na vida. Os cenários impactantes são de Liliane de Grammont, a iluminação de Paulo Pederneiras e os belos figurinos de Sylvie Leblanc e Maira Himmelstein. Lindos os figurinos dourados.
Em tempos de guerra, a montagem buscou mostrar os horrores de matar outros seres humanos por poder, posse, ganância e uma infinidade de sentimentos monstruosos. A Marcha Triunfal que deveria comemorar a vitória do Rei do Egito sob a Etiópia mostrou os horrores da guerra. Não há o que comemorar quando se destrói um povo, o mata e escraviza os sobreviventes.
De forma contundente a ópera mostrou os abusos da guerra. Os animais espetados por lanças. Os soldados traziam os inimigos caracterizados por bonecos de cobertor que eram violentados, espancados, mortos em um show de horrores. Me lembrei muito do livro da
Svetlana,
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, que comentei
aqui. Ficando clara a concepção da direção por uma mulher.
Aída e Amneris foram interpretadas pelas maravilhosas Marly Montoni e Andreia Souza, que cantoras e intérpretes, viscerais. Contundente o texto onde Amneris se diz amiga de Aída que temos muita identificação. Uma rainha dizendo a uma escrava que é amiga, mas a mantém cativa. Paulo Mandarino cantou o primeiro ato, mas por estar em recuperação de covid, foi substituído por Marcello Vannucci que fez um intenso Radamés. A covid se alastrou nos ensaios, então a orquestra e os coros estavam muito reduzidos. Coro e orquestra se apresentavam de máscaras. Os solistas eram testados diariamente. O ótimo Orlando Marcos interpretou o Faraó. Belíssima a cena quando Radamés e Aída na cripta para serem enterrados vivos cantam seu belíssimo dueto. Lindo colocar Amneris em sofrimento ao lado da rocha que fechou a cripta.
Como é bonita a ária da sacerdotisa interpretada lindamente pela Elayne Caser. O sacerdote de Savio Sperandio também estava incrível. A ópera mostra o horror de um religioso vingativo e perverso. Eu adoro o Douglas Hahn e gostei muito dele como o pai de Aída.
Como costuma acontecer em óperas, os ingressos esgotaram muito rapidamente, mesmo tendo preços salgados entre R$ 150,00 a R$ 30,00. As récitas vão até 11 de junho.
Foram dois elencos, o vídeo é do outro elenco.