quinta-feira, 9 de junho de 2022

Ópera Aída

Assisti a ópera Aída de Verdi no Theatro Municipal de São Paulo. Era a ópera preferida da minha mãe! A ótima regência foi de Roberto Minczuk a frente da Orquestra Sinfônica Municipal. Pela imponência da obra dois coros participaram, o Coral Lírico e o Coral Paulistano.

Fotos de Stig de Lavor

Eu adoro o trabalho da Bia Lessa. Logo no início, uma movimentação de caixas me lembraram muito a peça Orlando e seus jogos de cadeiras. Orlando está entre os melhores espetáculos que já vi na vida. Os cenários impactantes são de Liliane de Grammont, a iluminação de Paulo Pederneiras e os belos figurinos de Sylvie Leblanc e Maira Himmelstein. Lindos os figurinos dourados.
Em tempos de guerra, a montagem buscou mostrar os horrores de matar outros seres humanos por poder, posse, ganância e uma infinidade de sentimentos monstruosos. A Marcha Triunfal que deveria comemorar a vitória do Rei do Egito sob a Etiópia mostrou os horrores da guerra. Não há o que comemorar quando se destrói um povo, o mata e escraviza os sobreviventes. 
De forma contundente a ópera mostrou os abusos da guerra. Os animais espetados por lanças. Os soldados traziam os inimigos caracterizados por bonecos de cobertor que eram violentados, espancados, mortos em um show de horrores. Me lembrei muito do livro da Svetlana, A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, que comentei aqui. Ficando clara a concepção da direção por uma mulher.

Aída e Amneris foram interpretadas pelas maravilhosas Marly Montoni e Andreia Souza, que cantoras e intérpretes, viscerais. Contundente o texto onde Amneris se diz amiga de Aída que temos muita identificação. Uma rainha dizendo a uma escrava que é amiga, mas a mantém cativa. Paulo Mandarino cantou o primeiro ato, mas por estar em recuperação de covid, foi substituído por Marcello Vannucci que fez um intenso Radamés. A covid se alastrou nos ensaios, então a orquestra e os coros estavam muito reduzidos. Coro e orquestra se apresentavam de máscaras. Os solistas eram testados diariamente. O ótimo Orlando Marcos interpretou o Faraó. Belíssima a cena quando Radamés e Aída na cripta para serem enterrados vivos cantam seu belíssimo dueto. Lindo colocar Amneris em sofrimento ao lado da rocha que fechou a cripta.
Como é bonita a ária da sacerdotisa interpretada lindamente pela Elayne Caser. O sacerdote de Savio Sperandio também estava incrível. A ópera mostra o horror de um religioso vingativo e perverso. Eu adoro o Douglas Hahn e gostei muito dele como o pai de Aída.
 
Como costuma acontecer em óperas, os ingressos esgotaram muito rapidamente, mesmo tendo preços salgados entre R$ 150,00 a R$ 30,00. As récitas vão até 11 de junho.

Foram dois elencos, o vídeo é do outro elenco.

Beijos,
Pedrita

16 comentários:

  1. Assistir a um espetáculo desse, realizado de forma primorosa, e desfrutar da combinação de música erudita, em várias formas (orquestra, coral, coral lírico), com história, percebendo a correlação da história antiga com a atual... não tem preço! (a Covid está voltando com tudo, infelizmente!).

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    1. marly, é um verdadeiro sonho. sim, a covid espalhou novamente.

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  2. Confesso que a ópera não é a minha "praia" musical.
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    Cumprimentos cordiais.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  3. Já ouvi falar dessa ópera mas nunca tive a oportunidade de assistir.
    big beijos

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  4. Que fantástica oportunidade de assistir a essa ópera magnífica, pena que a covid está em tudo, fico me perguntando, até quando? Contudo, pelo teu relato, deve ter sido emocionante da mesma forma. Beijos ;) https://botecodasletras2.blogspot.com/

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    1. jeanne, oportunidade incrível mesmo. e sim. a covid está espalhada.

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  5. Quando estive no Brasil não fui à ópera, mas por norma quando viajo frequentemente incluo uma espetáculo do género, penso que vi Aida foi em Praga... embora eu seja mais por Wagner de quem vi em Berlim e Milão grandes representações.

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  6. Pedrita,
    Me gusta rasguear mi piano. Soy un amante de la música clásica. Pero, obviamente, las óperas son más complejas, ya que tienen, además de la musicalidad, la interpretación de quien las canta.
    Recomiendo esta lectura del ®DOUG BLOG para usted.

    https://blog-dougblog.blogspot.com/2021/07/piano-o-som-e-o-tom-do-baile-da-minha-quarentena.html

    Besos de tu nuevo amigo brasileño!!!

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  7. Que resenha magnífica!
    Impactada como você traduziu em palavras a grandiosidade e maravilhas dos detalhes históricos com todo o empenho do espetáculo em beleza, talento, cenários, interpretações, musicalidade e figurinos.
    Deve ter sido encantador ❤

    Bjs Luli

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