segunda-feira, 18 de março de 2024

A Candidata Perfeita

Assisti A Candidata Perfeita (2019) de Haifaa Al-Mansour no TelecinePlay. Tem um tempo que vejo o pôster desse filme em drama, mas por ser da Arábia Saudita, um país opressor às mulheres, relutei muito. Que filme corajoso!

Para entender o contexto, a Arábia Saudita é o país que recentemente permitiu que as mulheres dirigissem carros. A protagonista é médica, essa aí só com os olhos descobertos. Corajosa ela estudar medicina em um país tão machista. Muitos pacientes se recusam a ser tocados por ela, mesmo ela sendo a única médica do posto. E passam a ser atendidos por enfermeiros. Malala comentou que a burca é uma vestimenta recente, que surgiu com o obscurantismo religioso e o desejo de poder dos homens em oprimir, controlar e dominar as mulheres. Pela cultura, elas sempre usaram véus, mas tudo, inclusive as roupas, eram coloridas. Com a opressão, as vestimentas passaram a ser pretas ou marrons e só o olho fica descoberto. A personagem usa outro nome pra essa parte que só deixa o olho descoberto. Ela está arrasada porque não consegue que o poder público arrume a chegada no posto que é um lamaçal só. As pessoas que carregam as macas se afundam na lama, as cadeiras de rodas não rodam.
Ela consegue uma licença para ir em um congresso em Dubai. No aeroporto o visto tinha que ser eletrônico, não mais manual. O pai dela é músico e está em turnê. Ele é o guardião dela. Ela vai atrás de um primo, pra ser atendida por ele se candidata a uma vaga política. O primo não pode fazer o visto, só mesmo um guardião mais próximo, irmão, marido. Ela perde a passagem e o congresso e resolve se candidatar a revelia do pai e das irmãs. As mulheres não podem se dirigir diretamente aos homens. Ela só pode fazer campanha para as mulheres. A maioria não vota, uma fala que o marido vai matá-la se ela votar. É nesse meio caminho que ela tira aquele véu que só deixa os olhos. Mila Al Zahrani está incrível e só de ser atriz em um país desse já é maravilhoso! Subverter o obscurantismo é maravilhoso! Parabéns à diretora e sua coragem! Quero ver todos os outros filmes que ela dirigiu.
O pai é músico, a família é de músicos. Ele finalmente conseguiu uma autorização do governo para ir em uma turnê com a banda pra fazer os shows. São ameaçados o tempo todo porque os mais radicais acham que a música teria que ser proibida. 

Beijos,
Pedrita

sábado, 16 de março de 2024

Madama Butterfly


Assisti a ópera Madama Butterfly de Giacomo Puccini no Theatro Municipal de São Paulo. Fiquei muito feliz quando meu amigo me convidou para a estreia. É minha ópera preferida! Foi a primeira ópera que ouvi em áudio em casa na infância.

Foto reprodução de vídeo.

A história infelizmente é muito atual. Uma jovem pobre de 15 anos é enganada sobre um casamento com um americano. Tudo é forjado. Ele faz uma casa pra ela que ache que é pra eles. A família a renega porque casou com um estrangeiro. Claro que ele some. É tudo muito trágico. Ela vai ficando pobre e sem dinheiro. No Brasil as estatísticas mostram que cada vez são mais novas as jovens vendidas pela família por um prato de comida. Depois de saciados, seus compradores as deixam e elas seguem para a prostituição já que são renegadas pela família. Atualmente é muito comum casamentos com crianças de 9 anos, ou mesmo a primeira vez com algum parente que acha que se é pai ou padrasto, a primeira vez é dele.

A montagem foi com ao Orquestra Sinfônica Municipal com direção musical e regência de Roberto Minczuk, direção cênica de Lívia Sabag, com o Coral Paulistano, cenografia de Nicolas Boní e iluminação de Caetano Vilela. A ópera é uma parceria com o Teatro Colón da Argentina.
Eu vi com o primeiro elenco. Todos ótimos!
Dias 15, 17, 20 e 23
Carmen Giannattasio, Cio-Cio-San / Madama Butterfly
Celso Albelo, Pinkerton
Ana Lucia Benedetti, Suzuki
Douglas Hahn, Sharpless
Em todas as datas estão:
todas as datas
Elaine Martorano, Kate Pinkerton
Jean William, Goro
Carlos Eduardo Santos, Príncipe Yamadori
Andrey Mira, Bonzo
Márcio Marangon, Yakuside
Leonardo Pace, Comissário imperial
Sebastião Teixeira, Notário
Magda Painno, Mãe de Cio-Cio-San
Caroline De Comi, Prima de Cio-Cio-San
Graziela Sanchez, Tia de Cio-Cio-San

Daniel Arashiro, Lucca Fernandes, Marvin Long e Pedro Balbino, Dolore (filho de Cio-Cio-San)
Só no final que vimos que eram duas crianças fazendo o filho de Cio-cio-san. Uma graça. E são quatro nomes porque são dois pra cada apresentação.
As récitas vão até 23 de março, mas estão todos os ingressos esgotados. Não tinha um único lugar vazio no teatro. Sucesso total!

Foto Larissa Paz
Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 13 de março de 2024

Emily, A Criminosa

Assisti Emily, A Criminosa (2022) de John Patton Ford no TelecinePlay. É um mediano filme de ação. Li que o filme falava de relações de trabalhos precárias, mas fica muito, mas muito superficial. E o filme é bem arrastado.


Audrey Plaza está muito bem. A personagem dá um duro danado. Ela tem uma dívida enorme da faculdade. Aquela arapuca que o Brasil tem  também. Uma minoria privilegiada acredita que após a faculdade o formando vai conseguir se organizar financeiramente nos próximos 5 anos. É uma minoria que consegue bons empregos, muitos nem exercem a profissão. Então a dívida fica impagável por toda a vida. Com a roupagem de auxílio universitário, esses programas nada mais são que financiamentos bancários altamente rentáveis pra essas instituições, não pros estudantes. 
A personagem está em um sub emprego, na verdade ela é empreendedora, mas com responsabilidades de funcionária, sem benefício algum. Só com os encargos. Ela trabalha exaustivamente na área de alimentos e está procurando um emprego com melhor remuneração e qualificação. Ela aluga um quarto em um apartamento que vive um casal oriental jovem. Um colega de trabalho imigrante indica um serviço ilegal. Ela acaba entrando em um esquema de falsificações de cartões. Ela vai se enfiando cada vez mais no negócio. Inteligente ela começa a tentar subir no esquema. Também se apaixona por um dos irmãos do esquema. Gostei bastante do desfecho e fiquei curiosa pra saber onde é a praia que ela foi viver.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 11 de março de 2024

Cerimônia do Oscar 2024

Assisti a Cerimônia do Oscar 2024 no E! e na TNT. Eu sempre começo vendo a chegada no tapete vermelho, os vestidos, no E! Depois eu passo pra ver a cerimônia na TNT! Esse ano eu vi mais filmes que concorriam, então me animei de ver e comentar. E adorei que foi mais cedo! Eu amo Poor Things e amei que Emma Stone ganhou Oscar de Melhor Atriz, ela está maravilhosa! O filme ganhou outras categorias: Melhor Cabelo e Maquiagem, Melhor Design de Produção e Melhor Figurino. Sem dúvida o melhor filme do ano, apesar de não ganhar nessa categoria, nem em direção.
 
Boa parte dos figurinos tinham tons pastéis, muito dourado, prateado, com símbolos de mar. Emma Stone vestia um Louis Vuitton, que lembrava uma concha e muito ao seu personagem em Poor Things. Acho que eu ficaria irritadíssima de vestir uma roupa de um grande estilista e a roupa abrir no meio da cerimônia. Ela foi receber o prêmio com seu vestido aberto atrás. E infelizmente ninguém entendeu e ou tentou fechar, se é que seria possível!

Fiquei muito feliz que Billie Eilish ganhou Melhor Canção Original por What Was I Made For? do filme Barbie. As músicas eram bonitas, mas a maioria era tradicional de filmes. Essa vencedora era mais original. E Billie canta divinamente, sem esforço, com uma voz límpida e cristalina. Interessante que muitos comentários falavam da inovação de Barbie, do quanto Barbie falava de mulheres, sobre machismo, mas na hora de indicar e premiar deixaram as mulheres no "lugar delas".
Não me identifiquei com o figurino da Versace de Margot Robbie, mas pode ter sido exatamente em protesto ao tratamento que o filme teve ao Oscar. Lindíssima como sempre, belo vestido, mas não esperava um look tão sombrio.
Um dos grandes momentos foi a música do Ken de Barbie, quer dizer, interpretada Ryan Gosling. Ele canta muito bem, foi divertido! Mas é uma canção bem convencional de filme americano.
Fiquei muito feliz que o curta do Wes Anderson, The Wonderful Story of Henry Sugar ganhou Melhor Curta-Metragem de Ação. Estranhamente foi o primeiro Oscar desse grande diretor.
Continuando com os belos figurinos com aspectos de mar, o de Anne Taylor-Joy vestia um Dior.

Esse ombro estruturado no figurino de Florence Pug da Del Core apareceu também em outro lindo vestido de Emily Blunt.
Que estava com um Schiaparelli.

O meu figurino preferido foi da Lupita Nyong´o. Ela vestia um Armani Privé. Os apresentadores do E! disseram que esse vestido foi feito pra atriz quando ela ganhou o Oscar, mas que ela quis guardar para outra ocasião. É belíssimo!

Zendaya era outra que estava com um belíssimo Armani Privé. E uma das poucas com cores fortes. Embora com as referências de mar e praia da maioria, já que a estampa tem coqueiros.

Melhor Documentário ganhou 20 Dias em Mariupol. Foi o primeiro Oscar que a Ucrânia ganhou. O diretor Mstyslav Chernov disse que nunca queria ter feito esse filme, que preferia que os conflitos não existissem pra ele nunca ganhar o Oscar. Fiquei muito emocionada!


Vários usavam esse pin vermelho de cessar-fogo como Ramy Youssef, Mark Ruffalo, Ava DuVernay e Billie Eilish pedindo o fim do conflito na faixa de Gaza.




Beijos,
Pedrita

sábado, 9 de março de 2024

Açúcar

Assisti Açúcar (2017) de Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro na Brasiliana TV. Descobri esse canal no Now, em Canais. É novo! E achei esse filme, eu adoro a Maeve Jinkings.


 

Que filme desconcertante, cheio de símbolos metáforas! Muitas cenas são surreais e fantásticas! E que locação! Foi realizado em um engenho pernambucano. A protagonista chega de barco que anda pela terra. Incrível como foram gravadas as cenas, parece mesmo que o barco está na água. Como chegaram os colonizadores. E sim, é uma decadente fazenda de cana-de-açúcar.

Ela fica na casa grande caindo aos pedaços. Linda a casa, tudo antigo e detonado. Aos poucos entendemos um pouco. Ela não pagou a energia, não tem dinheiro, está falida. Um morador fala que os donos da casa grande estão com inúmeros processos trabalhistas na justiça. E ela comenta com a tia que os antigos funcionários tiveram a posse de um pedaço de terra, provavelmente pra pagar as dívidas deles. E pelo jeito não foi suficiente porque tem muitos processos trabalhistas ainda. O ódio que elas, a dona da casa grande a a tia, dos que ganharam por direito a terra é assustador. Os novos donos do pedaço de terra criaram um centro cultural e recebem dinheiro da Europa pra cultivar "plantas exóticas". Eles então conseguem com esses trabalhos ter renda, manter a terra produtiva. Os da casa grande só conseguem ter dívidas. A dona da casa grande contrata uma funcionária pra limpar a casa. É abominável como ela trata a moça. Reclama do preço, acha que a moça ter que fazer mais do que lhe é designado sem pagar adicional. Em uma briga ela diz que eles, os funcionários, deviam ser gratos, porque a família sempre deu teto e comida. Isso mesmo, acham que podem explorar a mão-de-obra só porque a pessoa vive na terra do outro, e isso tem nome né? A ótima Dandara de Morais é a funcionária. O outro vizinho é Zé Maria.
É tudo sutil e com poucos diálogos. A tia comenta do empréstimo pra plantar chuchu. Isso mesmo, a proprietária achou que poderia ter lucro com chuchu. Eles não sabem o que fazer com a terra. Ela não tem horta, nada pra a subsistência, não tem dinheiro, mas acha que algo milagroso vai acontecer. Que não pode abrir mão do pedaço de terra que sobrou, mesmo não sabendo o que fazer com ele. A tia é a maravilhosa Magali Biff, ela canta em alguns momentos, não tinha ideia que cantasse tão bem. A trilha sonora é incrível. Tem inclusive algumas músicas de Mário de Andrade. É um filme desconcertante!


Eu descobri o Brasiliana TV por um acaso. Não tão acaso assim já que tem um tempo que não assisto mais a programação na hora que passa. Faço como na Netflix, vou ao streaaming e escolho. O Brasiliana TV é um produto do Canal Curta! Será gratuito por três meses e tem uma acervo nesse momento de 87 filmes brasileiros. E séries. Em séries estão programas de entrevistas e vários sobre o segmento. Boa parte dos filmes eu já vi, tem Dona Flor e Seus Dois Maridos, Bye Bye Brasil, Quatrilho, Marvada Carne, Inocência, entre outros. Há vários documentários, esses não vi vários, mas vejo pouco documentário. Ao todo serão 340 produtos. Não sei se todos já estão lá, se contaram todos os segmentos. Pra assistir tem que ir no Now, em Canais, que o Brasiliana TV está lá, sem custo adicional, com os outros canais. 

Beijos,
Pedrita