sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Les Revenants - 2ª Temporada

Assisti Les Revenants - 2ª Temporada de Fabrice Gobert no Max. Eu tinha visto a primeira temporada e adorado. Tinha visto no Now, mas a segunda não estava disponível lá. Um dia vi os primeiros da 2ª temporada na grade da programação do Max e coloquei pra gravar. Toda semana mais ou menos às quartas-feiras, o canal disponibilizava 2 episódios e eu fui gravando. Essa 2ª temporada tem somente 8 episódios, a primeira tinha 10.

É muito impressionante o quanto essa segunda temporada é política. Os mortos estão separados pela represa que alagou. Lembra muito a segregação a que são submetidos os imigrantes na Europa.

Um homem que diz querer ajudar os vivos acredita que os mortos voltaram para se vingar. Então cada morto que ele pega ele tortura barbaramente para tentar saber onde os mortos estão. Com a desculpa de proteção ele se torna um criminoso e é apoiado por um grupo.

Agora passamos a conhecer a história de 35 anos antes. O garoto enigmático avisa o engenheiro que se ele continuar com o projeto a barragem vai romper. Ele continua e é o que acontece. Muitos mortos. Les Revenants - 2ª Temporada fala também do preconceito. O garoto adivinha o que vai acontecer e ele passa a ser acusado de demônio, que ele provoca o mal, quando na verdade ele só vê antes o que vai acontecer.

A família é um assunto debatido a exaustão. Uma filha viva é esquecida pelo pai, a mãe seguiu com a morta e ela fica em total solidão. O quanto é comum familiares ficarem sem chão com a perda de um filho e esquecem o que vive. A desestruturação da família surge o tempo todo. Uma mãe adotiva que é mais mãe que a que criou o garoto. A dificuldade da mãe em aceitar o filho que nasceu. É série muito complexa e profunda. Surge outros atores na segunda temporada: Laurent Lucas, Beatrice de la Boulaye, Jacopo Menicagli, Michäel Abiteboul, Armande Boulanger e Ernst Umhauer.

Spoiler: Muito triste a explicação de tudo e bem mais simples do que todos achavam. A cidade está tomada pelo exército, engenheiros, profissionais do solo e também pessoas que sabem que os mortos voltaram e tentam descobrir o motivo. É muito triste e simples o motivo. O menino por ser especial volta e vive com o pai. Ele não envelhece, mas o pai sim, quando o pai morre o menino especial deseja muito que o pai volte e reviva e sem querer todos os mortos revivem. Tão simples, tão triste. Bela série!

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Garota Dinamarquesa

Assisti A Garota Dinamarquesa (2015) de Tom Hooper no Telecine Play. Queria muito ver esse filme, inclusive nos cinemas. Mas estreou em uma época excelente de filmes que eu queria ver e não deu tempo de ver esse. É um filme lindo, delicado e com uma direção de arte primorosa.

O filme é baseado no livro de David Ebershoff inspirado na vida do pintor Einar Wegener. Muito interessante que o filme começa com uma exposição das pinturas de Einar Wegener. Ele é um pintor famoso, respeitado. 

É casada com a pintora Gerda Gottilieb. Muito interessante a parte artística do filme. Einar é muito famoso, ela não consegue emplacar suas obras. Até que ela começa a pintar Einar se vestindo de mulher. Ele passa a gostar e a se transformar. As pinturas tendo como modelo a prima dinamarquesa Lili Elbe é que fazem sucesso e ela consegue ganhar dinheiro com sua arte, ser convidada para exposições.

É lindo o amor desse casal. Ela por ser artista vai compreendendo o marido, mas sim, os dois sofrem muito porque eles se amam muito. Mas no momento que Einar passa a ser Lili ele passa a não ter mais desejo pela esposa. No filme eles eram um casal sexualmente intenso, difícil saber o que era mesmo.

Não deve ser fácil amar profundamente alguém que está se transformando e ver o sofrimento do outro. Einar sofria muito e imagino como devia ser terrível a transformação naquela época. Se já é difícil hoje, imagine naquela época. Quando Einar passa a ser Lili ele não consegue mais pintar. Lili fica muito, mas muito feliz de se tornar uma vendedora de loja feminina e é muito bem sucedida e dar dicas para mulheres com o que há de mais moderno em Paris. É então que Gerda passa a pintar Lili e ela mesma e fazer muito sucesso. Essa mudança artística das duas é muito impactante. Einar que era famoso, vendia quadros e era convidado para exposições. Com a transformação de Einar em Lili, Gerda passa a pintar Lili e só daí passa a vender, receber convites para exposições e fazer sucesso. Só Einar era famoso, não Lili, só Gerda era famosa porque Lili existia. Incrível as especificidades da arte conforme os seus momentos. Como não há regras. Como o que vai ficar famoso, alcançar o sucesso é imprevisível. Gerda sofria perdendo Einar, mas profissionalmente ganhava ascensão.

E os tratamentos médicos? Horror dos horrores. Pessoas com esses distúrbios eram tratadas como duplas personalidades e internadas em manicômios, tratamentos com radioterapia, remédios pesados, considerados esquizofrênicos que na época era loucura. Por sorte sua esposa choca-se com tudo isso e o tira daqueles horrores. Leva Einar para Paris, mas Einar tenta tratamentos também, um pior que o outro. Até que acham um médico que não tinha ainda realizado mudança de sexo porque um paciente fugiu no dia. Einar se anima. É avisado dos inúmeros riscos. Se hoje já é uma cirurgia muito delicada, imagine antigamente. Seria inclusive a primeira do médico e Einar teria muito dor. Seriam duas cirurgias. A primeira corre tudo bem. A primeira é a retirada dos órgãos masculinos. A segunda que era a construção da vagina. Einar tem infecção e morre. Doloridíssimo o filme. Eu adoro Alicia Vikander, cada vez estou mais impressionada com o desempenho dessa atriz. Alicia Vikander ganhou Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. E Eddie Redmayne está incrível como Einar e Lili, que ator. Outros do elenco são Mathias Schoenaerts, Ben Whishaw, Pip Torrens,  Amber Heard e Emerald Fennel.

Aqui a imagem de Einar Wegener e Lili Elbe.

Essa é a imagem de Gerda Gottlieb. Na internet ela aparece também como Gerda Wegener.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Pequena Viagem ao Brasil de Stefan Zweig

Terminei de ler a Pequena Viagem ao Brasil (1936) de Stefan Zweig da Versal Editores. Fui a feira de livros da USP com encomenda e uma lista fechada, mas quem resiste a Stefan Zweig? Logo eu que acompanhei o filme Lost Zweig e depois passei a acompanhar outros projetos dele. E olha que tinha um outro livro de cartas, a Liliane do Paulamar vai se interessar. Mas resisti bravamente, mas \Aa esse não. E adorei! A capa é do Acervo do Instituto Moreira Salles com foto de Marcel Gautherot. No Brasil recente há mais esses livros que falam do Zweig no Brasil. Quero muito ler ainda os seus textos literários.

É um livro fininho que Stefan Zweig escreveu após sua primeira viagem ao Brasil. Ele já morava na Inglaterra, veio para Buenos Aires dar uma palestra e passou pelo Brasil. Ficou no Rio de Janeiro, mas visitou uma fazenda de café no estado de São Paulo e visitou São Paulo. Há um parágrafo sobre o Instituto Butantan. Inteligente, ácido, ele fica encantado com o Brasil, mas não deixa de ser crítico também. No Instituto Butantã ele se surpreende com o jeito de circo quando pegam a cobra indefesa e na frente dos visitantes tiram o veneno. Uma mostra de poder sob o animal indefeso. Eu mesma quando visitei ainda tinham essa prática que já na época que Zweig visitou ele só tinha visto na Índia. Não sei como é hoje. Mas ele elogia os pesquisadores do instituto, ainda tão importantes e tão presentes, apesar do Governo do Estado de São Paulo continuar insistentemente querendo destruir a pesquisa, os incentivos e terminar com os pesquisadores. Zweig fica impressionado com os prédios em São Paulo e com a rapidez que eram construídos.

Obra Café Secagem (1940) de Quirino Campofiorito

Zweig visita uma fazenda de café, fica encantado com os sistemas manuais de colheitas, secagem. Ganha uma máquina enorme de fazer café. Ele fica encantado também com a mistura de raças, negros e brancos trabalhando lado a lado. Ele acaba não conhecendo o preconceito além do trabalho. Mas é fato que no Brasil há mistura de raças, casamentos inter-raciais. E Zweig vinha de uma Europa que passava há décadas a perseguir e segregar judeus, deve realmente ter se encantado com nossa miscigenação. Mesmo que não sejamos assim tão acolhedores com todos os povos.
Obra Vista do Rio de Janeiro (1982) de Lia Mitakkaris

Obviamente Zweig fica encantado com o Rio de Janeiro. As praias, os cariocas nas praias, o ritmo da cidade. Amei o livro.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

De Amor e Trevas

Assisti De Amor e Trevas (2015) de Natalie Portman no Telecine Play. É baseado em um livro do Amos Oz sobre suas memórias. É inacreditável mas nunca li nenhum livro desse autor. Meus amigos já leram, mas eu ainda não. Nesse livro Amos Oz conta a trágica história de sua família. A sinopse conta o final do filme.
Quem relata a história é o garoto.  Tudo é visto pelo olhar do garoto. Ele começa contando a história da mãe quando criança, ela vinha de uma família de posses e viviam confortáveis. A mãe se casa e tem seu único filho. Judeus, eles inicialmente fogem da Ucrânia, depois na Segunda Guerra Mundial fogem para o Mandato Britânico na Palestina. É época de muita tristeza, fome e miséria. O pai é escritor, fiquei curiosa para conhecer o livro do pai de Amos e trabalha em uma livraria. A mãe adora contar histórias para o filho, interessante que não são histórias infantis, algumas são bem trágicas. Histórias de tradição oral. O menino é louco pela mãe.
Os ingleses tiram a posse da terra, é criado o Estado de Israel, o pai fica eufórico, a mãe nem tanto e é quando o casal começa a se descompassar. Os palestinos são segregados e começam a se confrontar com os israelenses. Há muita sutileza em falar dos confrontos. Na narração falam que palestinos e israelenses passaram a se atacar quando na verdade quem sempre atacou os judeus e os palestinos foram a Europa e em vez deles lutarem com quem os massacrou, eles passaram a brigar entre si. O pai vai a luta armada, o garoto passa a colaborar procurando objetos, tudo com muito risco, bombas e violência. 

Pela casa deles ser mais segura, eles abrigam várias famílias separadas por lençóis. Uma amiga da mãe é morta. A mãe vai se silenciando em uma dor sem fim. É lindo demais como o garoto cuida da mãe, de cortar o coração. Gostei demais do filme, da delicadeza como é retratado. O garoto cuida muito da mãe, com uma dedicação que emociona. É no garoto que a mãe se ampara. Lindinho quando o garoto imagina várias formas de salvar a mãe como se fosse um super herói. Com a desilusão, o garoto vai viver no Kibbutz Hulda e muda de nome. Gostei da direção, da delicadeza em mostrar o universo feminino e suas sensibilidades, pouco visualizadas pelo perfil masculino. Natalie Portman está maravilhosa e como é fofo o ator que faz o garoto, Amir Tessler, é o único filme que ele atuou. O marido foi interpretado por Gilad Kahana. O filme é falado em hebraico, não sabia que Natalie Portman fala em hebraico, nem que ela é judia, nem que nasceu em Jerusalém. A família dela se mudou para os Estados Unidos quando ela era bebê. Minha admiração por essa atriz aumentou mais ainda após esse filme.

Beijos,
Pedrita