quarta-feira, 18 de março de 2015

Alemão

Assisti Alemão (2014) de José Eduardo Belmonte no Telecine Pipoca. Eu não pensava em ver esse filme e pensava menos ainda depois de duas zapeadas onde vi cenas muito pesadas. Sim, Alemão é um filme pesado, mas por um azar inexplicável, as duas zapeadas pegaram a única cena demasiadamente pesada. O filme todo é pesado, mas não naquele grau que vi. Dá pra assistir e é muito bem realizado, filmado, dirigido, ótimo elenco, é um bom filme.

Alemão tem como base a invasão da polícia federal no Morro do Alemão para expulsar os traficantes de lá e iniciar a pacificação. Após esse fato histórico, resolveram fazer um filme que terminaria nesse fato. Acontece então uma semana antes, com a descoberta de policiais infiltrados. Eles se escondem em uma pizzaria no morro. O chefe dos traficantes é interpretado por Cauã Reymond

Os policiais por Gabriel Braga Nunes, Caio Blat, Marcello Melo Jr. Milhem Cortaz e Otávio Müller. As mulheres são interpretadas por Mariana Nunes e Aisha Jambo. Do lado de fora, na delegacia de polícia, o chefe da operação é interpretado por Antonio Fagundes. Alemão mostra uma polícia despreparada, que comete uma série de equívocos e se coloca em risco. Enquanto os traficantes estão muito melhor organizados e preparados. Alemão foi pensado para o cinema e não foi adaptado para a televisão. Os textos iniciais ficam quase ilegíveis e muito rápidos.

Hugo também falou desse filme no blog dele.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 17 de março de 2015

Quase um Século - Imagens da Memória

Terminei de ler Quase um Século - Imagens da Memória (2015) de Rodolfo Nanni da Akron. Eu conhecia um pouco desse cineasta, mas a sensação é que descobri que conhecia pouco demais. É fantástico. Rodolfo Nanni é primo de Victor Brecheret. Teve paixão inicial pela pintura, quando estudou com Anita Malfatti e fez um retrato dela. As artes plásticas o levaram a Europa, mas foi o cinema que acabou prevalecendo.

Rodolfo Nanni acabou despertando o desejo de fazer documentários para falar através do cinema do que o afligia, o que via. Fez em 1959 o documentário O Drama das Secas, muito triste na biografia ele contar como o material bruto se perdeu. 50 anos depois ele resolveu percorrer o mesmo caminho para ver como a região estava e fez o documentário O Retorno que falei aqui.

Rodolfo Nanni foi o diretor do primeiro filme infantil brasileiro, O Saci, que comentei aqui. Rodolfo Nanni foi muito próximo de outro grande diretor de cinema brasileiro, Walter Hugo Khouri, entre os meus diretores preferidos. A casa que viveu Rodolfo Nanni na rua Oscar Freire serviu de locação para o filme As Amorosas de Walter Hugo Khouri, eu não vi esse filme e quero muito ver. Foi nesse filme que Rodolfo Nanni conheceu Lilian Lemmertz e a convidou para estrelar  Cordélia, Cordélia (1971) com participação da Júlia Lemmertz, quero muito ver esse filme e os outros documentários que realizou. 

Obra Casario Parisiense (1949) de Rodolfo Nanni

O livro fala das viagens, da dificuldade de fazer cinema no Brasil. Rodolfo Nanni também conta de sua vida pessoal, de seu filho Pedro Nanni que seguiu para o cinema. Da sua segunda esposa, Anna Maria Kieffer com quem realiza projetos multidisciplinares. Alguns desses projetos comentei aqui. É fascinante ler tantos fatos incríveis, saber de tantas pessoas incríveis que Nanni conheceu, tanto contato com cultura, com pessoas que fazem cultura.

Beijos,
Pedrita

domingo, 15 de março de 2015

Birdman

Assisti no cinema Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014) de Alejandro Gonzáles Iñárritu. Eu queria muito ver esse filme, já tinha tentado em outra data. Nem achei que estava ainda em cartaz, foi uma felicidade descobrir que estava em algumas salas em poucos horários. Gosto muito desse hábito atual dos filmes não ocuparem uma sala na totalidade e estarem em alguns horários. Eu amo esse diretor mexicano, está entre os meus preferidos. Seus filmes são sempre densos e difíceis. Birdman é baseado no livro de Raymond Carver,

Eu tinha visto Babel de Iñarritu e Birdman é muito diferente. Babel é global, grande elenco, em vários países. Birdman tem um pequeno elenco, cenas intimistas, muitos monólogos. Incrível como esse diretor é versátil. As caminhadas de câmeras são impressionantes. Mais impressionantes é que elas não seguem o ator, em algum momento a edição tem uma união onde vai para outro tempo, absolutamente genial, mas nós nem percebemos. Uma aula de cinema. 

Birdman permite tantas leituras, é tão complexo, com tantos temas, que é difícil falar sobre ele. É definitivamente o melhor papel de Michael Keaton. Incrível como o filme se mistura a realidade, tem metaliguagem. Fala de família, teatro, cinema, indústria americana de cinema, idade, prepotência, drogas. São tantos assuntos que fica fantástico.

Estranhamente Birdman fala de algo muito atual que se confunde com a vida do ator. O protagonista fez várias sequências de filmes de super-heróis, o Birdman. Ganhou muito dinheiro e é uma celebridade, mas ele só emprestou o corpo para o super-herói, nem a voz é dele, a maioria são efeitos especiais. Será então um ator? Interessante que a questão da celebridade também é forte no Brasil, alguém que fica famoso, mas não pelo seu talento e a dificuldade de depois tentar provar que é bom em algo e lidar com todo o preconceito. O protagonista quer estrear uma peça na Broadway e é questionado por todos se merece ocupar um teatro quando atores de verdade poderiam fazê-lo bem melhor. Mas será mesmo? Outra ironia é que eles precisam trocar um ator que teve um acidente, mas todos os ótimos atores que desejam estão comprometidos com filmes de super-heróis e suas sequências como Robert Downey Jr.


Os atores estão despidos de suas vaidades como no teatro. Fazem muitas cenas ridículas. Também não há tratamento de imagem que atenuem as rugas, estão lá com suas imperfeições e idade real. O elenco é todo maravilhoso e com atores que amo: Naomi Watts e Edward Norton. Outros que estão ótimos são: Emma Stone, Zach Galifianakis, Andrea Riseborough e Amy Ryan. Birdman ganhou merecidamente inúmeros prêmios: 4 Oscars - Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. Michael Keaton ganhou Melhor Ator de Comédia no Globo de Ouro.
Neste blog tenho do mesmo diretor o maravilhoso Biutiful.
Muitos amigos blogueiros falaram do filme aguçando a minha vontade de ver. Só agora que vou ler em detalhes porque não gosto de saber antes detalhes dos filmes. Vou linká-los aqui:
Panoticum
Filme do Dia



Beijos,
Pedrita