quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Their Finest

Assisti Their Finest (2016) de Lone Scherfig no TelecinePlay. Esse filme estava lá em drama, nunca tinha ouvido falar, resolvi ver. A diretora é dinamarquesa e a autora Lissa Evans, inglesa. O filme passa a ter então um delicado olhar feminino sobre preconceito, machismo, sobre a volubilidade da vida principalmente em períodos de guerra e sobre cinema. No Telecine está com o nome de Sua Melhor História.

Uma jovem consegue um emprego de roteirista, ela é interpretada pela bela Gemma Arterton. As vagas passam a ser muito ocupadas por mulheres na guerra já que poucos homens não vão para a luta. O marido dela (Jack Huston) tem um problema na perna, é artista plástico, trabalha em um posto, mas não consegue vender seus quadros e fica muito incomodado que a roteirista consegue pagar o aluguel. Ele vive diminuindo-a. Mas é tudo muito sutil, não sei qualquer pessoa percebe as sabotagens que fazem as mulheres no filme.
 O tempo todo essa roteirista tenta dar voz as mulheres, mas sempre algo acontece e elas são abafadas. Ela iria ajudar no roteiro de um filme sobre Dunkirk e seria responsável pelo papo de mulher. Os filmes vem agradando muito pouco as mulheres que são as que mais assistem filmes agora já que muitos homens estão na guerra. Então colocar uma mulher para escrever o papo de mulher poderia ser a solução. E ela é tratada exatamente assim, a que faz texto para mulheres e nada mais. O roteirista que trabalha com ela é interpretado por Sam Clafin. As protagonistas do filme seria inspiradas em duas irmãs gêmeas (Francesca e Lilly Knight) que pegam escondido o barco do pai e seguem para salvar os soldados em Dunkirk. Mas aí começam as influências, tinha que ter um herói. Tem que ter um ator americano (Jack Lacy) para estimular o ânimo dos soldados americanos. Então as gêmeas (Claudia Jessie e Stephanie Hyam) vão voltando ao pano de fundo no filme. Como é no cinema, o filme não sai como planejado, não há quem possa consertar o barco no filme, seria um homem que está acamado, outro foi pra guerra. e pronto, as gêmeas voltam ao protagonismo por mero acaso. Escrevem então a cena que é a gêmea que desce no mar para soltar a hélice e é a gêmea que fica heroína e o filme e um grande sucesso. 
Outra sutileza feminina é o agente (Eddie Marsan) do ator famoso (Bill Nighy). Um homem tolerante gentil que acaba morrendo em um bombardeiro. Sua irmã (Helen McCrory) resolve assumir a função. Diferente dele ela é firme, enérgica e determinada. Alguns outros do elenco são: Jeremy Irons e Richard E. Grant.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Sharp Objects

Assisti a série Sharp Objects (2018) de Marti Noxon na HBO. Eu queria muito ver essa série e é incrível, a questão é que estragaram o final, não pelo desfecho, mas porque deixaram inúmeras pontas soltas e pecaram na coerência só para serem surpreendentes. Há uma prática atual em surpreender em filmes e séries a qualquer custo, então pouco importa se vai ter uma infinidade de furos, o importante é chocar. Eu não li o livro e a sensação que vi com os comentários na internet é que quem entendeu detalhadamente é quem leu o livro de Gillian Flynn.

Uma jornalista é enviada pra a cidade que nasceu para fazer matérias sobre assassinatos em séries de meninas. Amy Adams está maravilhosa como essa moça perturbada, grande personagem, a atriz inclusive é uma das produtoras da série. Camille tenta até não ir de volta a sua cidade, reluta, mas o chefe dela insiste, espero que ele tenha bastante peso na consciência por proporcionar esses horrores a sua funcionária que ele dizia ser amigo. Sua mãe é um horror, não quer que a moça se hospede na casa dela, muito menos que ela se aproxime da meia-irmã. Seu padrasto também é medonho. A mãe é interpretada por Patricia Clarkson, Amma por Eliza Scalen e o padrasto por Henry Czerny. Logo no início eu já desconfiei quem seria, quase acertei, acho que perceberam que muitos acertaram, talvez por isso mudaram.

Logo ficamos sabendo que Camille se auto mutila e que perdeu sua irmã quando eram crianças. As duas atrizes são meninas que vem aparecendo bastante em filmes recentes, lindas e talentosas: Sophia Lillis e Lulu Wilson. A mãe tenta a todo custo provar a todos da cidade que Camille é desequilibrada, que é o mal de todos, muito comum em mães doentes criar um filho rebelde culpado de tudo o que de ruim acontece em uma família.


Vou falar detalhes do final: Ok, eu achei que a Camille foi aceitar o envenenamento da mãe da mesma forma que se auto mutilava, mas não, era pra proteger a irmã, foi um recurso pra demorar a solução da série que ficou fraco e ruim, e arrastou muito o tempo do envenenamento e os suspenses pro socorro que demorou a chegar, enfim, tudo pra aumentar o suspense em detrimento da narrativa, pra depois o desfecho ser um corre corre mal explicado.

O policial da cidade tinha uma paixão pela mãe de Camille, platônica ou não, mas o policial de fora descobre que a mãe envenenava as meninas. Os policiais são interpretados por Chris Messina e Matt Craven. Não fica muito claro, mas percebemos que mandaram embora a funcionária do hospital que descobriu substâncias na menina e encobriram. Mas o policial de fora descobriu e passou as provas pra Camille. Por que Camille não procurou o policial pra eles tirarem a meia-irmã dela da casa? Se depois fica claro que a Camille queria salvar a meia-irmã. Só pra demorar mais o suspense? Ficar mais dramático? As duas tinham nas substâncias que a mãe fazia elas beber veneno de rato. Por que o hospital não marcou psicólogo e psiquiatra intensivos pras duas irmãs depois da desintoxicação? No Brasil há negligência muitas vezes nessas questões, mas nos Estados Unidos não. Camille leva Amma pra casa e fica tudo por isso mesmo. As duas não vão se tratar. Claramente Amma continua com adoração doentia por essa mãe que a envenenou, precisava de terapia umas 3 vezes por semana mais psiquiatra, mas na série fica tudo por isso mesmo. E aí o final fica um corre corre e esclarecem um pouco nos créditos finais o que realmente aconteceu, mas igualmente não fica claro. O policial de outra cidade sempre disse e diz novamente no final que a mãe não poderia ter tirado os dentes das meninas mortas sozinha, que teria um cúmplice. O padrasto continua na casa, a empregada continua na casa, os dois foram claramente cúmplices ou omissos com os "remédios" que a mãe aplicava nas filhas e fica tudo por isso mesmo. Camille inclusive já tinha se internado em uma clínica para tratar dos motivos da auto mutilação. Claro, na clínica ela tem outro choque, mas como não fez mais terapia e tratamento psiquiátrico? Como com tanto tratamento não sabia lidar melhor com as neuroses e doenças familiares? Camille parecia uma mulher muito inteligente para ficar tão burra no final. A mãe das meninas era assassina também, matou uma filha e tentava matar as outras duas. Mesmo Amma sendo a serial killer, a mãe continuava monstra, a série parece que atenuou a mãe só por ela não ser a serial killer? Mas a mãe também era uma assassina em série de filhas. A série estava muito bem feita até o último episódio, uma pena que estragaram o final, não sei se o livro cometeu o mesmo equívoco, de subestimar a mãe já que a filha q era a serial killer.  Pra surpreender? Em detrimento da compreensão?

O próprio policial da cidade abafou as provas e nada se fala dele.  Não é afastado do cargo, nem preso, e muito menos  passa a ser suspeito de ser o ajudante da assassina. Estragaram o final. E novamente volto a dizer, quem leu o livro escrevia no twitter entendendo tudo, porque o livro parece que explicou mais. Mas fiquei com pé atrás do livro também que antes queria ler, agora nem tanto.

Beijos,
Pedrita