sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Homem do Trem

Assisti O Homem do Trem (2002) do Patrice Leconte em DVD na casa da minha irmã. Eu amo esse diretor, tento sempre que dá ver seus filmes no cinema. Esse nem sabia da existência e fiquei esfuziante quando vi entre os DVDs da minha irmã e me programei pra ver. É a história de dois homens, um cheio de aventuras e outra pacata e regrada. Os dois já mais velhos, o pacato um pouco mais, desejam viver a vida do outro. O nome no Brasil é inacreditável de tão ruim: Uma Passagem Para a Vida. O filme é todo em tom azulado, belíssimo! Logo no início já vemos a beleza da filmagem do Leconte, além do tom azulado acompanhamos o andar desse forasteiro chegando na pacata cidade, ele entra e atravessa um prédio, enquanto nós estamos mais longe e acompanhamos a caminhada do lado de fora.

Os dois atores estão impressionantes: Jean Rochefort e Johnny Hallyday. Minha irmã disse que viu com o marido e eles gostaram tanto que passaram uns dois dias comentando, lembrando cenas e redescrobrindo o filme. Realmente é isso, são cenas tão impactantes e impressionantes, um filme majestoso. Esse forasteiro chega na cidade, um senhor oferece um copo d´água, os dois começam a travar relações. A casa desse senhor é antiga, mal conservada e com muitos móveis antigos. Lembrei o que uma amiga que mora na França comentou, na Europa eles gostam de móveis minimalistas, estão cansados dos móveis antigos, enquanto nós, que temos pouco essa tradição, achamos fascinantes.

O senhor é um professor de poesia, o outro um forasteiro. O professor ama o casaco de couro do forasteiro e o forasteiro sonha em ter pantufas. Tudo é milimétrico, perfeito e inteligente. Adorei o senhor fazendo aqueles quebra-cabeças enormes, deu saudade, acho q vou montar um aqui. O Homem do Trem ganhou vários prêmios como Melhor Filme e Melhor Ator para Jean Rochefort no Festival de Veneza.







Adorei que o post de Natal tenha sido com esse maravilhoso filme! Um maravilhoso Natal a todos vocês! Vejam que minha gata veio cumprimentá-los nesse post também!



Beijos,


Pedrita

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Triste Fim de Policarpo Quaresma

Terminei de ler Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) de Lima Barreto. Comprei daquela Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros, não a dessa belíssima capa, é um livro fácil e barato de achar em sebos. Esse livro é da série "Todo Mundo Leu Menos Você". O 007 inclusive brincou que até ele leu. Gostei demais, eu tinha adorado o filme com o Paulo José fazendo o Policarpo Quaresma e não foi diferente  com o livro. Logo no início me identifiquei. Policarpo Quaresma fica amigo de um violeiro, resolve aprender violão e os vizinhos não se conformam como o Quaresma pode se misturar com essa gente. Hoje muita gente ainda acha que quem toca violão é vagabundo, não presta e pior, não trabalha. Se for violino não, mas violão!

Obra Serenata (1925) de Di Cavalcanti

Triste Fim de Policarpo Quaresma é dividido em partes e foi escrito inicialmente para um folhetim. É muito triste e irônico. Incrível como é atual! É um livro triste e desiludido! Policarpo Quaresma tenta a vida na agricultura, claro que ele não tem conhecimentos, mas mesmo assim ele consegue um pequeno lucro que é todo perdido depois com a cobrança de impostos. A história da Ismênia é muito triste!

Obra Estudo de Quatro Cabeças de Artur Timóteo da Costa

Trechos de Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto:

“Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde.”

“Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fora a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “Se não era formado, para quê? Pedantismo!”

“Mas não foi preciso pôr a carta; a vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que coisa? Um homem tão sério metido nessas malandragens?”  






Beijos,

Pedrita

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Círculo

Assisti O Círculo (2000) de Jafar Panahi  em DVD na casa da minha irmã. Assim que vi esse filme entre os DVDs da minha irmã quis ver. Esse filme é iraniano, mas está censurado no país. Li uma entrevista do diretor onde ele diz que a maioria das produções iranianas são proibidas. É um filme difícil, que mostra a condição da mulher em um país onde elas não tem voz, liberdade e nem direitos. Para uma mulher no Irã ser presa não precisa muito e O Círculo mostra muito bem isso. Acabo de ler inclusive uma notícia de 20 de dezembro agora que fala que o diretor Jafar Panahi foi condenado há 6 anos de prisão no Irã por ter feito campanha contra o país nos seus filmes. O Círculo relata histórias de várias mulheres. A primeira mostra claramente o que é ser mulher nesse país. Começa com o nascimento de um bebê, a avó é informada que nasceu uma linda menina, a avó pergunta várias vezes se eles têm certeza de que é uma menina, já que o ultrassom dizia que era um menino. A avó fica desesperada e vai avisar outra filha para avisar a família e diz para a enfermeira que a família deverá pedir o divórcio porque nasceu uma menina. Divórcio em um país que mulheres não podem andar sozinhas. O Círculo ganhou Leão de Ouro no Festival de Veneza.


As mulheres não podem andar sozinhas nas ruas. Para viajar elas precisam de autorização dos pais ou marido. Enquanto os homens andam de camisa de manga curta, jeans, nas ruas, falam de negócios, as mulheres andam  com roupas em cima de outras, véus, escondidas, com medo, só falam entre si e são presas. A próxima história são de mulheres que foram soltas da prisão, estão com o passe de saída, mas sem identidade e querem viajar, a dificuldade para conseguir dinheiro. A mais nova que acaba de sair da prisão tem somente 18 anos. Uma amiga do trio é abordada por policiais e vai presa, as outras duas não entendem já que ela tinha o passe de saída. Nesse país sem direitos, esse passe parece não valer nada.  Depois é outra mulher que é expulsa pelo pai e irmãos, ninguém apoia uma mulher. Ela vai pedir ajuda a uma amiga enfermeira porque precisa abortar já que engravidou sem ser casada. No livro Infiel que li, a  autora Ayaan Hirsi Ali diz que em alguns países mulheres que andam sozinhas podem sofrer qualquer violência ou abuso sexual, já que mulheres sérias não andam sozinhas nas ruas. Em O Círculo elas ressaltam isso o tempo todo, quando não são os homens que questionam porque elas andam sozinhas sem os pais ou o marido. Mesmo para viajar, só podem fazer acompanhadas ou com autorização dos pais ou marido.

Depois vemos outra mulher que tenta largar a filha para ver se ela tem um destino melhor, já que ela e a filha não tem identidade. Essas mulheres que tem o passe de saída não tem mais identidade e com isso quase nada podem fazer, e os homens não querem falar com elas muito menos ajudá-las. O Círculo é um filme cruel e triste, que mostra um país onde as mulheres não têm direito algum, são presas por qualquer motivo, mesmo as livres não tem liberdade. Todas andavam nas ruas se escondendo, como bichos acuados, enquanto os homens andam normalmente, elas estão sempre com medo. O elenco é incrível, corajosas essas mulheres que aceitaram participar do filme, se elas ainda vivem no país, eu temo pela vida delas.





Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Culpa é do Fidel

Assisti A Culpa é de Fidel (2006) de Julie Gavras no Max. Mais um filme que quis ver nos cinemas e não consegui. É da filha do Costa-Gravas. O filme é baseado no livro de Domitila Calamai. Uma família na França muda radicalmente. Bem nascidos, a vida muda quando um marido é assassinado na Espanha por fazer resistência a ditadura. O filme é todo sob o olhar de uma criança que sofre com as mudanças radicais da vida da sua família e com o pouco diálogo. Quando a irmã do pai chega da Espanha depois da morte do seu marido, o pai, um advogado, resolve mudar tudo para ajudar as pessoas que sofrem a opressão de regimes ditatoriais. Eles mudam de casa, passam a ter muita gente indo para reuniões no pequeno apartamento e tudo o que a menina sabe é de quem cuida dela e do irmão.

"A Culpa é do Fidel" surge exatamente da primeira babá das crianças. Cubana, ela conta que Fidel, um comunista, expulsa as pessoas de suas casas, que os comunistas mudam sempre e usam barbas. Os pais ficam tão envolvidos nas causas que abraçam que passam realmente a viajar muito e conversar pouco. Eles têm pouca habilidade para lidar com os filhos e adaptá-los a nova vida. Essa menina passa a ter muito medo das novas mudanças com tudo o que ouve de forma distorcida. Só quando ela começa a ter menos medo dos amigos barbudos do pai e conversar com eles é que começa a entender a escolhas dos pais e fazer menor resistência. A Culpa do Fidel é um filme lindo, bem realizado e muito original.


O elenco é ótimo. A menina está excelente interpretada por Nina Kervel-Bey. Os pais são Julie Depardieu e Stefano Accorsi. O irmão da menina é Benjamin Feuillet. O elenco é bem extenso já que há muitas pessoas que passam pela vida da menina e pelo apartamento. Alguns são: Martine Chevallier, Marie Kremer e Mar Sodupe.



Beijos,


Pedrita

domingo, 19 de dezembro de 2010

O Banheiro do Papa

Assisti O Banheiro do Papa (2007) de César Charlone e Enrique Fernándeno Max. É outro filme que queria muito ver quando esteve nos cinemas, foi muito elogiado, mas não consegui. É uma co-produção entre Uruguai, Brasil e França. Eu gosto muito que o HBO-Max passe esses filmes que quis tanto ver nos cinemas e não são tão fáceis de encontrar. Relata a vida de uma cidade pequena no Uruguai na época da vinda do papa ao Brasil e ao Uruguai. A cidade acompanhou pela televisão a multidão que acompanhava essa visita ao Brasil. A cidade é muito pobre e resolveu ganhar algum dinheiro com a multidão. O filme mostra a cidade se mobilizando para receber o papa e a multidão.

Muitos da cidade vivem do contrabando na fronteira. Eles vão de bicicleta buscar produtos para abastecer os pequenos mercados da cidade. Se eles passam na fronteira os produtos são confiscados, se eles passam ao lado, raramente são pegos. Só se um vai de vez em quando de carro pará-los. Todo mundo sabe, faz vista grossa, só agem se passam pela fronteira. O filme foca em uma família, o pai sonha ter uma moto para carregar mais produtos. Ele que sonha fazer  O Banheiro do Papa. Na verdade ele pensa mais na multidão. Ele tem um banheiro de madeira precário, resolve construir um melhor e cobrar. Um vende a casa pra comprar duas vacas,outros  compram máquina pra fazer linguiça, fazem muitos pães, doces, comidas, mas o Papa vem perto mas não vai até a cidade. O Banheiro do Papa é um filme sensacional,  mereceu todos os elogios que li. O Banheiro do Papa ganhou  prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cinema Latino-Americano de Huelva, entre outros prêmios.

Alguns do elenco são: César Troncoso, Virgínia Mendez, Virgínia Ruiz, Mario Silva e Henry de Leon




Beijos,

Pedrita