Assisti À Espera na Oficina Cultural Oswald de Andrade. A direção foi de Hugo Coelho e o texto instigante de Sergio Roveri. Gostei muito! Duas mulheres vivem de modo metódico. Uma conta os pingos d´água a noite toda porque não dorme e a outra conta seus sonhos quando acorda. Assim que o sol nasce elas vão ver a paisagem da janela.
Por que elas vivem ali? O que acontece com elas? Por que elas não saem dali? A dúvida permeia o espetáculo. O que aconteceu com elas pra viverem daquela forma? Enlouqueceram? Estão prestes a enlouquecer? É outra dimensão? Com essa convivência o texto fala de solidão, rotina, medo, dúvidas, muito interessante. Adoro a atriz Regina Maria Remencius, gostei muito da empostação de voz que ela utilizou na peça, forte, intensa. Sua companheira de infortúnio é interpretada por Ella Bellissoni.
As fotos são de Heloísa Bortz.
Depois de um tempo outro personagem aparece as dúvidas só aumentam. Ele é interpretado por Jean Dandrah. À Espera fica em cartaz até 21 de julho e é de graça.
Assisti Além da Morte (2017) de Niels Arden Oplev na HBO On Demand. Eu adoro esse gênero. Para variar o nome no Brasil é péssimo. É uma versão recente do incrível Linha Mortal. Funciona, tem bom elenco e esse roteiro é muito bom. O diretor é dinamarquês.
Cinco jovens estudantes de medicina resolvem brincar com a morte. Uma delas quer saber o que veem na morte e convence os outros a matá-la e ressuscita-la logo depois. Outros três querem a experiência também, já que essa primeira fica com a memória muito potente, lembra claramente de fatos e fica muito mais produtiva na faculdade.
Essa energia e percepção é só no começo, depois vem a parte que eu mais gosto, a dos fantasminhas. Eles começam a ter alucinações. Gosto muito também da discussão ética. Acabou sendo muito atual discutir ética na medicina. Eu gostei do elenco. Eu conheço mais Ellen Page e Diego Luna. Lindos os outros três também Kersey Clemons, James Norton e Nina Dobrev. Kiefer Sutherland que estava na primeira versão faz o professor carrasco com péssima caracterização. Alguns outros do elenco são Madison Brydges, Jacob Soley, Anna Arden, Miguel Anthony e Jenny Raven.
Assisti Moonlight (2016) de Barry Jenkins na Netflix e Max. Comecei a ver na Netflix, eu não tenho esse recurso. Aí passou no Max e gravei para ver o resto. O Max colocou nesse fim de semana filmes sobre diversidade e esse estava na lista. Eu tinha alta expectativa em ver esse filme. Sim, é bom, mas não achei genial, já vi filmes que falam de diversidade bem mais profundos e contundentes.
Moonlight é bem sutil na questão da diversidade e bem mais profundo na questão do abandono infantil. O protagonista sofre muito, a mãe se vicia em drogas, fica muito violenta. Ele conhece um homem que é casado e esses dois que ajudam um pouco o garoto com os seus conflitos, mas muito pouco. O garoto mesmo é que tem que se defender do mundo. Por baixa estima ele sofre muito bullying na escola e quando reage é muito violento e é preso. Alguns momentos em Moonlight soam muito, mas muito artificiais e eu particularmente achei bem falsa a questão da sexualidade e o celibato por tantos anos mesmo vivendo preso e na criminalidade.
Moonlight passa em três momentos desse garoto até a vida adulta. O filme é muito arrastado. Outra bandeira do filme é que foi todo realizado por negros, produção, elenco, mas eu já vi vários filmes americanos assim. Como nos Estados Unidos a segregação racial é clara, atenuou um pouco atualmente, mas os negros vivem em bairros diferentes e tudo lá é feito por negros: médicos, juízes, advogados e também o cinema, achei frouxo esse discurso. O cinema feito por negros nos Estados Unidos já é uma realidade há anos. Chiron é interpretado por três atores: Alex R. Hibertt, Ashton Sanders e Trevant Roders. A mãe por Naomie Harris. O casal amigo do garoto por Mahershala Ali e Janellé Monáe. O amigo é interpretado por Jharrel Jerome e André Holland.