segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Colonos do Café de Maria Sílvia Beozzo Bassanezi

Terminei de ler Colonos do Café (2019) de Maria Sílvia Beozzo Bassanezi da Editora Contexto. Não lembro como tomei conhecimento desse livro, o que sei é que anotei na lista de livros que queria ler. Nem sei se foi matéria. Preciso começar a anotar como fiquei sabendo. Tenho muito interesse pelo tema. Eu comprei na Feira de Livros da USP por R$ 10,00.

O marcador de livro é da Livraria Cultura com obra naief de Lucia Buccini

Obra Café (1935) de Cândido Portinari

O livro veio depois de uma tese. A pesquisadora e historiadora estudou o colonato, prática utilizada para os imigrantes europeus que vieram em massa ao Brasil para trabalhar noas lavouras de café. Conhecia um pouco do tema que estudei na escola, complementado pelas novelas na TV Globo, mas queria conhecer mais sobre o assunto. 

Obra naief de Lucia Buccini

A autora focou na Fazenda de Santa Gertrudes em Rio Claro. Na obra, ela conta que é a fazenda que encontrou mais documentos, fotos, relatórios sobre o período. A Fazenda Santa Gertrudes preferia imigrantes italianos. Tinham de outras nacionalidades, mas a predominância era de italianos. Tinham ainda negros e portugueses. Diferente de outras fazendas, teve muito pouco japoneses, os poucos que vieram partiram logo. Bassanezi acha que as diferenças culturais devem ter afastado esses imigrantes. Todas as relações eram na fazenda, trabalhavam demasiadamente, tinham ainda pedaços pequenos de terra a meia, então quando os imigrantes tinham tempo investiam em suas pequenas propriedades. Criavam porcos, galinhas, tinham horta, boa parte para a sua própria subsistência. Os porcos vendiam na cidade já que pagavam melhor. Poucos conseguiam juntar dinheiro e no futuro conseguiram comprar terras ou abrir negócios na cidade.
Obra Colheita do Café de Antonio Ferrigno

A historiadora relata que os casamentos eram realizados entre os colonos da mesma fazenda, com raras exceções. Mas ela conta a rotina de trabalho, então os colonos pouco tinham tempo de ir a outros lugares. Mesmo as festas religiosas aconteciam na própria fazenda que tinha igreja e missas realizadas lá mesmo. Então os colonos tinham mais chance de conhecer entre os moradores da própria fazenda que trabalhavam. 
Obra Colheita do Café (1984) de Manoel Costa

Era alta a mortalidade. As mulheres em geral por problemas ligados ao parto. As mulheres casavam novamente se tinham até 30 anos, quando ainda estavam no período mais fértil para ter filhos e tinham ficado viúvas cedo. Após os 40 anos, a maioria não casava novamente. Bassanezi acredita que se a Fazenda Santa Gertrudes tivesse alguns cuidados já existentes na época a mortalidade infantil seria menor. Como usar botas, alguns hábitos de higiene. Gostei da obra e é uma bela edição. Há várias fotos históricas, gráficos, uma bibliografia extensa. 

Beijos,
Pedrita

sábado, 28 de dezembro de 2019

De Onde eu te Vejo

Assisti De Onde eu te Vejo (2014) de Luiz Villaça na Netflix. Eu queria muito ver esse filme, o trailer é ótimo.

Um casal se separa e cada um vai morar em frente ao outro. Não tem como não ficar triste vendo o Domingos Montagner. Ele é o ex-marido, a Denise Fraga a ex. Demorei para ter coragem de ver.

Eles tem uma filha adolescente interpretada por outra atriz que adoro, Manoeli Aliperti. A melhor amiga dos dois é interpretada pela Marisa Orth. O namorado da filha por Kauê Telloni. O pretendente pra ex, Marcelo Airoldi.

O que o filme mais mexeu comigo foi ter falado da especulação imobiliária no centro da cidade de São Paulo e da destruição de espaços históricos. Em alguns momentos a destruição estava na ficção, mas quem mora em São Paulo, sabe o quanto as construtoras vem destruindo a nossa história. Para ajudar a contar essa triste parte da história da cidade fizeram os dois protagonistas serem jornalista e arquiteta. Os dois viveram sempre no centro, sua história se mistura aos lugares tradicionais e históricos. 
Pra piorar, a protagonista não consegue emprego na sua área. É cada vez mais difícil conseguir empregos para arquitetos e jornalistas. Pouco criativo se constrói de novo. Então ela vai trabalhar em uma empresa que tenta  convencer as pessoas a vender suas casas históricas para as construtoras.

Para contar essa história grandes atores aparecem em participações: Laura Cardoso, Fúlvio Stefanini, Juca de Oliveira, Laila Zaid, Claudia Missura, Maurício de Barros e Fernando Sampaio.



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Retrospectiva 2019

Foi um ano de muitos eventos culturais. Vou dividir por tema, quem quiser só olha o tema de interesse.
Cinema
Foi difícil escolher, foi um ano de grandes filmes.
1 - Los Silencios
2 - Joaquim
3 - Berenice Procura
4 -O Jabuti e a Anta



Livros
Tenho procurado ler livros de escritoras, mas acabou sendo coincidência que todos os que gostei mais foram escritos por mulheres.


Teatro
2 - Invocadxs
3 - Zibaldone




Beijos,
Pedrita

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Mário Cravo Júnior - Cabeça de Tempo

Vi a exposição Cabeça de Tempo de Mário Cravo Júnior na Galeria Leme. A curadoria foi de Thaís Darzé. Essas obras foram feitas com destroços do incêndio que atingiu o Mercado Modelo de Salvador em 1980. Gostei demais da mostra.

Obra Sem Título (1983) de Mário Cravo Júnior

As obras me lembraram muito carrancas. Esse escultor modernista baiano denuncia o que o tempo faz em terras que não cultuam o passado. Mário Cravo Júnior tem obras expostas no mundo todo. Na Galeria Leme eram 30 peças expostas. .

Foto de Andrew Kemp

Por uma triste ironia do destino uma obra sua em Salvador foi destruída pelo fogo um pouco depois dessa exposição terminar
Bom Natal pra vcs!
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A Mula

Assisti A Mula (2018) de Clint Eastwood na HBO Go. Eu queria muito ver esse filme. Depois a Liliane do Paulamar comentou no blog dela. Eu esperei o filme entrar em cartaz no canal que eu tenho incluído no meu pacote. É um bom filme. Clint Eastwood tem feito filmes diferentes, que abordam temas pouco convencionais. Esse é baseado em um artigo sobre um homem de 90 anos que se torna Mula. Passa a levar drogas a longa distância.

O protagonista trabalhava com flores, participava daqueles eventos chatos de concorrência de flores, ganhava a maioria. Aqueles eventos com bailes cafonas. Com a internet, ele perde clientes e é despejado do sítio que cultivava as flores.

O personagem tinha uma vida conturbada com a família. Ele se afastou de todos e passou a viver só para o cultivo de flores e dos eventos pelo país. Abandonou a família. No filme, ele vai com sua caminhonete caindo aos pedaços no noivado da neta, era a única que tinha um pouco de contato com ele. 

Um homem da festa dá um cartão e fala pra ele ligar para o número do cartão caso precise de trabalho. Ele resiste mas procura o trabalho. Era pra levar drogas em longas distâncias. Como ele era um motorista exemplar, sem nenhuma multa, idoso, acaba sendo muito bem sucedido e passa a levar cada vez mais drogas. O dinheiro farto o conquista. Ele consegue comprar uma caminhonete chiquérrima, reaver o sítio, reformar o clube que fazia os bailes e os eventos das flores. O filme começou a me dar uma agonia enorme, eu ficava o tempo todo pensando que ele poderia ser pego.

Dentro dessa trama o filme aborda muitas questões. Boa parte das pessoas que estão no crime são imigrantes. Quando dois criminosos passam a seguir A Mula, eles que são revistados, porque "eles tem cara de suspeitos". Além de ser idoso, o protagonista era branco. Quando o policial vai procurar uma caminhonete preta no percurso, nem suspeita daquele idoso. No Brasil já usam muito idosos para crimes, grávidas também, porque atraem menos olhares. Embora agora já são alvos de blitz, em aeroportos, já que a prática de contratá-los tem sido grande. Os imigrantes são interpretados por Victor Razuk, Cesar de Leon, Patrick le Reyes, Noel Gugliemi, Roberto LaSardo e Gustavo Munoz. O chefe do tráfico é interpretado por Andy Garcia.
O filme também fala muito de perdão, família, envelhecimento, legalidade e informalidade. A própria filha do Clint, Alison Eastwood, faz a filha do personagem. A família do personagem é interpretada por Dianne West, Taissa Farmiga e Austin Freeman. Os policiais são interpretados por Bradley Cooper, Michael Peña e Laurence Fishburne.



Beijos,
Pedrita

sábado, 21 de dezembro de 2019

Concerto de Natal

Assisti ao Concerto de Natal na Paróquia do Divino Espírito Santo. Primeiro tocaram os excelentes Adélia Issa (soprano) e Edelton Gloeden (violão) que interpretaram lindas canções. Adélia contou que várias canções referem-se ao pastorzinho ruivo que tornou-se um religioso quando adulto.
Crédito da foto: Gal Oppido

Programa:

Joaquín Rodrigo (1901-1999) – Villancicos:
Pastorcito Santo (Lope de Vega)
Coplillas de Belén  (Victoria Kamhi)
Aire y Donaire  (Victoria Kamhi)
Agustín Barrios (1885-1944) – Villancico de la Navidad – violão solo 
Denis Apivor (1916-2004) – Hush-a-ba Burdie (canção escocesa)
Carlos Guastavino (1912-2000) – Por los campos verdes de Jerusalén  (Juana de Ibarbourou)
J.S. Bach (1685-1750) – Gavottes I – II – violão solo
Francisco Mignone (1897-1986) – Nana (cantiga de ninar)
Tradicional Francesa – Les Anges dans nos Campagnes
Tradicional Catalã – El Noi de la Mare – violão solo
Tradicional Espanhola – Campanas de Belén   
Ernst Mahle – Natal (Vinícius de Moraes)
Depois apresentou-se o Coral do Museu de Arte Sacra de São Paulo, uns 50 músicos, mais o maestro André Rodrigo. O grupo cantou músicas sacras e tradicionais de Natal.
Programa:
Lord make me to know – William Byrd
If ye love me – Thomas Tallis
Ave Maria – Furio Franceschini – arr. Heitor Villa-Lobos
Bambino Divino – Gian Paolo Dal Dosso
Ave Verum Corpus – Wolgang Amadeus Mozart
Gesù Bambino – Pietro Yon
Noite Feliz – Franz Gruber – arr. Damiano Cozella
As Quintas Culturais do Divino foram criadas para levantar recursos para o restauro da paróquia. A Officina de Restauro que vem fazendo o trabalho liderado pela Titina Corso que prepara jovens para o ofício. 



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Gentleman Jack

Assisti a série Gentleman Jack (2019) de Sally Wainwright na HBO Play. É uma série original da BBC. Resolvi ver do que se tratava essa série e acabei assistindo. Gostei bastante! É baseado nos diários de Anne Lister, uma homossexual britânica rica.

 A série narra o período que Anne Lister volta a sua cidade natal, Hallifax. De personalidade forte, ela assume os negócios da família já que seu pai estava envelhecido e esquecido. Ele continua conselheiro dela, mas ela passa a cuidar da propriedade.

Me incomodou logo no começo o tom jocoso. A protagonista fala com as câmeras, faz piadas, esse tom ameniza durante a série. Por Anne Lister ser forte e espirituosa, nem parecia que tinha sensibilidade atrás da casca de fortaleza, talvez os seus diários tivessem mesmo esse olhar sarcástico, debochado, mas pode ter sido uma licença poética da série e se foi isso, foi dispensável.

O tema é muito delicado para ser levado na brincadeira, só se era o modo da autora escrever que justificaria o tom da série. Mas apesar desse tom, a série aborda temas muito importantes, que infelizmente ainda tornam-se muito necessários. Anne Lister era uma mulher forte, que cuidava dos negócios da família de modo enérgico. Mesmo sendo ridicularizada pelos poderosos, eles acabavam dobrando-se nas negociações, porque ela não se intimidava quando eles queriam se aproveitar dela ou intimidá-la por ser mulher.

Anne Lister acaba se apaixonando por sua vizinha, outra rica jovem, mais nova que ela, de saúde muito frágil, por ser muito solitária e melancólica. As duas eram muito ricas, fato que acho que ajudava em não serem queimadas em fogueiras ou enforcadas, como faziam com casais homossexuais na época. Mesmo que a Anne Lister fosse hostilizada, espancada quando estava em lugares escondidos, a sociedade fingia aceitar porque elas tinham dinheiro. Mas as duas não fugiam da pressão social para casarem, sem falar nos caça dotes. Suranne Jones está ótima como Anne Lister. Gentleman Jack era como Hallifax se referia a Anne. Sophie Rundie está muito bem como a sensível Srta. Walker. Alguns outros do elenco são:  Gemma Jones, Timothy West, Joe Armstrong, Tom Lellis, Vincent Franklin, Gemma Whelan, Lucy Blake, Shaun Dooley, Albane Courtois, Amellie Bullmore, Amy-James Kelly e Peter Davison. A temporada tem 8 episódios e estão preparando a segunda.
Beijos,
Pedrita