Assisti no cinema ao filme O Saci (1951) de Rodolfo Nanni na Cinemateca Brasileira. Esse filme participou das comemorações dos 60 anos de existência. Foi uma exibição especial onde estava o diretor e os atores que fizeram o Pedrinho e a Narizinho, Lívio Nanni e Olga Maria Amâncio. Lívio é hoje médico e Olga é nutricionista, que tinha na época só 5 anos. Tinham algumas poucas crianças na exibição. Contaram que nos outros dias crianças e pessoas da terceira idade assistiram ao filme e que eles se surpreenderam com a alegria e manifestação das crianças. Na sessão que eu fui as crianças também se manifestaram. Interessante que um filme realizado há 60 anos, sem os efeitos especiais de hoje, em preto e branco, ainda cativa e empolga o público.
Eu adorei O Saci, acho que me empolguei tanto quanto as crianças. O filme foi realizado na cidade de Ribeirão Bonito. Depois da exibição, Rodolfo Nanni contou um pouco sobre as dificuldades de realização do filme. Rodolfo Nanni tinha acabado de chegar de Paris onde estudou cinema. Como não tinham os recursos de hoje eles improvisavam as fantasias. O assistente de direção foi Nelson Pereira dos Santos. A trilha sonora é de Claudio Santoro. A Tia Anastácia foi intepretada pela cozinheira de Monteiro Lobato. Eu amei a Sacizada só com crianças de Ribeirão Bonito, hilário o Saciólogo, lindo o menino. Outros do elenco são: Paulo Matozinho, Lívio Nanni, Otávio Araújo, Olga Maria, Maria Rosa Ribeiro e Aristéia Paula de Souza. E adorei conhecer essa versão do Sítio do Picapau Amarelo. O evento foi gratuito e ainda presentearam quem assistia com o DVD.
Terminei de ler Corações Sujos (2000) de Fernando Morais. Minha irmã que me emprestou esse livro que queria tanto ler. Fiquei felicíssima de saber que ela tinha essa obra. É uma bela edição da Companhia das Letras.O livro parece bastante extenso, mas há várias fotos, letras grandes, páginas sem nada que a leitura vai rápido. É linda a edição, mas eu particularmente prefiro melhor aproveitamento de papel e também imagino que se o livro for menor, melhorá o custo e aumentará o número de pessoas que possam adquiri-lo. Já existe uma edição econômica. Esse livro ganhou Prêmio Jabuti de Melhor Reportagem em 2001. Há um filme que já circula e faz sucesso pelos festivais, não vejo a hora de estrear nos cinemas. Já há o site do filme e novidades no facebook.
Eu não costumo ler nada antes de ler, imaginava que Corações Sujos falasse dos imigrantes japoneses, mas não tinha ideia que no Brasil tinha tido o Shindo Rimei, um grupo que matava japoneses traidores, e para serem considerados traidores bastava eles discordarem que o Japão tinha saído vencedor na Segunda Guerra Mundial. Esses traidores eram os Corações Sujos. Claro, haviam outras questões que os faziam traidores, que realmente eram atitudes traidoras quando eles ajudavam a polícia traduzindo os depoimentos. O Brasil não ajudou nem um pouco nesse processo. Getúlio Vargas proibiu escolas japonesas, que viessem jornais do Japão, que ouvissem rádios do Japão, que eles cultivassem sua cultura. E esses fatores ajudaram e muito na crença de que era mentira que o Japão perdeu a guerra. A forma para prendê-los era tão insana como as dos adeptos do Shindo Rimei, bastava um japonês não acreditar que o Japão perdeu a guerra e era preso. Chegou uma hora que as prisões estavam lotadas de japoneses e os crimes dos adeptos do Shindo Rimei continuava.
Sempre me surpreendo o quanto estudamos pouco sobre a história desse país, o quanto conhecemos pouco de nossa história. Fico feliz que surjam livros que tentem diminuir um pouco essa nossa alienação histórica. Corações Sujos relata o número aproximado de japoneses que vieram ao Brasil em várias levas.
Trechos de Corações Sujos de Fernando Morais
“A voz rouca e arrastada
parecia vir de outro mundo.”
“Nos primeiros sete anos
de duração do acordo entre os dois países, o Japão despachou para o Brasil mais
3434 famílias – ou 14 983 pessoas. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em
1914, o fluxo migratório adquire um ritmo vertiginoso: entre 1917 e 1940 mais
164 mil japoneses se mudam para o Brasil, sendo que apenas 25 por cento deles
tomam o destino do Paraná, de Mato Grosso e de outros estados. A maioria decide
radicar-se em São Paulo.”
Hoje é um dia muito especial para o Mata Hari e 007, esse blog comemora 10 anos de existência. Dez anos que eu aproximadamente posto a cada dois dias sobre a minha vida cultural. O 007, meu amigo, apareceu muito esporadicamente nesses dez anos. Gostei de comemorar com um post de um livro tão importante, e que resgata um pouco da história desse país e que seja um post sobre algo do Brasil e brasileiro. Tenho orgulho de ser brasileira mesmo com todas as dificuldades de viver nesse país tão corrupto.
Assisti o especial 60 Anos de Novelas no Globo Repórter da TV Globo. Glória Maria e Sérgio Chapelin apresentaram o programa que pincelava um pouco do que foram esses 60 anos de novelas. Foi curto, deixou vontade de mais, mas adorei. Falaram das primeiras novelas ao vivo, entrevistaram alguns atores: Tony Ramos, Glória Pires, Francisco Cuoco, Lima Duarte, Regina Duarte, Marília Pêra, Camila Pitanga e Mariana Ximenez. Falaram do primeiro beijo técnico com a atriz que o protagonizou. Regina Duarte lembrou cenas que marcaram como a da troca dos bebês. Mostraram as duas versões de O Astro. Falaram de quando as novelas começaram a colocar temas sociais em suas tramas. Da época que uma novela dava 100% de audiência, qunado haviam poucos canais de televisão e poucos programas.
Mostraram cenas de novelas que marcaram história como Pecado Capital,A Moreninha, Escrava Isaura, Dancing´ Days, Roque Santeiro que atualmente reprisa no Canal Viva, Irmãos Coragem. Mostraram o Projac, falaram com as costureiras, figurinistas. Falaram de como os efeitos especiais ajudam hoje na magia. As tramas com gêmeos. E claro, mostraram trechos da belíssima Cordel Encantado. Foi um programa curto e ainda não consegui ver se o Vídeo Show passou mais sobre o programa, já que imagino que eles devam ter entrevistado muita gente, mas precisaram editar pra caber no horário. O Globo Repórter costuma reprisar na GloboNews. Enfim, foi um programa que já começou com saudades. Há várias matérias sobre o programa no site da TV Globo, com trechos em vídeos. José Armando Vannucci também fez um programa em vídeo para a internet sobre os 60 Anos de Novelas, com entrevistas de arquivo da Jovem Pan.
Fui ao lançamento do CD Canções sem Palavras de Sonia Rubinsky na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos. No evento ela interpretou algumas obras do belo CD. É um CD duplo com composições de Feliz Mendelssohn-Bartholdy lançado pela Algol Editora. No bis ela interpretou Villa-Lobos. Eu gosto muito dessa pianista que é radicada em Paris. Sempre que ela vem ao Brasil tento assistir as suas apresentações. A última apresentação foi com a OSUSPOrquestra Sinfônica da USP. Eu tenho também o CD Sonatas de Scarlatti, também da Algol Editora. Só não tenho a coleção inteira que ela gravou pela Naxos na França de Heitor Villa-Lobos que deu o Grammy Latino a ela.
Assisti em DVD a minissérie Riacho Doce (1990) de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn. A direção é de Paulo Ubiratan. Minha mãe que me emprestou esse DVD, essa minissérie é baseada na obra de José Lins do Rego que não li, infelizmente. É uma bela minissérie, as cenas externas foram filmadas em Fernando de Noronha e são belíssimas. A direção de fotografia é de Dante Leccioli. Os atores estão no seu auge de talento e beleza, Carlos Alberto Riccelli, Vera Fischer e Luíza Tomé. Na época que os atores interferiam menos em sua figura, menos intervenções estéticas, portanto muito mais bonitos e menos plastificados. Vera Fischer está deslumbrante com suas formas voluptuosas, com seus culotes e coxas naturais. Hoje exigiriam muita malhação e intervenções cirúrgicas de redução. Triste, a beleza de cada um é que é a mais bela. Suzy Rêgo também está lindíssima!
Recentemente começaram a discutir sobre a diminuição dos capítulos das minisséries, que tirariam enrolações. Eu não sentia isso, tinha visto histórias que tinham até muito mais a contar nos 5 ou 6 DVDs como Chiquinha Gonzaga, JK e Um Só Coração, minisséries que passaram pela história, tinham núcleos ficcionais que ajudavam a entender o contexto. Riacho Doce foi a primeira minissérie que entendi essa discussão. Eu acho que a arte não pode ter amarras demais. A TV Globo pode programar a grade de programação, o tema da minissérie é decidido muito antecipadamente e pode ter dois modelos, os mais longos e os mais curtos, dependendo da obra que vão adaptar ou criar. Em Riacho Doce muitas cenas são esticadas a exaustão. É uma bela minissérie, mas a trama fica arrastada em vários momentos. As cenas em Fernando de Noronha são deslumbrantes, aproveitam para esticar bem as imagens, mas em alguns momentos a trama fica bem cansativa.
Na minissérie um casal que morava na Suécia vai para Riacho Doce. Ela frágil é brasileira, no livro ela é sueca, o nome no livro também é outro. Carlos é interpretado pelo Herson Capri. A Vó Manuela é interpretada brilhantemente pela Fernanda Montenegro. Eu tenho dificuldade de embarcar na obra. Riacho Doce ainda não é das produções da TV Globo com tanta perfeição. Achava estranho que a primeira vez do casal é em cima de um morro, com o mar de paisagem, sendo que ela traía o marido e os pescadores poderiam estar no mar. Não conseguia entrar na cena e apreciar imaginando que alguém pudesse vê-los. Também há uma pequena quebra nas cenas em estúdio das externas, algo que hoje sentimos menos. Embora seja uma época que a moda não favoreça, os figurinos da Eduarda são belíssimos e são concebidos por Beth Filipeck.
O elenco é incrível: Lú Mendonça, Beth Goulart, Nelson Xavier, Sebastião Vasconcelos, Osmar Prado, Ewerton de Castro, Roberto Frota, Suzy Rêgo, Valéria Alencar, Adriana Canabrava, Ana Rosa, Pedro Vasconcelos, Joffre Soares, Rômulo Arantes, Chiquinho Brandão, Juliana Martins, Denise Milfont, Eduardo Felipe, Alethea Miranda, José Paulo Jr., Fábio Junqueira, Luís Maçãs e Fernando José.
Assisti Drácula (1931) de Tod Browning no Telecine Cult. Quando chegou o Halloween, o canal colocou na programação uma série de filmes famosos de monstros. Principalmente os primeiros, os mais antigos. Eu adoro esses filmes e esse Drácula eu não tinha visto. O mais antigo que tinha visto foi da década de 40 e já era colorido. Amei que esse é com o Bela Lugosi, ele é o Conde Drácula. Tinha assistido o filme Ed Wood, sobre o diretor que filmou com esse ator e queria muito conhecer a interpretação do Bela Lugosi nesses filmes de terror. Ele é absolutamente genial! Eu tinha visto ele no filme do Ed Wood, Glen ou Glenda?
Como esse Drácula é de 1931, as interpretações ainda são fortes e marcadas como nos filmes mudos. Nesse ele tem várias esposas na Transilvânia, mesmo que ele enlouqueça por uma mulher, ele atinge várias outras. Não é monogâmico como os mais recentes Dráculas, o que eu acho bem mais verídico já que ele era um sedutor e ávido por sangue. Não teria porque ele preferir homens se poderia sempre estar com lindas mulheres. A principal é interpretada por Helen Chandler. Edward Van Sloan interpreta Van Helsing. No elenco estão Dwight Frye, David Manners, Frances Dade e Herbert Bunston.