Minha amiga do Vintage Prisugeriu essa blogagem sobre livros.
1-Quando você lê? (Manhã, tarde, noite ou quando tem tempo)
Eu leio mais em transportes públicos e em espera de eventos. Em casa leio um pouco à noite. Mas a maioria é fora de casa mesmo.
2-Você lê apenas um livro de cada vez?
Sempre um único livro de cada vez.
3-Qual seu lugar favorito para ler?
Eu gosto muito de ler nos ônibus.
4-O que você faz primeiro: lê o livro ou assiste ao filme?
Depende. Se eu vejo que há um filme, peça de teatro de um livro que eu já li, corro para ver. Como foi com a peça Memórias de Adriano. Cheguei uma vez a viajar para outro estado para ver uma peça de um livro que tinha adorado. Se eu vejo o filme e gosto, e vejo que é baseado em um livro, corro atrás para ler o livro. Tenho uma lista grande de livros que quero ler de ótimos filmes que vi.
5-Qual formato de livro você prefere? (livro físico, audio-book, e-book)
Eu só leio livros em papel. Gosto de ter os livros. E também fico confortável em ler em qualquer lugar, ônibus, parques. O que não sentiria com objetos eletrônicos que são muito roubados, inclusive em metrôs.
A fotos dos livros foram dos livros que mais gostei que li em 2015.
Se algum amigo que fala de literatura em seu blog quiser participar, vou adorar.
Terminei de ler Os Mandarins (1954) de Simone de Beauvoir da Editora Nova Fronteira. Comprei esse livro novo em uma banca por R$ 10,00, um achado. Eu só tinha lido dessa escritora A Convidada há muitos anos. Li de uma loja que era uma espécie de clube, você pagava um valor por mês e podia ler quantos livros quisesse. Era um pouco longe e comigo não é muito vantajoso. Sebos me atendem melhor.
Obra Jardim Medieval (1955) de Jean Dubuffet
Os Mandarins fala de um grupo de intelectuais, jornalistas e escritores, após a Segunda Guerra Mundial. Falam que Beauvoir se inspirou em sua vida, Camus e Sartre para criar os personagens. Imagino que os personagens venham realmente do seu universo tal a tranquilidade com que relata os embates políticos da época. Me senti muto confortável na leitura, em um ambiente muito familiar.
Obra O Abacaxi (1948) de Henri Matisse
Apesar do universo ser confortável, os embates são bem angustiantes. A maioria acredita que haverá nova guerra. Incríveis as discussões éticas e morais. Chega a informação dos tenebrosos campos de concentração da URSS. A maioria acha que não pode revelar essa informação porque seria muito prejudicial ao comunismo. Vidas humanas são menos importantes que diretrizes políticas. Há vários embates e questionamentos. Me lembraram muito as discussões atuais sobre esquerda e direita, hoje um tema já envelhecido e distorcido. Amizades terminam, radicalismos. Acusações que a pessoa passou para a direita só porque lutou pelos direitos humanos. E de todos os lados. Um jornal pode perder o apoio porque resolveu denunciar a ditadura em Portugal. O patrocinador ameaça e diz que o artigo feriu os Estados Unidos. Novamente o que vale é a política e não a proteção ao ser humano. A atualidade de Os Mandarins foi surpreendente.
Obra Banho de André Lothe
Após a Segunda Guerra Mundial as relações afetivas começam a tomar novos contornos. A monogamia não é mais vigente. Mas é um período de transformação. A esposa não se incomoda das amantes do marido até ele desejar levar uma delas a uma viagem que negou a esposa. Essa moça é filha de sua melhor amiga. Ela briga, reclama, o marido viaja com a moça. Racionalmente ela resolve aceitar o marido de volta, que estava errada em se incomodar. E sublima o que emocionalmente sente. O livro aborda a dificuldade de lidar com as relações entre razão e emoção, o que nem sempre dá muito certo. Gostei muito da forma madura como as relações são tratadas e do fato dos personagens se exporem muitas vezes com reações imaturas, como são realmente as pessoas. Ou mesmo da dificuldade das pessoas perceberem que o amor já acabou, que o marido só tem tédio e continua na relação porque é confortável manter a casa e os amigos, mas vive distante da esposa que finge não perceber para não perder o amor. A autora também fala de forma crua sobre o envelhecimento. O desconforto em perceber o envelhecimento da amiga e o seu.
Tanto o compositor bem como os pintores são franceses e as obras são de períodos próximos a publicação da obra.
Assisti a peça Memórias de Adriano no Centro Cultural São Paulo. Queria demais ver essa peça que é baseada no livro de Marguerite Yourcenar, entre meus autores preferidos. Li há anos essa obra, lembrava muito pouco. Logo no início lembrei o quanto o texto dessa autora é maravilhosa, como ela é incrível. E que interpretação de Luciano Chirolli. A direção é de Inez Vianna.
Memórias de Adriano é uma obra ficcional inspirada no Imperador Romano Adriano que resolve escrever uma carta a Marco Aurélio que será seu sucessor. Adriano está nos seus últimos dias. A peça pincelou alguns aspectos já que a obra é muito extensa. Fala do quanto Adriano investiu em conhecimento, fundou bibliotecas. A atualidade do texto é surpreendente. Mais um monólogo. Vários outros devem surgir já que estamos em tempos de crise. Incrível espetáculo que fica em cartaz até 28 de fevereiro. Os ingressos são bem razoáveis, somente R$ 20,00.