Terminei de ler
A Falência (1901) de
Júlia Lopes de Almeida da
Editora Mulheres. Tinha ouvido falar nessa autora na novela
Lado a Lado. A personagem da Marjorie Estiano comenta com sua amiga que está lendo
A Intrusa dessa autora.
Júlia Lopes de Almeida foi uma escritora abolicionista.
A Falência fala do período após a abolição, quando os comerciantes ganhavam muito com a venda do café. Eu fui então procurar obras dessa autora, é possível achar em sebos. Essa edição é mais recente, essa editora é da
UNISC, Universidade Santa Cruz do Sul. A
Editora Mulheres tem o objetivo de resgatar obras de escritoras. Além da obra há textos sobre o livro, sobre a autora, uma pequena biografia da autora.
A Falência fez muito sucesso quando foi lançado e teve uma segunda edição no mesmo ano.
Essa capa tem a obra Mélancolie (1897) de
Alphonse Mucha.
Obra Escolha Difícil (1902) de Eugênio Latour
Gostei demais de A Falência. A obra retrata uma família. O pai é um trabalhador incansável, só pensa em dinheiro e trabalho. É um homem bom. Sua mulher tem o médico da família como amante. Ela é uma mulher que adora dinheiro também, ostenta e se apaixona por esse médico. O médico é soberbo, a mulher também. Ele fica o tempo todo corrigindo a família e querendo que eles tenham gostos melhores. A trama é tão bem escrita, que não temos pena desse homem traído, mas não torcemos pela adúltera. A obra nos leva a essa história, sem julgamentos, com relatos.
Obra Hora do Pão (1889) de Abigail de Andrade
Em A Falência acompanhamos a história, não torcemos por ninguém, todos tem virtudes e pecados, desgostamos de um, mas não temos pena do marido, que por sinal adora o médico e é em quem se apoia. E as características femininas, de poder, e de preconceito, seja com o negro ou com as mulheres que estão ali. Uma sobrinha da dona da casa é expulsa de onde mora. Todos não a valorizam, já que sua mãe era prostituta e o gene ruim deverá se revelar. Em outra casa das tias sovinas, elas receberam uma negra aos 12 anos. Essa menina apanha sempre, é tratada como escrava, mesmo sendo livre. E a negra não acha que pode fugir, mas se fugir poderá ter o destino de vários outros que vivem ao relento, não tem trabalho, depois da abolição.
As duas telas que coloquei são de pintores do Rio de Janeiro. O compositor
Glauco Velásquez nasceu na Itália, levado por sua mãe carioca, que retornou ao Brasil posteriormente. A capa do livro é de um pintor estrangeiro.
Beijos
Pedrita