sexta-feira, 3 de maio de 2019

O Fantasma da Ópera

Assisti o musical O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber no Teatro Reanult. A direção é de Harold Prince. Que mega produção. Eu gosto muito do gênero e vejo bastante no cinema, foi muito fascinante ver ao vivo, é muito difícil impactar todas as noites com efeitos especiais. No cinema, edita-se. reprisa inúmeras vezes para ter o efeito desejado. No teatro até treina-se muito antes da estreia, mas depois é sessão a sessão ao vivo e nesse musical todos os efeitos foram milimétricos e impactantes. Fiquei impactada!

No dia que fui Fred Silveira interpretou o Fantasma da Ópera, Henrique Moretzsohn fez o Rauol, o mocinho, e Giulia Nadruz a Christine. Todos excelentes!

Fotos de Matthew Murphy

Gostei muito do tratamento lírico que deram ao musical. Gosto muito do talento cênico e lírico de Taís Vieira, Sandro Christopher e Gilberto Chaves que já conhecia, mas o elenco todo é incrível, tanto vocalmente como cenicamente. Eu particularmente me incomodo com a versão em português, foi muito bem realizada, mas gosto mais como são as óperas, com legendas à cima do palco, pelos efeitos a legenda é praticamente inviável nessa montagem.

Essa montagem do O Fantasma da Ópera completa 9 meses de casas lotadas mesmo com os ingressos tendo custos tão salgados. É que musicais estão na moda e vem gente de tudo quanto é cidade do estado de São Paulo e até de outros estados. É um projeto que emprega uma multidão de gente, impulsiona o turismo, atrai pessoas não acostumadas ao teatro, faz muito bem a cultura brasileira. O Fantasma da Ópera fica em cartaz até julho. É preciso comprar os ingressos com muita antecedência porque lotam logo.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Paranoia

Assisti Paranoia (2018) de Rob W. King no TelecinePlay. Queria distrair, nada como um filme surreal. Achei que ia ser bem ruinzinho, mas é bem razoável e bem realizado. Gostei que não enrola muito. O roteiro é de Arne Olson.

Antes mesmo dos créditos começa com a personagem da Christina Ricci tendo um pesadelo. Só descobrimos que é um pesadelo quando ela acorda. Ela mora em um apartamento pavoroso com o marido. Ele é interpretado por Brendan FletcherParedes marrom, no mesmo ambiente outra parede preta com detalhes em vermelho, a cozinha é na sala em vermelho, espero que não cozinhem ali pra não empestear o sofá. E os quadros dela, que pavor.
Vou falar detalhes do filme com spoilers: Por sorte o marido sugere que eles se mudem, e eles vão a um prédio "inteligente". O jardim do lugar é um sonho e eu não entendi porque ela aproveita tão pouco da área externa que é bem mais simpática. Os apartamentos são cafonas, repletos de mármores, mas pelo menos tudo é bege. Só que os distúrbios só aumentam. A protagonista começa a duvidar que sejam do trauma dela que pouco a gente fica sabendo. Ela acha que tem algo mais no prédio. O marido acha que ela está louca, na verdade sempre achou. 

Como ninguém a ouve ela procura um site sobre o tema. Esse momento é tão mal feito e surreal que dá vergonha. Ela começa a falar com uma pessoa que escreve um site e o cara do nada aparece no café que ela está. Ele é interpretado pelo John Cusack em um personagem tão canastrão que dá vergonha alheia. Esse homem ajuda ela a desvendar o mistério do prédio inteligente. As explicações sobre CIA, projeto de governo é muito, mas muito mal feita. Acho que se fosse explicado como pesquisa irregular no campo da psicologia, ficava bem melhor. Tinha horas que até eu duvidava da protagonista, o personagem do Cusack é tão mal construído que achei que era criação da cabeça dela. Alguns outros do elenco são: Vicellous Shannon, Nicole Anthony, Oliver Rice e Sophia Daly. No final estava irritada porque achava que tudo ia acabar muito mal, mas por sorte tudo dá certo.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 30 de abril de 2019

Canção de Ninar de Leïla Slimani

Terminei de ler Canção de Ninar (2016) de Leïla Slimani da Tusquets Editores. Eu queria muito ler esse livro, tanto que pedi de aniversário. Eu tinha visto várias matérias e entrevistas com a autora marroquina e queria muito ler, mesmo sabendo que seria uma leitura difícil. A autora baseia seu livro ficcional em um fato hediondo, uma babá que mata as crianças que cuidava, esse é o ponto de partida. A autora ganhou o Prêmio Goncourt pela obra.

Obra de Mostafa Assadeddine

Após o capítulo da mãe chegando em casa e vendo as filhas mortas, o livro passa a contar a história deles por vários olhares, é ambientado na França, a patroa é uma imigrante e a babá é branca. O começo até parecia uma leitura mais linear, mas vai tendo desdobramentos inteligentes, um texto ácido sobre a condição das mulheres e de serviçais. A mãe tem dois filhos, parou de trabalhar, não está dando conta de cuidar da casa e das crianças, vive desleixada, cansada e não consegue controlar os filhos. Resolve voltar a trabalhar e contratar uma babá. Eu compreendo que na primeira semana devem ter ficado encantados com a babá, exaustos, sem vida própria, deve ter sido um alívio chegar em casa e ter tudo arrumado. A babá, sem pedirem, fazia faxina na casa também, as crianças limpas e na cama dormindo. Mas depois de 15 dias eu já tinha mandado essa mulher invasiva embora. Eu detesto pessoas que começam a mandar na casa, a serem autoritárias.

Obra Oil, Oil, Oil (2011) de Mounir Fatmi

Mas o casal também comete uma sucessão de erros, inclusive de não mandá-la embora aos primeiros sinais de autoritarismo. Adoram encontrar a casa limpa, mas nem pensam na exploração que fazem do serviço. Não procuram pagar por esse serviço, nem contratar uma faxineira para ajudar a babá. Aceitam o serviço gratuito de uma pessoa pobre com satisfação. A babá também comete o erro básico de viver a vida dos patrões. Ela ama e cuida dos filhos como se fossem seus, da casa como se fosse sua. Não cuida da casa dela, nem ao menos paga o aluguel. Aos poucos ela passa a dormir no trabalho e vai ficando. Muitos invejam essa família, a babá branca impecável, a maioria tinha babás de pele escura, essa babá que fazia tudo, estava sempre disponível, ninguém percebia os distúrbios. Não é normal um profissional abdicar da própria vida para viver a do outro. Quando o casal começa a perceber que eles têm medo de ofender a babá, que era grosseira sempre que os patrões não faziam o que ela determinava, que eles começam a agir só quando a babá não estava em casa, escondidos, com medo da reação da babá é que eles passam a pensar em mandá-la embora, mas por medo vão adiando. Assustador. Canção de Ninar acaba sendo muito psicológico. Fala de exploração de funcionário, imigrantes, de distúrbios familiares, maternidade, mundo feminino. Os capítulos são todos contatos por mulheres, em alguns momentos é a mãe que conta, outros a babá, mas há parágrafos com relatos da vizinha, da filha da babá, obra impressionante.


Beijos,
Pedrita

domingo, 28 de abril de 2019

Van Gogh por Gaughin

Assisti a peça Van Gogh por Gaughin no Teatro Sérgio Cardoso. A direção é do Roberto Lage com texto ficcional de Thelma Guedes inspirada na relação conturbada dos dois pintores. E sim, Thelma Guedes é ela mesma, a autora das novelas que tanto amo.

Gaughin está agonizando, o pintor morreu de sífilis e sofreu muito. Em seus delírios ele fala com Van Gogh que já estava morto. Augusto Zacchi está impressionante como Gaughin, dilacerante sua interpretação. Muito bem também Alex Morenno como Van Gogh. Em um momento a peça vai para o passado, quando o irmão de Van Gogh paga Gaughin para dar aulas para o artista. Os dois passam a ter uma relação conturbada. Gaughin foi acusado de ter levado Van Gogh a loucura e ao corte da orelha. Nos delírios no fim da vida Gaughin teria se arrependido de ter tratado mal Van Gogh.

Essas duas fotos são de Leekyung Kim.
Essa foto é dos cumprimentos finais, sem a deslumbrante fotografia de Kleber Montanheiro. Belíssimo cenário de Paula Di Paoli, que ficam impressionantes. Incrível a ideia de colocar as telas que seriam as obras de arte em branco, qualquer solução poderia cair no caricato, ser em branco e a nossa imaginação preencher com as obras que conhecemos foi genial. Van Gogh por Gaughin fica em cartaz até 3 de junho.

Essa foto é de Eliane Verbena

Beijos,
Pedrita