sábado, 9 de fevereiro de 2008

O Conformista


Assisti O Conformista (1970) de Bernardo Bertolucci no Telecine Cult. Uma co-produção entre França, Alemanha e Itália. Resolvi no domingo de carnaval aceitar a sugestão do blog do Marcelo Janot e ver esse filme, amo esse diretor, vocês se lembram que recentemente vi dele O Céu que nos Protege. O Conformista não é o meu preferido, mas é genial. Estranhamente e coincidentemente o último livro e esses dois últimos filmes são do mesmo período. O Conformista é baseado no livro de Alberto Moravia.


Como disse Janot, esse filme tem uma visão mais intimista do momento político. O Conformista busca sua satisfação pessoal, alimentar sua curiosidade. Apesar de trabalhar para a política e para o regime fascista existente no seu país, a Itália, ele parece estar mais preocupado consigo mesmo, do que com as questões globais do momento que está inserido. Ele viaja com sua mulher para Paris para investigar e lá se aproxima de um professor e sua mulher.


O Conformista é de uma beleza estética arrebatadora, a direção de fotografia é maravilhosa. Nosso protagonista é interpretado pelo ótimo Jean-Louis Trintignant. As belas mulheres por Stefania Sandrelli e Dominique Sanda. O professor por Enzo Tarascio.

Música do post: Swing valse (1940) - Precisa clicar no play porque o AutoPlay não está funcionando.


Beijos,

Pedrita

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Desejo e Reparação


Assisti no cinema ao filme Desejo e Reparação (2007) de Joe Wright, uma co-produção entre Inglaterra e França. Estava com muita saudade de ir ao cinema e fui com a minha mãe, queria ver pelo menos um dos filmes que concorrem ao Oscar deste ano. Eu e minha mãe gostamos muito de Desejo e Reparação, é muito bonito e traz um roteiro muito complexo baseado na obra de Ian McEwan. A edição de Paul Tothill é impecável, a história vai se desenrolando em pedaços, com retornos aos fatos, com outros olhares de outros personagens, com outras perspectivas.

Atonement é ambientado na Inglaterra em 1930, um pouco antes da Segunda Guerra Mundial. No início mostra um dia de uma família abastada inglesa que vai receber o filho que foi estudar fora, um amigo e convidam o filho da criada da casa para participar. Uma menina de 13 anos é apaixonada pelo filho da criada e fica enraivecida de ver que sua irmã nutre algum romance com o rapaz e parece ser correspondida. Há então uma sucessão de maldades juvenis, típicas da idade, com conseqüências desastrosas. E inclusive a má-compreensão no passado da crueldade de crianças e adolescentes que encontram seus primeiros obstáculos. Cinco anos depois estoura a guerra.

O elenco é excelente, estão incríveis Keira Knightley e James McAvoy. E são ótimas as atrizes Saoirse Ronan e Romola Garai que interpretam a jovem causadora de todos os males. Quem a interpreta na velhice é Vanessa Redgrave. Alguns outros do elenco são: Juno Temple, Gina McKee, Benedict Cumberbatch, Daniel Mays, Harriet Walter, Patrick Kennedy e Nonso Anozie.

Vou falar detalhes do filme: Fiquei impressionada com a não possibilidade de reparação dos erros, nem a amenização das conseqüências. Um erro grave, que poderia ser amenizado no futuro, mas que suas conseqüências só as agravam. A própria guerra dificulta toda a possibilidade de uma vida menos traumática. Mostra claramente o preconceito dos nobres ingleses com subalternos, atribuindo-os culpas que não lhe pertencem sem questionamentos e investigações. Minha mãe comentou que Desejo e Reparação mostra a imbecilidade da guerra, onde não há vencedores e rivalidades estúpidas como franceses maltratarem soldados ingleses mesmo estando do mesmo lado na guerra.


A fotografia de Seamus McGarvey é maravilhosa e as cenas da guerra impecáveis.
Desejo e Reparação ganhou Globo de Ouro de prêmio de Melhor Filme de Drama e Melhor Trilha Sonora de Dario Marianelli. Tem sete indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Saoirse Ronan), Melhor Roteiro Adaptado (Christopher Hampton), Direção de Arte, Fotografia, Figurinos e Trilha Sonora (Dario Marianelli).
Música do post e da trilha sonora: Claire de Lune - Debussy. É preciso clicar no play para ouvir, o Auto Play continua não funcionando.


Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cafundó

Assisti Cafundó (2005) de Paulo Betti no Canal Brasil. Eu queria muito ver esse filme, tinha acompanhado matérias e entrevistas com o Paulo Betti, mas me decepcionei. É um bom filme, mas cometeu alguns pecados irreparáveis. O pior dele está no roteiro de Clóvis Bueno que utilizou aquela técnica etérea de rebuscamento de texto que não diz nada. Querer falar difícil pra mostrar erudição e transformar em cult. Ficou forçado e ruim. A edição do filme também não é das melhores. E o início e o final nos dias de hoje é uma total viagem de mal gosto e falso intelectual. O 007 não gostou do final e disse que teve a sensação de que o dinheiro acabou e resolveram acabar ali mesmo. Também no final vem um texto que fala do João de Camargo, mas além de ficar pouco tempo na tela, não é visível na televisão, provavelmente só na tela grande, erro comum em filmes brasileiros, não pensar na visualização posterior da abertura e final para a televisão.

A história central é interessante, é ficcional baseada na verídica de um ex-excravo do interior de São Paulo que logo após a abolição fundou uma igreja que atendia aos pobres e negros. Incluvise eu já tinha visto uma das imagens desse santo em lojas afro com o nome de O Preto Velho, João de Camargo. Lázaro Ramos está muito bem como João de Camargo.

Alguns outros do elenco são: Leona Cavalli, Leandro Firmino, Flávio Bauraqui, Ernani Moraes, Valéria Mona, Luís Melo e Chica Lopes. O Paulo Betti faz uma pequena participação. Vários grupos atuam em Cafundó: Congada Da Lapa, Ka-Naombo, Art Negra e Banda Lyra. Cafundó foi gravado nas cidades de Lapa, Ponta Grossa, Paranaguá e Curitiba.

Música do post: Caboclo - Caboclo Da Moruganda (É preciso clicar no play porque o Auto Play não está funcionando por enquanto).


Beijos,


Pedrita

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A Pele

Terminei de ler A Pele (1949) de Curzio Malaparte. Comprei em um sebo, daquela coleção da capa vermelha da Editora Abril, por somente R$ 2,00. Esse é o primeiro post do feriado dos eventos que curti nessa época, que tem sido intenso, tenho uma coleção de posts na fila. Vocês vão ficar um tempo acompanhando o meu feriado. Eu gostei de A Pele, mas é bem difícil e pior, me pegou totalmente de surpresa em um trecho. Quem gosta de animais deve passar longe de A Pele.


Tela La Vendetta (1943) de Giorgio De Chirico



Curzio Malaparte escreve sobre suas experiências na guerra, só que mistura com delírios de febre, imaginação, fatos históricos de outras épocas, sem ficar claro o que é realidade ou ficção. É a cruel Segunda Guerra. Fiquei assombrada no texto que ele fala sobre os pobres que não conseguirem enterrar os mortos porque não tem dinheiro e os mortos ficavam dias em suas casas e depois falarem da peste. A ambição desmedida do homem contra si mesmo. Assustador! O que mais me deixou mal foi a história do cachorro, não imaginava o desfecho e não parava de chorar. Foi difícil retornar a leitura. Gostei muito de A Pele, mas jamais teria coragem de relê-lo.



Tela Soldati al teatro Redini (1940) de Giuseppe Viviani

Trechos de A Pele de Curzio Malaparte


“Eram os dias da “peste” de Nápoles.”

“A miséria dos tempos, a desordem pública, a grande mortalidade, a avidez dos especuladores, a incúria das autoridades e a corrupção geral eram tais, que, sepultarem cristãmenente um morto se tornara coisa praticamente impossível, só permitida a poucos privilegiados. Levar um morto para Poggioreale, num carro puxado por um burro, custava dez mil, quinze mil liras. E como ainda se estava nos primeiros meses da ocupaçção aliada, e o povinho não tivera ainda tempo de ganhar algum dinheiro com os negócios ilícitos do mercado negro, a plebe não podia entregar-se ao luxo de dar aos seus mortos sepultura cristã, de que eram dignos, apesar da sua pobreza. Os cadáveres ficavam cinco, dez e mesmo quinze dias nas casas, à espera do carro do lixo. Decompunham-se lentamente sobre as camas, na quente e fumarenta luz das velas, ouvindo as vozes dos parentes, o ferver da água na cafeteira e da panela de feijão no fogareiro aceso no meio do quarto, os gritos dos meninos que, todos nus, brincavam no chão, e o gemido dos velhos sentados nos vasos, no cheiro quente e persistente dos excrementos, semelhante ao que desprendem os mortos já em plena decomposição.”


Todas as telas são de pintores italianos.


Música do post: Placido Domingo - Catari, Catari (Core 'ngrato)

Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carnal Knowledge

Assisti Carnal Knowledge (1971) de Mike Nichols no Telecine Cult. Fui ver esse filme porque o Jack Nicholson está no elenco. É excelente Carnal Knowledge. O roteiro de Jules Feiffer, fala de dois amigos e as relações com as mulheres. Passa por várias fases, com as transformações do tempo. Os dois amigos são interpretados por Jack Nicholson e Arthur Garfunkel. Começam jovens na faculdade e se envolvem com a belíssima Candice Bergen.

Carnal Knowledge é no período que começam a questionar as relações, a instituição casamento. Cada amigo tem uma personalidade, Jack Nicholson interpreta um conquistador, que não quer nunca um envolvimento mais sério. Arthur Garfunkel interpreta um homem sensível que sempre quer relacionamentos sérios. Mas nenhum dos dois encontram a felicidade nas relações.


Há muitas mulheres que aparecem no filme, lindas e talentosas como Ann-Margret e Rita Moreno. Ann-Margret ganhou prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua interpretação. E sim, Arthur Garfunkel é da dupla Simon and Garfunkel.

A trilha sonora é belíssima!

Música do post: one for my baby - Frank Sinatra - Há muito Frank Sinatra e Ray Conniff na trilha.




Beijos,
Pedrita