sábado, 24 de novembro de 2007

O Segredo da Porta Fechada

Assisti O Segredo da Porta Fechada (1948) de Fritz Lang no Telecine Cult. É um filme noir de suspense absolutamente surpreendente. Gostei muito do recurso do diretor de utilizar os pensamentos para compreendermos algumas emoções. Nossa protagonista conta sua história e acompanhamos seus pensamentos. O Segredo da Porta Fechada é um filme incrível!

Nossa belíssima protagonista, interpretada por Joan Benett, é uma rica herdeira. Ela vai fazer uma viagem ao México e se apaixona por um arquiteto, praticamente desconhecido. Eles casam-se muito rapidamente e ela começa a descobrir muitos segredos. Quem interpreta seu marido é o belo Michael Redgrave. É o período em que fala-se um pouco de Freud. Há várias alusões sobre a possibilidade de tratamentos psicológicos e reversão de quadros graves. Segundo uma visitante em uma festa, assassinos poderiam ter sido tratados anteriormente aos seus crimes. Como se fosse certo que a psicanálise salvasse criminosos.

Os figurinos são belíssimos. Gostaria muito de saber de quem são. Outra belíssima atriz que está no elenco é Barbara O'Neil. Ainda no elenco aparecem Anne Revere, Natalie Schafer, Paul Cavanagh e Mark Dennis.



Beijos, Pedrita

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Macbeth


Assisti a ópera Macbeth de Giuseppe Verdi no Theatro São Pedro, em São Paulo, baseada na obra de William Shakespeare. Eu sou apaixonada por esse texto e sua complexidade. Gostei da montagem principalmente dos solistas principais.

Rodrigo Esteves emocionou musical e cenicamente com seu Macbeth perturbado. A espanhola Maribel Ortega fez uma ótima Lady Macbeth. A regência foi de Achille Picchi e a direção cênica de Francisco Frias. Gostei bastante das intepretações de Sávio Sperandio e Marcello Vannucci. E as bruxas estavam muito bem, Priscilla Zamlutti, Andreia de Souza e Dálete Alécio. Os ingressos eram muito acessíveis, R$ 20,00. Um pouco mais que um cinema. Foi um bonito espetáculo. Ainda terão cinco récitas.





Beijos,



Pedrita

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A Ilha

Assisti A Ilha (2005) de Michael Bay no Cinemax. Eu sempre quis ver esse filme porque adoro a Scarlett Johansson, mas o 007 não indicava. Dizia que só valia por ela mesmo. Mas como gosto muito de ficção científica, resolvi ver e tive uma grata surpresa. A trama principal é excelente. O roteiro é baseado na história de Caspian Tredwell-Owen. O que é ruim é que tem vários furos e umas forçadas de vez em quando, principalmente quando eles fogem e começa o corre-corre de carros em Los Angeles.

A história é bem interessante e me pegou de surpresa. Quem não viu o filme, não leia: No começo parecia uma variação de Admirável Mundo Novo. Todos vivem numa cidade, adorei a fotografia de Mauro Fiore, a ambientação e os efeitos especiais da Industrial Light & Magic. O sonho deles é ganhar na Loteria e ir para A Ilha. Os homens vivem em separado das mulheres. As cores das roupas só são brancas. Eles se divertem, trabalham, mas o personagem de Ewan McGregor está eternamente insatisfeito. Ele tem pesadelos com a viagem A Ilha. O que surpreende é que na verdade eles são clones. Os seres humanos criaram um laboratório para órgãos para transplante, só que os órgãos não sobreviviam sem os seres humanos. Escondidos da sociedade, eles criaram clones adultos e o ir para A Ilha era para fornecer seus órgãos para quem pagou pelo seguro de vida. A adoção também é um horror. As mulheres clones são para reproduzir e são mortas assim que dão a luz e as crianças são entregues aos pais adotivos. Só que ninguém sabe que veio de um humano clonado. O debate é muito interessante.
O casal acaba fugindo. Pena que em alguns momentos o corre-corre em Los Angeles fica bem tolo. Fora a quantidade de propaganda incutida em carros e letreiros. O casal consegue subir em um caminhão e começam a jogar os objetos no carro. O motorista não pára e eles continuam destruindo a carga e o caminhoneiro não faz nada. Depois eles caem de um anúncio e não acontece nada. Mas no geral A Ilha é um bom filme, bom roteiro, com maravilhosa fotografia, ótimos efeitos especiais e os dois estão mais lindos do que nunca.



Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Nau dos Insensatos

Terminei de ler A Nau dos Insensatos (1962) de Katherine Anne Porter. Comprei esse livro em um sebo por R$ 10,00 que foi publicado para aquelas edições de banca da Abril Cultural. Quando fui procurar a capa do livro, só encontrei estrangeiras, porque o livro só é encontrado agora em sebos, não há edições na língua portuguesa disponíveis.

Obra de Clyfford Still (1965)

A Nau dos Insensatos é sobre uma viagem de barco do México para a Alemanha, antes do início da Segunda Guerra Mundial. A Nau dos Insensatos aborda todo o tipo de preconceito. Há uma exacerbação contra os judeus pelo momento histórico, mas todos trazem algum traço de preconceito com algum ser humano. A começar pelas 866 pessoas que viajam como bichos na terceira classe. Todos das outras classes conseguem se divertir, ir na piscina, dançar, mesmo vendo os da terceira classe sendo tratados como animais. Alguns inclusive acham mesmo que são animais, já que não são homens de bem, leia-se com algum poder aquisitivo.


Obra Page 42, Paragraph 1 (Short Stories) (2000) de Robert Rauschenberg

A Nau dos Insensatos é um livro intenso, triste e dramático. Páginas e páginas de desrespeito ao próximo, individualismo. Há um cachorro na história. Ele se perde. Todos se perguntam o que o cachorro faz andando no meio do baile, mas ninguém faz nada. Depois reclamam que o barco teve que parar para salvar o cachorro, mas ninguém se sente responsável pelo atraso por não terem feito nada para levar o cachorro de volta a cabine de seus donos. Os textos são contundentes, bem como o estilo de Katherine Anne Porter. É realmente uma pena que não se ache mais em livrarias obras dessa autora no nosso idioma. Katherine Anne Porter ganhou o Prêmio Pulitzer em 1965.

Obra de James Rosenquist -1992
A Nau dos Insensatos de Katherine Anne Porter é uma obra para se ler na íntegra, mas anotei alguns trechos para que sintam a complexidade de seu texto:
Agosto de 1931 – A cidade portuária de Veracruz é, para o viajante, um pequeno purgatório encravado entre a terra e o mar; seus moradores todavia, sentem-se muito satisfeitos consigo mesmos e com a cidade que ajudaram a criar.”

“Como posso falar a uma mulher mais velha, a não se que ela me dirija a palavra primeiro?”

“Os negros chegavam pela porta dos fundos, naturalmente – disse Jenny -, e nunca vi um índio ou mesmo um hindu à nossa mesa de jantar; toda sorte de pessoas eram excluídas por uma razão ou outra, em geral por serem mal-educadas ou maçantes. Mas isso era uma mera observância dos costumes locais, explicavam-se eles, ou então estavam exercendo o seu direito natural de escolher a sociedade que mais lhe convinha; e tanto uma coisa como a outra eram fatores importantes de boas maneiras e da civilidade.”

“Contratei há pouco tempo um médico para iniciar uma série de artigos, muito eruditos, muito científicos, advogando o extermínio de todos os incapazes, quer ao nascerem, quer assim que se revelem incapazes. Método indolor, já se vê: nós realmente pretendemos ser clementes com eles, assim como todo o mundo. Não só as crianças defeituosas e imprestáveis, mas também os velhos – todas as pessoas acima de sessenta anos, ou sessenta e cinco talvez, ou quando quer que percam a utilidade; os doentes, os exaustos, que tanto dispêndio de energia custam aos bem-dotados, aos moços e aos fortes de nosso país... Para que sobrecarregá-los com semelhante fardo? O doutor está preparando para apresentar essa tese com argumentos poderosos, exemplos e provas fornecidas pela pesquisa e pela clínica médica, tem como pelas estatísticas sociais. Os judeus também, evidentemente, e todos os frutos de cruzamentos ilegítimos, raça branca com raças de cor, chineses, negros.. tudo isso. E quanto aos brancos condenados por crimes sérios.. bem, quanto a esses – concluiu, piscando o olho maliciosamente para ela -, se não os eliminamos, pelo menos o Estado tomará as necessárias medidas para que não ponham mais criaturas de sua espécie no mundo!
-Que maravilha! – exclamou Lizzi, extasiada. – Se isso fosse posto em prática, não teríamos por aí esse anão, nem tampouco aquele horrendo homenzinho da cadeira de rodas... nem esses espanhóis.”

Beijos,

Pedrita