sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Banhos

Assisti ao filme chinês Banhos (1999) de Zhang Yang no Telecine Cult. Sempre quis ver esse filme, tentei ver inclusive na época que esteve nos cinemas e não consegui. Mas é muito mais do que eu imaginei, já tinha lido várias matérias elogiando, pessoas que assistiram e amaram, mas não tinha ideia que era mais amplo do que imaginava. Um filho bem sucedido vai visitar o pai e o irmão. Faz anos que ele não os visita. O pai tem uma tradicional casa de banho e o irmão é especial. O filho só foi porque entendeu errado um desenho do irmão e achava que o pai tinha morrido. O pai percebe a confusão e fica magoado com a ausência do filho.

Me emocionei demais com a relação do pai com o filho especial. O fato de ser uma casa de banho não exclui o garoto. Ele ajuda como consegue e acaba tendo uma vida saudável e de interação, já que convive com os banhistas. É bonito ver a reaproximação desse filho que ficou tão diferente da família. Com o convívio do pai com os banhistas, ele acaba ajudando todos em suas questões pessoais. A sabedoria desse pai é emocionante. Outra questão triste é que toda a comunidade será demolida. É um filme muito triste e delicado, me emocionei muito.No elenco estão: Jiang Wu, Pu Quanxin e He Zheng. Banhos ganhou inúmeros prêmios.


Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Caso Morel

Terminei de ler O Caso Morel (1973) de Rubem Fonseca. Esse é o primeiro livro publicado de Rubem Fonseca. Tinha comprado esse livro há bastante tempo, em um sebo, por R$ 10,00. Esse é da Editora ArteNova e não é a capa desse do post. Eu achei essa capa bem ilustrativa, embora seja bonita a capa da Edição da ArteNova. No começo a leitura não engrenava, eu não tinha muita identificação mesmo gostando da qualidade do texto. Como em Complexo de Portnoy de Philip Roth, o sexo englobava quase toda a narrativa. Os dois foram publicados em uma época que a pílula liberou o sexo e começaram muitas experiências e descobertas. Hoje com a banalização do sexo, esse tema não fica tão ousado. Mas a trama é toda intrincada. Um homem visita regularmente Morel na cadeia que entrega textos para um livro. Assim vamos conhecer a história desse preso.

Obra Subúrbio Carioca (1971) de Di Cavalcanti

Adorei que logo no início o homem que lê esse texto começa a duvidar de sua veracidade. E começa a investigar. Tudo fica duvidoso e assim será, nós acabamos não tendo certeza de nada e isso é fascinante. Também adoro a profusão de diálogos de Rubem Fonseca e a "facilidade" como ele os constrói. São ágeis, fortes e cheios de vida.


Obras Formas Geométricas (1983) de Iberê Camargo

Anotei trechos de O Caso Morel de Rubem Fonseca:

“Matos e Vilela se encontram na porta da Penitenciária.”

“Queriam fazer uma daquelas fotos comuns de mulher com cerveja, na linha dos prazeres da vida, praia, mar, sol. Eu disse que era coisa velha, mas o contato chamado Alípio, achava que o publico esquecia as coisas, que todo mundo era imbecil, inclusive o cliente cervejeiro.”
“Você também foi advogado não foi?
“Fui.”
“Foi polícia, também?”
“Fui.”
“Que vida sórdida a sua. Polícia, advogado, escritor. As mãos sempre sujas.”

“Era impressionante o número de pessoas que fazia perguntas sem querer respostas.”


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carlos Saldanha e Sérgio Mendes

Assisti Carlos Saldanha e Sérgio Mendes no Almanaque do GloboNews. Sempre tive admiração pelas animações do Carlos Saldanha e tinha curiosidade de conhecer um pouco dele. Carlos Saldanha falou muito de sua nova animação, Rio, que quero muito ver. Ele disse que queria falar do Rio, com aquele olhar de quem chega pela primeira vez. O personagem é uma arara azul que está em extinção. O animador disse que o outro objetivo era falar de ecologia. E ainda do Rio moderno, cheio de contrastes e do tráfico de animais. Carlos Saldanha contou que estava na dúvida sobre duas faculdades, de artes ou de processamento de dados. Os pais sugeriram que já que ele gostava tanto de computação, que esse poderia ser um caminho. Depois o animador começou a pensar se seria possível unir a computação com a arte, resolveu ir aos Estados Unidos para estudar animação.Ele é da equipe do Era do Gelo e no 3 foi o diretor.

Para a trilha sonora ele pensava em um arranjo recente do sucesso Mais que Nada do Jorge Benjor que o Sérgio Mendes tinha realizado. Nessa recente adaptação, Saldanha achava que tinha a ver com o filme, o saudosismo com o moderno. Eu ganhei do meu tio um LP do Sérgio Mendes e adoro esse músico. Ele também foi entrevistado no Almanaque. Falou que foi a primeira experiência com música para animação. Sérgio Mendes disse inclusive que compôs uma valsa para Rio e também um samba. Ainda estão na trilha Carlinhos Brown


Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Comunidade Japonesa - São Paulo: Seus Povos e Suas Músicas

Assisti ao espetáculo Comunidade Japonesa - São Paulo: Seus Povos e Suas Músicas na Biblioteca Mário de Andrade. Foi  incrível e tenho aprendido muito sobre os povos que vieram ao Brasil nessa série. A curadoria é da Anna Maria Kieffer. O programa começou com músicas clássicas tradicionais japoneses com os instrumentos kotôs, esses cumpridos da foto e o shakuhachi tocado pelo Danilo Tomic. Ele contou que foi quando viajava na Europa que conheceu esse instrumento, foi uma surpresa saber que veio da China para o Japão. Ele disse que vários instrumentos vieram da China para o Japão que os adaptou posteriormente a sua cultura. O shakuhachi era só tocado por uma religião no Japão, como um chamado. Só depois é que ganhou os palcos. 


Quando Danilo Tomic voltou ao Brasil ele procurou um mestre e passou a estudar o instrumento. Tocaram os kotôs: Tamie Kitahara e Yuko Ogura. No shakuhachi, ele e Alexander Iwami tocaram uma música japonesa inspirada nos sons que os veados faziam na época do acasalamento. O repertório era todo de preciosidades. Depois da música tradicional eles tocaram música contemporânea. Surgiu então um trio entre shakuhachi com Danilo Tomic, violoncelo com  Kayami Satomi e no violão Camilo Carrara. Alguns obras que foram interpretadas no violoncelo eram para kotô e foram adaptadas pelo Danilo Tomic ao instrumento. Tomic inclusive mostrou que cada partiura de kotô e shakuhachi tem grafia própria, diferente da universalização das partituras. No repertório ouvimos algumas músicas do compositor Danilo Tomic que gostei muito.

Antes da apresentação musical tiveram palestras de Jo Takahashi e Madalena Natsuko Hashimoto CordaroTakahashi contou que os imigrantes japoneses chegaram em 1908. Com excesso populacional no Japão, muitos foram incentivados a buscar outros países. Por uns 5 anos no Brasil, as dificuldades fizeram com que os japoneses se distanciassem de sua vida cultural, mas na tentativa de não esquecerem suas tradições, começaram a trazer filmes japoneses, daí a tradição em São Paulo da exibição de tantos filmes japoneses. Takahashi contou aue os filmes mudos no Japão eram apresentados de forma diferente. Um narrador-ator fazia além da narração as vozes de todos os que apareciam na tela. Os filmes japoneses eram exibidos depois na Liberdade onde os cineastas Walter Hugo Khouri e Walter Salles eram frequentadores assíduos, e os diretores de teatro José Celso Martinez Corrêa e Antunes Filho.Na plateia estava o cineasta Rodolfo Nanni que fez uma pergunta a Takahashi, já que Nanni tinha ido ao Japão para tentar fazer um filme que contasse a imigração no Brasil, mas que não foi realizado por falta de patrocínio. Takahashi lembrou que a Tizuca Yamasaki conseguiu fazer posteriormente a tentativa do Nanni porque conseguiu, com muito sacrifício, patrocínio no Brasil, mas não do Japão.





Beijos,
Pedrita