Terminei de ler Infiel de Ayaan Hirsi Ali. Eu comprei esse livro na Bienal do Livro no ano passado porque tinha lido várias matérias e queria muito ler. Essa edição é da Companhia das Letras. Logo no início eu já me surpreendi. Na década de 50 a avó de Ayaan vivia na Somália nos clãs, mudava sempre de lugar, viviam sempre embaixo de árvores. É muito recente para me deparar com pessoas que viviam em clãs. A mãe de Ayaan se casa como muitos no país, com casamento arranjado e surpreendemente, depois de ter um filho, pede o divórcio e vai viver na capital da Somália. Lá conhece o pai de Ayaan, se casa, tem duas filhas. O pai de Ayaan era um revolucionário e com as mudanças políticas no país vai preso. Como a mãe de Ayaan teme pela segurança de todos, resolve ir viver com a mãe, começam então o calvário de todos. Esse clãs que têm aqueles rituais monstruosos como a excisão do clítoris, fiquei mais horrorizada ainda que eles custaram as mulheres, deixando só o espaço para a urina. Isso acontece com Ayaan e a irmã, em uma festa, quando Ayaan tinha 5 anos. Sua mãe era contra, mas como a mãe viajava muito, a avó apronta essa monstrusidade como se estivesse fazendo o bem as crianças.
Depois a mãe e as filhas começam a viajar para viver com o pai. Moram na Arábia Saudita e no Quênia. A mãe começa a ficar
amarga e a espancar muito as filhas. É horrível como a mulher é tratada nesses países, a submissão já incomoda, mas se fosse só isso podíamos até suportar a cultura de um país, mas a violência física que sofrem é assustadora. Se uma mulher é estuprada pelo irmão, a culpa é da mulher. Homens podem espancar suas mulheres, se acharem que elas merecem. Ayaan é tão espancada por um professor do Alcorão e pela mãe que tem que ser hospitalizada com uma lesão séria no cérebro. Apesar de todos esses horrores, é a irmã dela que se rebela mais.
Ayaan na adolescência abraça o Islamismo, cobre seu corpo, mas com os ensinamentos começa a questionar as ordens e obediência às mulheres e começa a não entender porque os homens não devem obediência também. Ela tem um casamento arranjado com um marido no Canadá, mas a família não consegue visto que ela vá direto ao país. Seria mais fácil conseguir o visto para a Alemanha e depois por lá ir para o Canadá. Vai para a casa de uns parentes na Alemanha e lá
começa a planejar a sua fuga.
Começa a segunda parte do livro. Não deve ser fácil fugir. Além de serem amaldiçoadas pela sua fé, a família também e é preciso cortar os laços. Esse deve ser o motivo que muitas mulheres se submetem, porque não é fácil virar as costas para o seu passado, abandonar irmãos, pais, saber que eles sofrerão represálias em seu país. Não é uma decisão fácil. Ayaan se refugia na Holanda. A quantidade de imigrantes de outras nacionalidades no país na época é assustadora. Ela acaba trabalhando como intérprete e começamos a conhecer outros povos, outras situações complicadas. Aos poucos Ayaan começa a dizer o que pensa e é jurada de morte. Na Holanda ela foi classificada com QI baixo, mas insistiu em tentar se formar em política. Foi contra as determinações da imigração e conseguiu ingressar em uma universidade. Chegou ao Parlamento holandês. Hoje ela vive nos Estados Unidos. Infiel aborda várias questões, Islamismo, violência a mulher, imigração na Europa, política e o papel da imprensa que muitas vezes se aproveita de temas controversos pra fazer sensacionalismo. Ela escreveu um outro livro que agora quero ler e a Carla Martins comentou no blog dela, Leitura (mais que) Obrigatória.
Anotei vários trechos de Infiel de Ayaan Hirsi Ali, vou selecionar alguns:
“Nasci em um país dilacerado pela guerra e fui criada em um continente mais conhecido pelo que dá errado do que pelo que dá certo. Nos padrões da Somália e da África, sou privilegiada por ainda estar viva e sã, privilégio que não posso nem nunca vou poder considerar líquido e certo, pois sem a ajuda e o sacrifício de familiares, professores e amigos, nada me distinguiria das minhas semelhantes que apenas lutam pra sobreviver.”
“Há a mulher açoitada por ter cometido adultério; outra entregue ao matrimônio a um homem que ela detesta; outra espancada regularmente pelo marido; e outra que o pai repudiada ao saber que o irmão dela a estuprou. Os perpetradores justificam cada abuso em nome de Deus, citando os versículos do Alcorão agora escrito no corpo dessas mulheres. Elas representam centenas de milhares de muçulmanas em todo o mundo.”
“A desconfiança era recomendável, principalmente para as meninas. Pois elas podiam ser roubadas. Ou podiam ceder. E aquela que perdesse a virgindade manchava não só a própria honra como a do pai, dos tios, dos irmãos, dos primos. Não havia nada pior do que ser agente de semelhante catástrofe.”
"A mutilação dos órgãos genitais da mulher é anterior ao Islã. Nem todos os muçulmanos adotam essa prática, e alguns povos que a adotam não professam o islamismo. Mas, na Somália, o procedimento sempre se justifica em nome do Islã."
Youtube: Roda Viva - Ayaan Hirsi Ali
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| From Mata Hari e 007 |
Beijos,


Quando a guerra acabou, Weigel e o marido resolveram retornar a Alemanha, mas preferiram viver na Alemanha Oriental. Lá os textos de Brecht começaram a ser censurados, não queriam a montagem de alguns de seus textos e os textos que Weigel escolhia para encenar também. Depois da morte de Brecht, Weigel conseguiu passar para a Alemanha Ocidental toda a obra de Brecht para ser publicada na íntegra, sem a censura que a Alemanha Oriental desejava. Essa atriz encenou mais de 400 vezes o texto Mãe Coragem de Brecht, peça sobre uma mãe que perde um filho em uma viagem difícil, mas Weigel preferia não chorar, em cena pra mostrar toda a força e coragem dessa mulher.
Durante a peça Esthér Góes interpreta Weigel e mais alguns personagens das peças de Brecht, o espetáculo é simplesmente maravilhoso! E também passam em um telão cenas como se fossem de filme antigo, mas foram feitos pela Esthér Góes e alguns com a participação do Renato Borghi. Apesar da Esthér Góes usar cigarros em cena, ela nunca os acende. Esthér Góes gosta de escolher textos de mulheres que poderão ser esquecidas pelo tempo, mulheres determinadas e brilhantes como Weigel. O primeiro monólogo que vi no teatro com Esthér Góes foi Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? no Teatro Crowne Plaza e jamais esqueci. Determinadas Pessoas - Weigel está na reestréia e agora tem a direção cênica do filho da Esthér Góes, Ariel Borghi, que também faz alguns personagens. Esse espetáculo está incluído na promoção 



Os atores e a equipe começam a fica entediados em um belíssimo hotel na praia. E a equipe tenta localizar o financiador do filme que é americano. O Estado das Coisas é na época da máquina de escrever, que os telefones eram escassos. Há um no hotel e um orelhão na rua e eles têm dificuldade de falar com as outras pessoas, e as ligações são de qualidade ruim. Há muito surrealismo no filme. A fotografia é maravilhosa! Duas crianças estão no elenco e as conversas delas são sempre ótimas. No elenco estão: