sexta-feira, 11 de março de 2016

Eles Não Usam Black Tie

Assisti Eles Não Usam Black Tie (1981) de Leon Hirszman na TV Brasil. Foi no facebook que vi que esse filme ia passar no canal. Na programação do canal aparecia só o nome do quadro, não o nome do filme, coloquei pra gravar sem ter certeza que entendi o dia certo, chequei no dia seguinte e era esse filme mesmo. Gostei muito. O texto é de Gianfrancesco Guarnieri que faz o protagonista.

Ele é operário, o filho, interpretado pelo Carlos Alberto Riccelli, também. A mãe pela Fernanda Montenegro e o filho mais novo por Flávio Guarnieri. O pai já foi preso por ter feito greve, não é mais época da Ditadura Militar, mas a polícia não mudou muito.

O filho vai casar corrido porque a namorada engravidou, interpretada pela Bete Mendes, ela também é operária. A mãe dela é interpretada por Lélia Abramo, o pai por Rafael de Carvalho e o irmão por Fernando Ramos da Silva. O futuro pai precisa de dinheiro e é incentivado pelo amigo, interpretado por Anselmo Vasconcellos, a ser espião na fábrica, fica tudo subentendido, o tempo todo ficamos na dúvida se ele realmente dedurou os colegas. E o filho não apoia a greve e fura a greve. 

O melhor amigo do pai é interpretado pelo Milton Gonçalves. O pai acha que as fábricas precisam se organizar melhor, se unir para fazer greve, mas um revolucionário é demitido e incita a greve antes da hora que é um fracasso. Esse revolucionário é interpretado Francisco Milani. Renato Consorte é o dono do bar. Alguns atores negros fazem minúsculas participações e algumas figurações como Gésio Amadeu, João Acaiabe e Aldo Bueno. Fazem pequenas participações ainda Paulo José, Antonio Petrin, Genézio de Barros e Nelson Xavier

Linda e clássica a cena do casal escolhendo feijão, que atores. A música tema é de Adoniran Barbosa. A direção da trilha de Radamés Gnatalli. Eles Não Usam Black Tie ganhou vários prêmios como Leão de Prata no Festival de Veneza. 

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 9 de março de 2016

Interestelar

Assisti Interestelar (2014) de Christopher Nolan no HBO on Demand. Eu não estava muito animada em ver esse filme apesar de adorar ficção científica. Sempre que zapeava parava pra ver um pouco e sempre era muito lento em diálogos em salas, sem esse lado espacial do pôster. É que Interestelar é enorme, muito enorme, muitas horas, e realmente tem muito diálogo filosófico, pouca ação. Mas é muito interessante, gostei muito.

Vamos começar do começo. É um futuro distante uma família é fazendeira, as plantações vivem queimando porque há nitrogênio demais, pragas demais, oxigênio de menos. Um engenheiro, interpretado pelo Matthew McCounaughey que está fazendeiro, segue uma pista e descobre galpões da Nasa com equipes de pesquisa. O chefe é interpretado pelo Michael Caine. A Nasa pensa em enviar um grupo de astronautas para outra galáxia, para depois levar alguns sobreviventes da terra. Serão muitos anos. A nave levará também embriões para barrigas de aluguel. Há vários planos na tentativa de achar algum lugar onde os habitantes da terra possam morar.

Esse engenheiro é o único que já foi a lua, já fez viagens espaciais, e esse grupo tenta convencê-lo. Além do grupo ele seguirá com a filha do personagem do Michael Caine interpretada pela Anne Hathaway. São acontecimentos demais, já que o filme é muito longo e complexo. Achei sofrível a interpretação de Matthew McCounaughey. Matt Damon faz uma participação. Ainda nessa equipe da nave está o personagem de David Gyasi
Os filhos do engenheiro crescem e são interpretados por Jessica Chastain e Casey Affleck. Ele se torna um fazendeiro revoltado, ela uma grande pesquisadora. O pai falava muito da importância dos estudos. Linda a menina que faz a Murph criança, interpretada por Mackenzie Foy. A mais velha por Ellen Burstyn. 

Interestelar ganhou Oscar e Bafta de Melhores Efeitos Especiais. No geral o filme é bom, mas uma edição e alguns cortes melhorariam bastante. Os depoimentos iniciais que voltam a aparecer no final são esquisitos. A busca pelo drone demora muito. Não precisava ser tão longo até porque algumas questões ficam em aberto. Eu imagino que quem tenha interesse científico pelo tema deva entender e gostar mais ainda. 

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 7 de março de 2016

Além do Inverno

Assisti Além do Inverno (2013) de Philippe Claudel no Max. Eu falei desse filme para a Liliane do Paulamar e colocamos pra gravar. Ela viu antes, parecia não ter se animado muito, fui postergando ver. Um dia eu vi uma chamada e vi que era com o Daniel Auteuil que amo. Vejo tudo o que ele faz. Ele pode fazer um filme muito porcaria, que ganhe Framboesa de Ouro, mas eu vou querer ver. E depois que começou é com outra atriz que adoro Kristin Scott Thomas. O dois interpretam um casal que está junto faz muito tempo. Eles são se dão bem, tem uma vida muito confortável. A casa que escolheram é lindíssima, o jardim maravilhoso. Ele é médico e eu achei que a esposa fosse paisagista, mas depois ela conta que largou tudo para apoiar o marido na carreira difícil de médico, para dar suporte a ele. O casamento está desgastado. Eles vivem bem como amigos, mas os dois estão distantes um do outro.

Ele conhece uma linda moça e começa uma bela e terna amizade com ela. Eles não se envolvem. A esposa do médico tem uma irmã com problemas e quando ela precisa de ajuda procura o amigo do casal, não o marido médico. O médico tem muito stress e é afastado do hospital onde fazia numerosas cirurgias. Boa parte do stress é em decorrência de rosas vermelhas que incessantemente chegam pra ele no consultório e em casa e ele não sabe quem envia. Ele e a mulher desconfiam de muita gente. Todos negam. Linda a moça que ele conhece, interpretada pela Leila Bekhti.

Vou falar detalhes do filme: Há muito texto incrível. Em um momento a esposa fala que o marido teve licença para ficar em casa, na casa que ele estranha, que ele parece não pertencer. Os dois se dão muito bem com a nora e volte e meia ficam com a neta que adoram, mas o filho é um chato e eles não se entendem muito. No filme também eles contam que os três amigos se conheceram juntos. Ela era muito amiga dos dois e casou com um deles. O pai inclusive se entende muito mal com o filho economista. Também no final, bem no finalzinho uma frase passa quase despercebida. O filho chato pergunta a mãe quem está ganhando no tênis e a mãe diz, o seu pai, mas quem está ganhando é o amigo deles. E quem perceber, vai ver que na verdade o filho chato é filho do amigo do casal, não do marido, mas o filho acha que a mãe se enganou e nem percebe.

O final é bastante surpreendente. O amigo é interpretado pelo Richard Berry. A trilha sonora é muito bonita também. Desse diretor é já vi Há Quanto Tempo Que Te Amo e comentei aqui.

Beijos,
Pedrita

domingo, 6 de março de 2016

O Filho Eterno de Cristovão Tezza

Terminei de ler O Filho Eterno (2007) de Cristovão Tezza da Editora Record. Eu tinha lido desse autor Juliano Pavollini e gostado bastante, esse inclusive já tem os direitos comprados para virar filme. Mas diziam que O Filho Eterno é o mais famoso dele, então resolvi adquirir em algumas dessas promoções virtuais.

O Filho Eterno é praticamente autobiográfico, é ficcional, mas tem o paralelo da vida do autor. Começa com um pai na maternidade esperando o nascimento de seu filho. Já começa o desconforto em escrever a opção profissão. O protagonista está sem trabalho, é um escritor que nunca publicou nada, tudo está começado na gaveta. Quem trabalha nessa família é sua esposa. Nasce então uma criança com Síndrome de Down. Incrível como o autor despe o pai, colocando os pensamentos, inclusive os podres, na maioria das vezes pensamentos podres. Nós somos muito cuidadosos em verbalizar questões complexas, mas os pensamentos tudo podem. Esse despir é o mais fascinante na obra.

Obra de Belmiro Santos

O protagonista tem todos aqueles pensamentos horrorosos sobre a Síndrome de Down, na época ainda intitulada mongolismo. Ele lembra das estatísticas que muitos morrem ainda bebês com problemas cardíacos, então ele pensa que se isso acontecer, logo tudo se resolve, todos esquecem rapidamente. O protagonista fala dos constrangimentos das consultas, da vergonha que percebam que seu filho é diferente. Então essa criança torna-se O Filho Eterno
Obra de Osmar Carboni

A obra também fala da dificuldade financeira dessa família, dos inúmeros gastos, o pai precisa arrumar um emprego público, estão muito endividados. Com o tempo o pai lança seu primeiro livro e com o emprego a situação financeira começa a se equilibrar. O pai percebe amá-lo quando maior o menino desaparece, é no desespero de perdê-lo que o pai percebe que agora ama o filho. O protagonista fala da dificuldade de lidar com o tema da década de 80, quando há muito desconhecimento da síndrome e muito preconceito. Em meio a esses pensamentos, o protagonista lembra fatos de sua vida passadas, seu grupo de amigos, ditadura. O Filho Eterno ganhou os prêmios:
 * Prêmio APCA - Associação Paulista dos Críticos de Arte - melhor romance
Prêmio Jabuti - melhor romance
* Prêmio Bravo! - Livro do Ano
Prêmio Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa - 1º lugar
*Prêmio São Paulo de Literatura 2008
*Prêmio Zaffari-Bourbon da Jornada Literária de Passo Fundo - 2009
*Prêmio Faz Diferença 2008 - O Globo
*Prix Littéraire Charles Brisset 2009 - Association Française de Psychiatrie 

Beijos,
Pedrita