É muito interessante como a série é construída. Começa em um teatro, Gael Garcia Bernal interpreta um ator que está no palco como Hamlet em uma pequena participação. Ele morre ali mesmo. Um homem percebe, tenta salvá-lo, que ator Himesh Patel e que personagem. Tem uma atriz mirim no palco pela incrível Matilda Lawler. A cuidadora da atriz mirim vai na ambulância com o ator. Esse desconhecido resolve levar a menina pra casa dela. No caminho, falando com a irmã enfermeira, ele fica sabendo que as pessoas estão morrendo rapidamente de uma pandemia. Um pouco diferente da pandemia que nos atingiu, essa mata em algumas horas ou dias, sem possibilidade de tratamento. E quem tem contato morre rapidamente também. A irmã dele tosse na ligação, mas dá todas as orientações pra ele de como agir. Os pais da menina não estão em casa, ela está sem chave. Ele a leva a um supermercado, enche inúmeros carrinhos e segue para o belíssimo apartamento do irmão, Nabhaan Rizwan.
A série corta então para o futuro, 20 anos depois, a menina é uma jovem agora, da ótima Mackenzie Davis. Ela integra uma trupe itinerante de teatro. Esse é um dos grandes trunfos da série, entrecortar o tempo todo passado e futuro, sem ordens cronológicas. Vemos ela criança indo com Jeevan embora do apartamento, super encapotados, em uma neve assustadora. Só vamos saber o que aconteceu de fato no apartamento episódios depois e mesmo assim aos poucos. E os personagens são muito bons, carismáticos, complexos, queremos saber cada detalhe. A série prende muito, fiquei fascinada e ligada. Vi bem rapidamente.
Um episódio conta a trama de um grupo que fica "preso" em um aeroporto. O avião ia para Chicago, mas pela pandemia, para em outra cidade e as pessoas ficam no aeroporto. Elas descobrem que lá estarão seguras, se não tiverem contato com mais ninguém e passam a viver lá. Três iam ver Hamlet. O filho do ator que morreu, Julian Abradors, a mãe dele, Caitlin Fitzgerald, e um amigo, não muito amigo, David Wilmot.É incrível como essas duas crianças dão ou tiram a série do eixo. As duas ficam impactadas com um livro de 5 cópias e passam a ter como referência, quase como um livro religioso. É um livro de quadrinhos, que um astronauta virá salvá-los. Um deles torna-se então o Profeta, Daniel Zovatto. Ele é absurdamente destruidor e mobiliza crianças pra serem também. A contagem do tempo agora tem outras divisões, o primeiro ano da pandemia, o ano zero. E as crianças nascidas após a pandemia tem outra perspectiva da vida. São muito diferentes de quem viveu com energia, tecnologia e confortos. As crianças tem menos apego a vida e são muito destrutivas.
A explicação da trama das crianças surge quase no final quando Jeevan vai parar em um hospital com inúmeras mulheres grávidas que vão parir ao mesmo tempo. É impressionante como a trama se costura. O final é muito emocionante e poético!Beijos,
Pedrita