quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Retrospectiva 2016

2016 fui pouco ao cinema, mas vi filmes incríveis. Andam proibitivos os custos dos ingressos. Vários filmes que vi em 2016 falavam de mulheres. As Sufragistas mostrou a força de mulheres lutando pelo direito ao voto, depois de muita violência e luta elas conseguiram e motivar mulheres pelo mundo todo e outros países também tiveram que ceder a pressão delas. Esse filme está disponível no Now agora. Carol também me impressionou muito. A dificuldade de mulheres que se amam a viver esse amor e o quanto as pessoas usaram esse desejo para impedir a mãe de ver a filha. Triste!

Também foi o ano de Nise - O Coração da Loucura onde uma psiquiatra concursada não consegue solicitar choques aos pacientes, nem lobotomia e aceita a função de terapia ocupacional que era a que sobrou para não perder o trabalho. No hospital ela começa a modificar o tratamento aos doentes com escárnio de boa parte da classe médica que hoje nem é lembrada e ela é tão cultuada. Até chegar a pintura e ser reconhecida mundialmente pelo seu trabalho. O próprio Jung trocou correspondências com ela trocando informações. Em uma entrevista o diretor comentou que achavam o filme muito local para circular pelo mundo. Estranho que Jung não achou o trabalho de Nise local, mas os avaliadores mundiais de cinema sim.

O último filme no cinema foi o maravilhoso Deserto de Guilherme Weber com a incrível Magali Biff. Que filme! Vem arrebatando prêmios por onde passa.

Em teatro As Benevolentes - Uma Anatomia do Mal foi muito, mas muito impressionante! Thiago Fragoso visceral, que grande ator. Direção de Ulisses Cruz, iluminação de Caetano Vilela, texto de Jonathan Litell. Que espetáculo! Arrebatou alguns prêmios durante o ano.

Também incrível a Sinal de Vida com texto de Lauro César Muniz com Beto Bellini no papel principal. A peça mistura um pouco ficção e realidade, com fatos da vida do escritor e o triste episódio da ditadura. Que bela montagem!

Foi o ano de espetáculos infantis muito impactantes. Como O Inimigo da República Ativa de Teatro com texto incrível do Davide Cali que mostra o quanto somos tão iguais. Em época de tanta polaridade, ver essa peça tornou-se fundamental.

E o genial Nosferatu do Maravilhoso Teatro Ambulante da Academia de Palhaços. Adoro o filme do Murnau e essa montagem foi inteligente, engraçada e excelente!

Em literatura não foram muitos livros. Acabei pegando livros extensos para ler e não foram em grande número. Mas eu acho que leitura é prazer, então não é quantidade nem agilidade que fazem uma obra ser incrivelmente desfrutada. Foram obras incríveis, mas poucas. Em geral eu alterno livros mais finos, entre os grossos, amo livros grandes, mas alguns que escolhi pareciam finos, como o maravilhoso Dôra Doralina de Rachel de Queiroz. A edição tinha letra muito, mas muito pequena, que pegava quase toda a extensão da página. Sem dúvida o melhor livro de 2016. 

Outro incrível e que não parecia tão extenso foi 12 Anos de Escravidão. Conta a trágica história de Solomon Northup sequestrado de sua família e vendido como escravo nos Estados Unidos. Que livro doloroso!

Em novela foi o ano da incrível Liberdade Liberdade. Que produção, elenco, direção de arte e que roteiro. Mesmo sendo de época foi muito inovadora, com texto ácido. Maravilhosa!

Em exposição, foi o ano de Mondrian e o Movimento de Stijl no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. Que exposição!

Em época de crise econômica a tv a cabo é uma grande companheira. Foi o ano de ver grandes séries como Westworld que me deixou muito impactada. 

Concomitantemente a incrível segunda temporada de Magnífica 70 que eu achei que seria difícil ser tão incrível como a primeira e conseguiram subverter tanto e ser tão sensacional.

E a série que foi quase unânime em apreço, Justiça, que mesmo com algumas impossibilidades foi majestosa com interpretações e roteiros destroçantes.
Foram muitos eventos musicais incríveis como o recital com Emmanuelle Baldini e Dana Radu na Biblioteca Mário de Andrade.



Destaque também para o Duo Flutuart com as execuções de obras de Patápio Silva e para a pianista Eliana Monteiro da Silva que interpretou obras de compositoras brasileiras como Eunice Katunda e Nilcéia Baroncelli.

E a do Quarteto Camargo Guarnieri interpretando Dvorak e Borodin.

Filmes na tv a cabo foram muitos, vai ser difícil separar alguns. Impressionante O Duplo baseado no livro o Homem Duplicado. Muito indigesta a história contada em Spotlight.

Muito próximos uns dos outros acabei vendo três filmes incríveis Effie Gray, Uma PromessaTestemunho da Juventude. Três filmes de época, com histórias tão fortes, e algumas reais.


Fiquei muito destroçada por Elena e Meu Amigo Hindu. Gostei demais de Muitos Homens Num Só.


E fechei o ano com chave de ouro vendo A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Incrível filme! Apesar que eu deva ver mais algum por esses dias. 



Eu adorei o BBB16 desse ano, principalmente até a saída da Ana Paula. Foi demais! Confesso que não estou apostando nada na escolha do Thiago Leifert, confesso que nem me agradou. Pedro Bial sempre foi respeitoso com todos os participantes, vai ser difícil alguém substituí-lo com qualidade. Talvez o Otaviano Costa me agradaria.

E foi o ano das Olimpíadas e das Paralimpíadas Rio 2016. Confesso que tinha muito receio que tudo saísse de acordo, mas foi emocionante e lindo. E teve um carinho especial porque vários amigos foram voluntários. A Patry do blog Marion foi uma delas e fez lindos relatos.


Um Bom 2017 pra todos!
Pedrita

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A Hora e a Vez de Augusto Matraga

Assisti A Hora e a Vez de Augusto Matraga (2012) de Vinícius Coimbra no Telecine Action. Eu não consegui ver esse filme quando estreou nos cinemas, depois esqueci dele. Qual não foi a surpresa em ver ele nesse canal. Tinha muito mais a ver com o Telecine Cult. Que filme incrível! Impressionante!

O filme é baseado no conto de João Guimarães Rosa. Teve outra adaptação de 1965 que agora quero ver. João Miguel está incrível como Augusto Matraga. Um homem violento, que vive de crimes, mulheres. 

Ele é casado. Sua esposa é outra atriz que adoro, a Vanessa Gerbelli e tem uma filha. Em meio a desavenças com um coronel, Matraga pede que a esposa vá ficar em outra propriedade. No caminho ela resolve seguir com a filha com outro homem (Werner Schünemann). Os atores são incríveis, alguns em pequenas participações, um elenco maravilhoso.

Irandhir Santos também tem um grande personagem. Ele é funcionário do Matraga, fiel, mas medroso.

O coronel é vivido por Chico Anízio. Ele manda matar Augusto Matraga, seus capangas o espancam muito, Matraga cai de uma grande altura em pedras e todos acham que está morto.

Um casal o encontra, vai buscá-lo, e os dois começam a cuidar dele. Adoro esses atores: Ivan de Almeida e Teca Pereira. O padre (José Dumont) é chamado para a extrema-unção, Mas Matraga sobrevive, o padre diz para ele ir com quem cuidou dele para bem longe, trabalhar por três e viver sem mulheres. 

João Miguel passa a ser outra pessoa, incrível a modificação de interpretação. Até o jeito de andar é outro. Ele constrói uma casa para eles, ajuda todos na região incansavelmente, trabalha duro. Até que João Bem Bem (José Wilker) aparece, Matraga oferece abrigo e comida para o bando e se encanta com as histórias das aventuras. Wilker também está excelente.

O elenco é excelente: Júlio Andrade, Glicério do Rosário e Gorete MilagresA Hora e a Vez de Augusto Matraga ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival do Rio pela crítica e pelo público. João Miguel, Melhor Ator, José Wilker, Melhor Ator Coadjuvante. João Miguel também ganhou APCA de Melhor Ator.

Beijos,

Pedrita

domingo, 25 de dezembro de 2016

A Regra do Jogo

Assisti A Regra do Jogo (1939) de Jean Renoir da Coleção Folha Cine Europeu. É surpreendente como esse filme é tão bem realizado com tão poucos recursos da época.

São ótimas as cenas em uma grande casa onde muitos estão reunidos para a caça e para uma festa. São várias confusões ao mesmo tempo. Uma maioria vê uma peça em uma sala, outros correm atrás de um grupo, um armado tenta pegar o homem que assediou sua mulher, e tudo ao mesmo tempo. Tem horas que parece que são vários planos sequências de um ambiente a outro. Vemos aqui na frente uma cena e em outro cômodo parte de outra. Impressionante! Agora que vi que Jean Renoir estava no elenco. Ele é esse vestido de urso.

A parte da caça me incomodou profundamente. Mas particularmente não acho que o diretor colocou como algo nobre. Pode ser impressão minha. O tempo todo o diretor mostra a relação perversa em patrões e funcionários. Os ricaços se posicionam em baias numeradas com suas armas e ficam lá esperando porque na verdade os funcionários que fazem quase tudo. Os patrões só atiram. Os empregados afugentam os animais para irem a esse lugar das baias para confortavelmente esses ricaços atirarem. Os cachorros ajudam a pegar a caça e os funcionários que levam os animais. Acho difícil que Jean Renoir achasse isso nobre. Os funcionários que fazem praticamente tudo em todo lugar. Os ricaços só aproveitam.
As relações amorosas são conflituosas. Casados com amantes que sabem, mas mantém as estruturas. Os empregados também tem relações conflituosas. Uma não gosta de trabalhar onde está o marido porque tem vários amantes. Eles brigam pelas relações extra conjugais, mas sabem e conversam com os amantes tentando acordos fora do padrão. O filme já tem som, mas muitas das interpretações são como no cinema mudo, com muitas expressões. No elenco estão: Nora Gregor, Paulette Dubost. Mila Parély, Marcel Dalio, Odette Talazac, Roland Toutain, Julien Carrete e Gaston Modot
Boas Festas!

Pedrita