sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Papillon

Assisti Papillon (2017) de Michael Noer no TelecinePlay. Eu não tinha muita empolgação em ver essa adaptação. Eu tinha amado o livro que li na adolescência, não lembro quanto tempo depois vi o filme e não sabia como reagiria a essa história nos dias de hoje. Nem sabia nada dessa adaptação. Em uma matéria, falam que alguns filmes não deviam ser refilmados e que esse seria o caso, pode ser, mas como disse, não lembro muito e minha percepção de obras na adolescência era outra.

Papillon seria um prisioneiro acusado injustamente. Ele não teria morto uma pessoa. Papillon era um grande ladrão de cofres, então, particularmente, eu acho difícil que nunca tivesse cometido crimes. Pode ser que naquele caso específico não tenha sido ele, mas vai saber também. Demorei muito pra ver o filme, parece filme de super herói. Não curti nada Charlie Hunnam, não consegui torcer por ele, até porque já no início duvidei de sua história. Seu parceiro é interpretado por Rami Malek.

Porque eu fui buscar informações sobre essa adaptação, acabei achando uma matéria de 2015 que diz que há grande probabilidade do  livro ser de outro fugitivo, René Belbenoît, não de Henri Charrière. Os dois se conheciam. Belbenoît escreveu muitos livros falando das prisões, com histórias do que viveu. Quando escreveu Papillon confiou a Charrière que levasse para ser publicado. Charrière esperou Belbenoît morrer, colocou mais um personagem do livro, era só um fugitivo e publicou como dele. Inclusive Belbenoît refugiou-se no Brasil. Tem uma matéria que dá muitos detalhes aqui.


Pelo menos o livro Papillon fez esses presídios da Ilha do Diabo na Guiana Francesa serem desativados. A Europa sempre gostou de depositar presidiários, lixo eletrônico, em países pobres. Irônico porque deixam inúmeros imigrantes em acampamentos ao lado de suas fronteiras, mas queriam que outros países lidassem com seus criminosos, já que muitos fugiam. O estilo de prisão que ficou Papillon é daquelas que não conserta ninguém, muito pelo contrário. Também por ser em um lugar isolado permite todo o tipo de sadismo de seus diretores e funcionários, liberando o pior do ser humano.
Esse post ficou bem mais interessante que essa adaptação, que é bem ruinzinha.



Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

A Livraria

Assisti A Livraria (2017) de Isabel Coixet na Netflix. O filme é baseado no livro de Penelope Fitzgerald, nunca li nada dessa autora, vou procurar. Vi que tem o livro em português pra comprar. Que filme delicado e triste!

Uma viúva compra uma casa em uma cidade para montar uma livraria. Logo sofre resistência de uma ricaça arrogante que queria a casa para fazer um centro de artes. Ela resiste a pressão e monta assim mesmo a loja. Emprega uma garota interpretada por Honor Kneafsey. Adoro Emily Mortimer e ela está ótima.

O primeiro cliente é um outro recluso viúvo. Ele pede livros por carta. Bill Nighy o interpreta.

Infelizmente a perversa ricaça vai manipulando a tudo e a todos para atingir os seus objetivos. Sim, ela é perversa, mas ela só conseguiu prejudicar a livraria porque inúmeros cúmplices a ajudaram, ou se calaram. O quanto cada um de nós é responsável pelo mal que fazem a alguém. Patricia Clarkson interpreta a megera. O marido omisso dela por Reg Wilson. Seu cúmplice é interpretado por James Lance. A narração é de Julie Christie

Feliz 2020! Com muita cultura!
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Colonos do Café de Maria Sílvia Beozzo Bassanezi

Terminei de ler Colonos do Café (2019) de Maria Sílvia Beozzo Bassanezi da Editora Contexto. Não lembro como tomei conhecimento desse livro, o que sei é que anotei na lista de livros que queria ler. Nem sei se foi matéria. Preciso começar a anotar como fiquei sabendo. Tenho muito interesse pelo tema. Eu comprei na Feira de Livros da USP por R$ 10,00.

O marcador de livro é da Livraria Cultura com obra naief de Lucia Buccini

Obra Café (1935) de Cândido Portinari

O livro veio depois de uma tese. A pesquisadora e historiadora estudou o colonato, prática utilizada para os imigrantes europeus que vieram em massa ao Brasil para trabalhar noas lavouras de café. Conhecia um pouco do tema que estudei na escola, complementado pelas novelas na TV Globo, mas queria conhecer mais sobre o assunto. 

Obra naief de Lucia Buccini

A autora focou na Fazenda de Santa Gertrudes em Rio Claro. Na obra, ela conta que é a fazenda que encontrou mais documentos, fotos, relatórios sobre o período. A Fazenda Santa Gertrudes preferia imigrantes italianos. Tinham de outras nacionalidades, mas a predominância era de italianos. Tinham ainda negros e portugueses. Diferente de outras fazendas, teve muito pouco japoneses, os poucos que vieram partiram logo. Bassanezi acha que as diferenças culturais devem ter afastado esses imigrantes. Todas as relações eram na fazenda, trabalhavam demasiadamente, tinham ainda pedaços pequenos de terra a meia, então quando os imigrantes tinham tempo investiam em suas pequenas propriedades. Criavam porcos, galinhas, tinham horta, boa parte para a sua própria subsistência. Os porcos vendiam na cidade já que pagavam melhor. Poucos conseguiam juntar dinheiro e no futuro conseguiram comprar terras ou abrir negócios na cidade.
Obra Colheita do Café de Antonio Ferrigno

A historiadora relata que os casamentos eram realizados entre os colonos da mesma fazenda, com raras exceções. Mas ela conta a rotina de trabalho, então os colonos pouco tinham tempo de ir a outros lugares. Mesmo as festas religiosas aconteciam na própria fazenda que tinha igreja e missas realizadas lá mesmo. Então os colonos tinham mais chance de conhecer entre os moradores da própria fazenda que trabalhavam. 
Obra Colheita do Café (1984) de Manoel Costa

Era alta a mortalidade. As mulheres em geral por problemas ligados ao parto. As mulheres casavam novamente se tinham até 30 anos, quando ainda estavam no período mais fértil para ter filhos e tinham ficado viúvas cedo. Após os 40 anos, a maioria não casava novamente. Bassanezi acredita que se a Fazenda Santa Gertrudes tivesse alguns cuidados já existentes na época a mortalidade infantil seria menor. Como usar botas, alguns hábitos de higiene. Gostei da obra e é uma bela edição. Há várias fotos históricas, gráficos, uma bibliografia extensa. 

Beijos,
Pedrita