sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Anahy de Las Misiones

Assisti Anahy de Las Misiones (1997) de Sérgio Silva no Canal Brasil. Uma co-produção entre Brasil e Argentina. Sempre quis ver esse filme. Anahy de Las Misiones é ambientado no Rio Grande do Sul, quando acontecia a Guerra dos Farrapos. Uma família peregrina buscando objetos entre os mortos, para vendê-los entre os exércitos e manter sua subsistência. Anahy de Las Misiones é a matriarca desse grupo, interpretada maravilhosamente por Araci Esteves. O filme é falado em português arcaico e espanhol.

A família é interpretada por Dira Paes, Marcos Palmeira, Fernando Alves Pinto e Cláudio Gabriel. Outros que completam o elenco são: Giovanna Gold, Matheus Nachtergaele, Paulo José, Roberto Bomtempo, Nelson Diniz e o argentino Ivo Cutzarida.
Anahy de Las Misiones ganhou Melhor Filme (prêmio dividido com Miramar), Roteiro (Sérgio Silva e Gustavo Fernandez), Direção de Arte (Luiz Fernando Pereira), Ator (Marcos Palmeira), Atriz (Araci Esteves), Atriz Coadjuvante (Dira Paes), Prêmio Líder e Prêmio Unesco (dividido com O cineasta da selva) no XXX Festival de Brasffiado Cinema Brasileiro, DE, 1997 e Prêmio de Melhor Atriz (Araci Fsteves) no Festival do Cinema Latino-Americano, Trieste, Itália, 1998.


Música do post: Lenço farroupilha



Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Queda da Baliverna

Terminei de ler A Queda da Baliverna (1957) de Dino Buzzati pela editora Nova Alexandria. Eu tinha amado O Deserto dos Tártaros desse autor. Tinha ficado encantada com o estilo surrealista e fantástico, que quando vi esse livro em um sebo na avenida Faria Lima não resisti. É uma edição bem recente, muito bem cuidada e fácil de encontrar em livrarias e sebos virtuais. A Queda da Baliverna traz 37 contos instigantes, ágeis e inteligentes. Só fui ler a apresentação, orelhas e contra capa depois de ler a obra porque esses textos falavam em detalhes desses contos e eu não queria perder as suas descobertas.

Obra de Mario Schifano

O primeiro conto é o A Queda da Baliverna. Lembra bastante O Deserto dos Tártaros. Depois seguem os outros. Eu fico fascinada com os contos fantásticos. Eu não desgrudo até descobrir o seu desfecho e o seu mistério. A questão é que Dino Buzzati não desvenda mistérios, só coloca outros. Me emocionei muito com O cão que viu Deus, com A menina esquecida, com O irmão trocado e com Encontro com Einstein. Todos os contos são fascinantes. A cada conto ficava atônita e pensativa.
Obra I ragazzi di S.Spirito (1954) de Nino Tirrinanzi
Anotei alguns trechos da obra A Queda da Baliverna, mas a mágica de Dino Buzzati está em desvendar todas as palavras dos contos:
A Queda da Baliverna

“Daqui a uma semana começa o processo pela queda da Baliverna.”

O Irmão Trocado

“Desde então não mudou. Depois de três meses, deixou o internato, passou para outra escola, depois saímos de férias juntos. Nunca mais tronou a ser o rapaz de antes. Cresceu quieto e sem vontade própria, dedicado aos estudos, cheio de elegância no falar, disciplinado de modo quase desprezível. Cresceu, tornou-se homem, e quando eu lhe perguntava o que lhe haviam feito nos primeiros dias de internato, dava respostas vagas, ou até mesmo mostrava não entender.”

O Músico Invejoso

“Não podia nem mesmo oferecer a Deus essa sua dor, como libertação. Porque Deus indigna-se com esse tipo de dor.”

A Máquina
"Mas o dia estava tão alegre e os campos tão cheios de sol que era desnecessário falar.”
Todos os pintores e a música são de italianos do mesmo período que a obra foi escrita.


Youtube: LUIGI DALLAPICCOLA - Tartiniana Seconda - 01 - Pastorale





Beijos,

Pedrita

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Em Segredo

Assisti ao filme croata Em Segredo (2006) de Jasmila Zbanic no Telecine Cult, em co-produção com a Bósnia-Herzegóvina, Áustria e Alemanha. Eu já tinha visto que esse filme estava na programação do Telecine e queria ver. Vocês sabem o quanto gosto de ver filmes de culturas diferentes. Em Segredo é a história de uma mãe que tem uma filha adolescente e precisa conseguir o dinheiro para um passeio do colégio da filha. Com esse tema, Em Segredo mostra a vida na Croácia, o desemprego, um grupo de apoio onde mulheres se reúnem para contar suas histórias. As duas atrizes principais são excelentes: Mirjana Karanovic e Luna Mijovic. O roteiro é também da diretora.

Essa mãe precisa trabalhar em um bar noturno e é surpreendente os esteriótipos que as pessoas acham uma das outras sem conhecer suas vidas.
Em Segredo ganhou vários prêmios como de Melhor Diretor no Festival de Berlim.

Música do post: 16 HRVATSKA RAPSODIJA 5.




Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Zoológico de Vidro

Assisti O Zoológico de Vidro de Ulisses Cruz no Teatro Sesc Anchieta, no Sesc Consolação. Quando fui comprar o ingresso para o Calígula, aproveitei e comprei dessa peça, tinha visto de relance que a Cássia Kiss estava nesse espetáculo e quis ver. Só depois que fui ler detalhes. A peça é baseada no texto de Tennesse Williams, com tradução do Marcos Daud. Só achei para comprar esse texto no original. Esse texto de Tennesse Williams tem muito de sua auto-biografia e esse espetáculo é impecável! Tudo delicado, bem cuidado e primoroso! De início já gostei da música. O narrador que é um personagem nos avisa que a música é importante porque tem ligação com as lembranças. E as escolhas, as composições de Victor Pozas são perfeitas. Os sons dos objetos tão amados por essa família estão nos sons das músicas, com uma sutileza e delicadeza incríveis! Também há vários efeitos sonoros dirigidos por Laércio Salles. A iluminação de Domingos Quintiliano é ótimo.

Adorei o cenário de Helio Eichbauer. O elenco é incrível! Cássia Kiss interpreta maravilhosamente uma mãe dominadora. Ela foi abandonada pelo marido que sumiu no mundo. Quem paga o aluguel da moradia é o filho que tem um emprego e vida igualmente medíocre. A irmã tem uma timidez praticamente doentia. No final junta-se a eles um amigo do irmão. Gostei demais dos atores que fazem os irmãos. Ele é Kiko Mascarenhas. Ela, Karen Coelho, eu reconhecia a voz, mas não conseguia ligar a fisionomia a uma atriz que me lembrasse. Foi um susto quando em casa vi que ela é quem interpretou uma estouvada, amalucada, ágil personagem em Ciranda de Pedra. Está completamente diferente! Com o ator que aparece por último, o Erom Cordeiro, também só descobri em casa. Ele está com cabelo e sem barbas, então não lembrei onde o tinha visto. Eu gosto demais desse ator que arrasou na novela Paixões Proibidas. Eu fiquei muito triste e emocionada no final! É um texto muito contundente! Essa peça fica em cartaz por pouco tempo, até o Carnaval. Igualmente custa R$ 20,00 e os ingressos precisam ser comprados com antecedência, porque está lotando!

As fotos são de Gal Oppido.

Música do post: george gershwin & lena horne - summertime




Beijos,

Pedrita

domingo, 25 de janeiro de 2009

Calígula

Assisti Calígula de Gabriel Vilela no Teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros. Essa peça foi adaptada sobre o texto de Albert Camus e transposta no Brasil por Dib Carneiro Neto. Eu tinha comentado no ano passado com o 007 que pensava em ver essa montagem, talvez isso que o tenha impulsionado me presentear com o filme. Essa adaptação começa quando o Senado aguarda ansiosamente a volta de Calígula que desapareceu após a morte de sua amada irmã Drusilla. É o momento em que Calígula parece estar louco, quando no fundo parece mais lúcido ainda com seus textos complexos.

Thiago Lacerda está excelente! Em vários momentos as falas de Calígula parecem mais um monólogo já que trazem seus pensamentos. É surpreendente quando um de seus maiores inimigos, Cipião, é quem mais o entende já que também viveu o horror de perder alguém querido, mesmo que sob as mãos de Calígula. A relação amor e ódio que se instala entre os dois é impressionante! O ator que faz esse inimigo é interpretado por Pedro Henrique Moutinho. Magali Biff interpreta a mulher de Calígula, Cesônia. Outros do elenco são: Pascoal da Conceição, Rodrigo Fregnan, Jorge Emil e Ando Camargo. Essa peça fica até fevereiro e os ingressos custam R$ 20,00, mas eu comprei com uma semana de antecedência e mesmo assim estava praticamente lotado. É preciso comprar bem antes os ingressos.
De Albert Camus: "Não se pode a tudo destruir, sem destruir a si próprio. Calígula arrasa com o mundo ao seu redor e, fiel à sua lógica de vida, faz o que pode para voltarem-se contra ele todos os que terminarão por assassiná-lo. Calígula, a peça, é a história desse suicídio superior. É uma história sobre a forma mais humana e mais trágica de errar. Infiel ao homem, por fidelidade a si mesmo, Calígula consente em morrer, por haver compreendido que nenhuma criatura pode se salvar sozinha e ainda, que não se pode ser livre à custa dos outros." Esse trecho é de um texto maravilhoso que está no programa do espetáculo e é do prefácio da edição americana do livro Théâtre (1958), antologia de suas peças pela editora Pléiade (tradução de Dib Carneiro Neto).

As fotos são de João Caldas.


Música do post: Antonis Remos & Marinella - San Anemos


Beijos,

Pedrita