Obra Jogo de Cartas (1935) de Almada Negreiros
Nosso protagonista é português e um rico filho de um empresário. Ele vive tranquilamente sem saber o que faz, sai com amigos, vive a larga. Com o falecimento de seu pai ele acaba assumindo a empresa, sem escolha. O pai trabalhava com navios que ele vê sempre do seu escritório, mas nunca se interessou em ver na prática o que acontece, vive na parte burocrática da empresa e continua saindo com os amigos e vivendo sem compromisso. O Rei de Portugal o procura e solicita que ele venha a ser Governador de S. Tomé e Príncipe, ilhas africanas sob domínio de Portugal. O Governador precisa verificar e informar que os proprietários de terras precisam ter livres os negros que trabalham em suas lavouras. S. Tomé e Príncipe vive do cultivo do Cacau e os proprietários ganham muito dinheiro. Em breve chegará nas ilhas um enviado inglês para atestar se realmente Portugal não tem mais mão-de-obra escrava. No período que o livro é retratado, o Brasil já alforriou os seus escravos. Aqui já começaram a substituir a mão-de-obra negra pela italiana. Em S. Tomé e Príncipe os negros são livres, recebem salários, tem contratos, podem ir embora, mas tudo indica que é mais fachada do que realidade.
Obra Maternidade (1935) de Almada Negreiros
Nosso protagonista sabe que será muito difícil dizer não a um pedido do Rei de Portugal, mas também o desafio lhe atrai. Em S. Tomé e Príncipe ele vive toda a hostilidade dos proprietários de terra que fingem que não castigam com chicote e maus tratos os negros. Os negros continuam vivendo em senzalas e se alimentando de farinha e água. Tanto que o índice de mortalidade é muito alto. Equador é um livro belíssimo. Miguel Sousa Tavares pesquisou todo esse período, há uma lista bibliográfica que foi utilizada para a pesquisa. Esse autor gosta de mostrar momentos históricos e criar personagens ficcionais. Ele entretêm e informa. A complexidade humana, a fragilidade humana, a prepotência, é um livro apaixonante. Equador é maravilhoso!
Tanto o pintor bem como o compositor são de S. Tomé e Príncipe e viveram no período que o livro foi retratado.
Beijos,
Pedrita