sábado, 8 de março de 2014

Histórias Que Só Existem Quando Lembradas

Assisti Histórias Que Só Existem Quando Lembradas (2012) de Júlia Murat no Max. Eu procurava pelo controle remoto o que ver. Vi esse nome, vi que é brasileiro, fui olhar na internet sobre o que se tratava. E surpresa! Esse filme ganhou vários prêmios internacionais e eu nunca tinha ouvido falar dele. Que triste esses filmes que ficam secretos, ainda mais uma obra de arte como essa. Que vergonha desse país que esconde os seus filmes. Esse filme é poesia pura e com uma atriz que tenho profunda admiração, a Sonia Guedes, outro excelente ator é o Luiz Serra. Júlia Murat é filha da cineasta Lúcia Murat e esse é o seu primeiro filme. A fotografia de Lúcio Bonelli é simplesmente maravilhosa.

É uma pacata cidade perdida no meio do Brasil com uma população que esqueceu de morrer. Só há pessoas mais velhas, o padre é o mais novo. A vida deles é toda milimetricamente vivida, tudo funciona com perfeição. Essa senhora acorda de madrugada, faz o pão, vai na venda, o dono da venda faz o café e vão a missa. Todos os dias a mesma rotina. Até que aparece uma jovem fotógrafa. O cemitério é fechado, essa senhora cuida das flores do lado de fora do portão. Foi um cemitério fechado em uma locação que inspirou a diretora a fazer o filme. 

A jovem fotógrafa é interpretada pela Lisa Fávero e o padre por Ricardo Merkin. Cidades esquecidas me lembraram o documentário Dormentes no Tempo. Histórias Que Só Existem Quando Lembradas ganhou Melhor Filme no Festival Latino Americano no Festival de Ljubljana, no RiverRun, de Santa Bárbara e de Sofia. E eu não sabia nem que esse filme existia, o mundo todo sabia, menos eu. Triste Brasil! Parece até censura do Brasil e dos brasileiros. Eu tenho orgulho de ser brasileira e dos filmes que falam da minha cultura.

Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 6 de março de 2014

12 Anos de Escravidão

Assisti no cinema 12 Anos de Escravidão (2013) de Steve McQueen. Eu e minha mãe íamos inverter a ordem, ver antes esse e depois A Menina que Roubava Livros. Mudamos e acabamos indo ver um dia depois de vencer o Oscar, óbvio que o cinema estava lotado. Por sorte compramos os ingressos com antecedência na internet. Gostei demais! Não era o meu favorito para ganhar o Oscar, mas é um belíssimo filme. Me incomodou que a mídia dizia que era a primeira vez que um diretor negro ganha um Oscar, mas esse texto está errado. Foi a primeira vez que um filme dirigido por um diretor negro ganhou um Oscar, porque o preconceito da Academia continuou já que o diretor mesmo não ganhou o prêmio.

Solomon Northup vive em 1841 com sua família no norte dos Estados Unidos. Ele é violinista, casado e tem dois filhos. Ele é enganado por dois supostos artistas que o contratam e o sequestram para vendê-lo como escravo no sul do país. Solomon realmente existiu e esse filme é baseado no livro que ele escreveu e quero ler. Concordo quando dizem do quanto é realista esse filme, não só por ser baseado em fatos reais, mas pela forma como o filme é retratado.

O adaptador do roteiro não teve receio de mostrar a religiosidade dos senhores de terras e de escravos. Da hipocrisia deles rezando missa, lendo a Bíblia para os escravos, mas não os libertando. Há várias cenas com preceitos religiosos hipócritas desses monstros. 12 Anos de Escravidão mostra ainda a indiferença das esposas, que às vezes até se incomodavam, mas que viviam praticamente alienadas. Olhavam os maus tratos, mas continuavam suas vidas sem o menor sofrimento. A escravidão é horrível para qualquer um, não minimiza o fato dele ter sido livre, mas por ele ser livre e estudado ele acabou compreendendo melhor o que vivia. No final o texto conta que depois de retornar a liberdade ele se uniu para a Abolição e passou a dar palestras sobre o tema.

Chiwetel Ejiofor está incrível como o Solomon. Eu gosto muito do Paul Dano e ele está incrível como o carrasco da propriedade. Merecido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Lupita Nyong´o. Ela nasceu no México, mas é do Quênia. O elenco é muito grande, já que são 12 anos e ele passa por vários momentos e propriedades. Michael Fassbender está ótimo como o alucinado latifundiário.


Muito bem também o outro senhor de escravos, esse mais sensível, interpretado por Benedict Cumberbatch. Paul Giamatti faz uma participação. Brad Pitt é produtor e faz também uma participação. As mulheres dos escravocratas foram interpretadas por Sarah Paulson e Liza J. Bennett. A esposa do Solomon por Kelsey Scott. Alguns outros do elenco são Chris Chalk, Michael K. Williams, Alfre Woodard e Adepero Oduye.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 4 de março de 2014

Entrevista com Gil Veloso

Hoje, dia 4 de março, o livro A Pedra Encantada faz 3 anos de existência, a mesma data de aniversário da Editora Dedo de Prosa. Como é esse livro que traz a protagonista com o meu nome, resolvi comemorar a data também e entrevistar o autor Gil Veloso.
Na foto Gil Veloso com a gatinha Canja-canjica. Crédito da foto: Dan de Faria.
1- Quando criança você lembra o que queria ser quando crescesse?
1- Da época de criança lembro de uma coisa estranha, de ter 8 anos e não querer sair desta idade, fazer 9, 10... Um certo apego a sei lá o quê.   Recordo-me até do dia e de onde estava quando tive tal vontade, bastante esquisita, convenhamos. Se bem que de certo modo até hoje não abandonei completamente meus 8 anos, rs. E agora já estou mais para os 80. Mas acho que isso não é resposta a sua pergunta.
Eu quis ser muitas coisas, jogador de futebol e quando jovem, cantor, locutor de rádio -minha juventude inteira foi sintonizada em alguma rádio- Mas o que mais desejava ser era artista de circo, trapezista. Até hoje sou fascinado por circo.
2- Quando resolveu ser escritor?
2- Nunca resolvi ser. Acho mesmo que nem sou. Escrevo, é fato, mas isso é apenas um detalhe, não devoto ou dedico pra isso espaço especial no dia a  dia. Talvez tudo ocorra como na Metamorfose, o sujeito acorda e se vê transformado num inseto... Então acho que ainda não me transformei num inseto, rs.
3- Por que escrever livros infanto-juvenis?
3- Escrevi alguns livros e algumas pessoas acharam que alguns deles são infanto-juvenis. Então deixei que sejam. Deve isso ter a ver com aqueles meus 8 anos, vai ver que escrevo para agradar aquele menino dos eternos 8 anos.
4- Quando surgiu a ideia de escrever o livro A Pedra Encantada e como chegou ao nome da Pedrita?
4- Foi assim: de repente andei distraído e me senti uma menina que gostava de colecionar pedras. E ela ficava como que me soterrando com pensamentos e ideias de pedras-palavras e quando percebi havia construído uma história para tal menina, que nem nome tinha. Pedrita era o apelido e apareceu de repente, mas não fui eu que a chamei assim. Foram os outros personagens que a apelidaram Pedrita. O seu verdadeiro nome apareceu só no fim, um pouquinho antes do ponto final.

 5- E como chegou na ilustradora Nara Amélia?
5- Vi uma exposição no Centro Cultural São Paulo e pensei: quero esta artista ilustrando o meu livro! Eu não sabia quem era, onde morava nem nada. Então descobri, mandei e-mail... e ela aceitou. 
6- Você tem uma ideia do público que lê os seus livros?
6- Não tenho exatamente o que se poderia chamar de "público". Eu acho que ninguém lê, quero dizer, uma meia dúzia ou meia dúzia e meia deve ter lido... o que já está de bom tamanho. A estes agradeço e serei eternamente grato.

 7 - Quanto livros publicou pela Dedo de Prosa e como é a sua relação com a editora?
Tenho 3 livros com a Dedo de Prosa, o primeiro foi este A Pedra Encantada, o segundo foi O menino Arteiro, com artes do Guto Lacaz, e o terceiro Pois ia brincando... com desenhos do Alex Cerveny.

A Pedra Encantada, com a personagem Pedrita, inaugurou a editora, que agora faz 3 anos, ou seja, foi a pedra fundamental, um tanto bíblica, não? Na tradição cristã, pedra, petros, aquele que abre, que recebe as chaves... e simbolicamente tem o papel de iniciação, laços com a alquimia etc. Talvez também por isso Pedrita é toda mística e o livro é feito um ritual de passagem, iniciático. Claro que nada disso foi intencional. Apenas a intuição encontrou espaço para se expressar; assim é minha relação com a Dedo de Prosa.
Fiz também algumas perguntas com a editora Silvia Fernandes da Dedo de Prosa
Quando surgiu a ideia de fundar a Dedo de Prosa?
Fui professora durante 20 anos. Depois da aposentadoria, utilizei minha experiência para conceber uma editora, com publicações destinadas a alunos e professores do Ensino Fundamental e Médio.

Qual era o sonho inicial e como se formaliza hoje?

O objetivo é colocar ideias desafiadoras no papel. A meta, estabelecer intercâmbio constante de práticas e reflexões. Os resultados foram gratificantes. Mas isso é apenas o começo...

Como conheceram o Gil Veloso?

Duas pessoas, profissionais da área de música, nos aproximaram. No primeiro encontro, Gil apresentou o texto da Pedrita e leu alguns de seus poemas. Total empatia! Hoje, há 3 títulos de Gil Veloso no catálogo da Dedo de Prosa. Trabalho conjunto com harmonia e emoção.
Em conversas com Gil Veloso, autor dos livros Travessuras – Histórias para anjos e marmanjos, Fábulas Farsas e A Pedra Encantada, que li e adorei, ele me sugeriu uma entrevista.

Não sei se o blog Mata Hari e 007 passará a ter entrevistas, mas resolvi essa  primeira.
Beijos,
Pedrita

domingo, 2 de março de 2014

A Menina que Roubava Livros

Assisti no cinema A Menina que Roubava Livros (2013) de Brian Percival. Eu não pensava em ver esse filme, mas entre as opções para passear com a minha mãe, essa era uma boa sugestão. Também nunca me empolguei em ler o livro de Marcus Zusak. O enredo central é bem interessante, o filme é bem realizado. Abusa um pouco no melodrama e nas soluções meio inverossímeis, mas é um bom filme.


Gosto muito do Geoffrey Rush e a menina interpretada pela Sophie Nélisse é linda e carismática. A trama se passa na Alemanha, a mãe doa os filhos para um casal mais velho em plena Segunda Guerra Mundial, mas o irmão morre na viagem. A família que adota a menina luta com muita dificuldade para sobreviver.

Depois a família esconde um judeu. A mãe adotiva é interpretada muito bem também pela Emily Watson. O judeu por Ben Schnetzer e o lindo Rudy por Nico Lersch, igualmente carismático. O filme passa por vários anos, estranhei a menina ser sempre a mesma. Fazem algumas modificações pra ela parecer que cresceu um pouco, funciona, mas não resolve. Também estranhei que o Rudy é convocado mas nada acontece. Não sei se no livro é assim também, mas estranho ele não ir imediatamente após a convocação.


Beijos,
Pedrita