Fui a exposição El Niño Aprende Jugando de Joaquín Torres García (1874-1949) na Biblioteca Mário de Andrade. Eu fui com a Fátima Pombo dos blogs Abrkdbra - Coisas da Vida e Olho de Pombo. Adoramos. São brinquedos da década de 20. Torres García é um grande pintor, eu tinha visto uma obra dele na exposição Picasso e a Modernidade Espanhola no CCBB e comentei aqui.
Essa mostra é sobre brinquedos. Não sabia que Torres García tinha dado cursos sobre o tema na Europa. Que acreditava no brinquedo como um instrumento educador. Na mostra estão os brinquedos, mas há livrinhos que mostram como fazê-los. Amei os bailarinos frente e verso. Há também aquelas maquetes para teatrinhos, que giram mostrando na frente um personagem e é só inventar e contar a história.
Minha amiga adorou os animaiszinhos, cachorros, peru, coelhinhos, muitos passarinhos. Há bonequinhos de egípcios. A mostra é gratuita e vai até 15 de dezembro.
Beijos,
Pedrita
Não tinha gatinho na exposição, mas a Pedrita veio com o seu.
Assisti Praia do Futuro (2014) de Karim Ainouz na HBO. Eu vi que ia passar e gravei. Wagner Moura interpreta um salva-vidas da Praia do Futuro. Nem sabia que essa praia existe. No filme essa praia é quase deserta, nas fotos da internet bem turística. Ele tenta salvar um motoqueiro que está aflito e não ajuda, acaba morrendo. O salva-vidas precisa avisar o amigo, um alemão que lutou na guerra com esse amigo.
Os dois acabam se apaixonando. O salva-vidas sustenta o irmão e a mãe. Viaja por um tempo para a Alemanha, mas não consegue voltar. Anos se passam, o irmão cresce e vai tirar satisfações com o irmão que era o seu ídolo. O alemão é interpretado por Clemens Schick. E o irmão por Jesuíta Barbosa. Praia do Futuro é uma co-produção entre Brasil e Alemanha. O trailer é bem ágil, o filme é bem lento.
Assisti Acima das Nuvens (2014) de Oliver Assayas no TelecinePlay. Eu estava olhando os filmes pelo controle remoto, esse nome não me animava muito, quando cliquei vi que é um filme dinamarquês e com a Juliette Binoche, nem acreditei. O nome original Clouds of Sils Maria não dava no Brasil, mas é mais emblemático, embora Acima das Nuvens se encaixe muito bem. É uma co-produção entre Dinamarca, França e Alemanha. É um filme incrível, muito sublimar, com muitas questões e com muito bastidor de cultura. Clouds of Sils Maria foi rodado em 7 países, as locações são deslumbrantes.
Começa com a personagem da Binoche com sua assistente em um trem. Elas seguem para a entrega de um prêmio, a Binoche é uma grande atriz e vai receber o prêmio de um escritor. Ela e o escritor não gostam de badalações, ele nunca vai a prêmios. Não gostam de discursos melodramáticos e oportunistas. Ela vive longe da internet. Sua assistente é antenada. Os embates entre as duas é incrível. As cenas de celulares são muito bem feitas, tocam o tempo todo, muito realistas, as duas cada uma no seu celular resolvendo questões à distância. No trem ela fica sabendo que o escritor morreu e percebe que vão ser muitos paparazzis, fofocas, que era tudo o que o escritor não queria. Mas essa atriz sabe que precisa ser ela para conter os exageros. E como o escritor é famoso, escreveu muitas peças de teatro, começam a surgir oportunistas querendo aparecer, se dizendo muito amigos do morto.
Em meio a esses tumultos um diretor quer convencer a atriz a fazer uma peça que ela atuou quando tinha 20 anos. Mas agora ele quer que ele faça o outro personagem, com 40. É a peça que mais deu fama a ela, arrasou quando tinha somente 20 anos. Ela detesta a outra personagem e incomoda muito agora fazer a de 40 anos. Nesse tema surgem vários embates sobre idade, interessantíssimos. Ela acaba aceitando quase a contra gosto e vai com a assistente a casa do escritor em Sils Maria trabalhar o texto. As cenas delas naquelas paisagens deslumbrantes, passando o texto. Volte e meia ficamos perdidos se são cenas da peça ou embate entre as duas. A convivência diária das duas, acordar, comer, trabalhar, descansar começa a desgastar. Elas começam a ter problemas de relacionamento. Esses embates são geniais também. A atriz é avessa aos filmes de ação, a tecnologia, e a outra gosta de tudo isso.
Surge então outra rica personagem. A atriz que vai fazer a personagem de 20 anos é uma dessas celebridades conturbadas que aparecem mais em sites de fofocas que pelo seu talento. Faz filmes de ação e ficção científica. Já promoveu vários escândalos por ter usado drogas e bebida. Os embates sobre esse mundo de futilidades também são incríveis. Como disse tudo é sutil. A Binoche vai encontrar com o diretor da peça para falar sobre a personagem, o que ele pensa, e a história conturbada da outra atriz não permite. Ela está com um caso com um rapaz casado, a esposa tenta o suicídio e começa um corre corre para que fujam dos paparazzis. Novamente a fofoca suplanta a cultura e passa a ser mais importante que a arte.
Depois de todo esse trabalho para montar a peça e construir esses personagens o filme termina exatamente quando a peça começa. Genial! Não ficamos sabendo se a peça foi um sucesso, se as atrizes foram bem, se foram elogiadas. Amei! A assistente é interpretada por Kristen Stewart que ganhou César por Melhor Atriz Coadjuvante. A jovem atriz por Chlöe Grace Moretz. Alguns outros do elenco são: Lars Eidinger, Johnny Flynn, Angela Winkler e Hanns Zischler.
Fui ao Concerto da Orquestra Sinfônica de Heliópolis sob regência de Isaac Karabtchevsy na Sala São Paulo em homenagem ao grande pianista Gilberto Tinetti. Foi um concerto ousado para os dias de hoje, a primeira e a segunda obra eram para dois pianos, a terceira para três pianos e finalizava com a última para quatro pianos. Só com grandes pianistas Eudóxia de Barros, Lilian Barretto e Paulo Góri. Um programa com quatro pianos no palco só é possível em grandes teatros. Que concerto maravilhoso, que programa, inesquecível.
Foto de Marcos Bizzotto.
Isaac Karabtchevsky elogiou o pianista Gilberto Tinetti por sua longa carreira em seus 83 anos. O pianista junto com a orquestra e Eudóxia de Barros interpretaram uma obra lindíssima de Radamés Gnattali, Brasiliana nº 12: Concerto para dois pianos e orquestra de cordas, obra pouquíssima executada, parece que foi tocada uma única vez na Bahia recentemente. Eu adoro esse compositor e a execução da obra foi primorosa, momento inesquecível.
Depois Paulo Gori tocou com o Tinetti outra lindíssima obra com belíssima execução, agora de Mozart, o Concerto para 3 pianos nº 7, K 242, em fá maior. Tivemos o intervalo e os quatro pianos foram posicionados no palco.
Depois Lilian Barretto se juntou a esses dois pianistas para interpretarem outra obra de Mozart: o Concerto para 3 pianos nº 7, K 242, em fá maior. Eu também adoro essa pianista, todos na verdade, mas essa é mais raro de vê-la tocando em São Paulo, já que ela é do Rio de Janeiro. Quem mora por lá pode vê-la com mais frequência.
E para mim o momento memorável chegou, eu nunca tinha visto um concerto com orquestra e quatro pianos, nem com três, mas eu sabia que teria uma obra com quatro pianos e estava muito ansiosa. Foi indescritível. Eudóxia de Barros voltou ao palco para se juntar com os outros três pianistas. Os quatro grandes pianistas tocaram majestosamente uma obra de Bach, compositor que tanto amo, o Concerto para 4 pianos, BWV 1065, em lá menor. Foi um momento raro ver esses quatro pianistas em cena, com esse grande regente, todos juntos, algo tão mágico e especial, tão raro, jamais vou esquecer. O concerto foi gravado pela TV Cultura, espero que passe em algum momento no programa Clássicos.