O livro é absolutamente incrível! O estilo de Margaret Atwood é sempre surpreendente. O estilo da narrativa é bem diferente de Vulgo Grace, mas é igualmente mágico e complexo. Demoramos para entender o que acontece. Eu fiz questão de não ler nada sobre a série ou sobre o livro então nada sabia daquelas mulheres de vermelho. Aconselho que se possível façam o mesmo, o fascínio potencializa os impactos da obra. Não sabemos se o que a protagonista lembra é passado ou futuro. Tudo aos pedaços, fragmentado. Fantástico!!! Em todos os sentidos! Genial!
Obra Perspectivas (1956) de Jean-Paul Riopelle
Assustador a manipulação dos líderes. Eles conseguem destruir a comunicação. Cada grupo só fala com o seu, na verdade quando conseguem escondidos falar, são proibidos de falar entre si. Em geral falam em pares, mas tem medo que o outro entregue a conversa, porque a punição é a morte, no caso das mulheres de vermelho por enforcamento. Logo no começo uma delas vê três enforcados, mas é quase no final que vamos conhecer como o enforcamento é feito, muito, mas muito assustador. É pelo medo que controlam todos.
Obra Estou com Ciúmes de Gathie Falk
Margaret Atwood fala muito da condição da mulher. Os dois livros que li são muito, mas muito diferentes, mas ambos são muito contundentes com a situação feminina. E não é panfletário. Nos fragmentos vamos unindo os pontos e alguns podem até não perceber porque não é escancarado, mas são as mulheres as mais prejudicadas nesse regime monstro. Nossa protagonista é uma reprodutora. Assim que não puder mais reproduzir será descartada. O governo que decide o que vestem, com quem se relacionam. Falar não podem falar com ninguém. Na hora que precisam ser fecundadas a parte debaixo do corpo é usada. A protagonista descobre mulheres em outras funções e uma conta ainda de outras incumbências, tudo monstruoso. Não há liberdade. As metáforas com o que vivemos hoje estão ali, as sutilezas. Quando alguém resolve infringir as regras, em geral as punições maiores são as mulheres. Como as punições aos homens são mínimas, eles se divertem em usá-las, brincar com elas. Se algo der errado, só elas serão punidas. É tudo sutil, mas dá perfeitamente para fazer paralelos com os dias de hoje. Nesse também a autora quebra a forma de narrativa. No final da história da protagonista não sabemos o que acontece. E vem uma reunião de estudiosos sob um material encontrado. Mas será que é real? É um livro muito complexo, ambíguo, denso. Estou impactada, envergonhada da humanidade, confusa com a obra, acho que vai povoar meus pensamentos por muito tempo.
Os artistas plásticos são canadenses bem como a autora.
Beijos,
Pedrita