Uma família é encontrada assassinada em casa. O filho está muito mal, mas sobreviveu.
A psicóloga da ótima Clotilde Hesme o ajuda a lembrar do que aconteceu. Ela diz que as imagens vão vir confusas, que tudo vai se misturar. O que mais me assustou foi a família disfuncional dele. Sim, nada justifica o que ele fez, mas é difícil lidar com os horrores que ele viveu na casa. A psicóloga acha estranho que ele sempre mencione um quarto vazio. Achei que era uma metáfora, que algo fazia ele sempre lembrar do quarto vazio, como o vazio que ele ficou, mas não, era real.
Não estranhei o primo ficar no porão. Ele veio passar um tempo com a família porque a mãe estava doente, mas achei muito, muito estranho, o rapaz e a irmã morarem também no porão. E nem era um quarto no porão. Era tudo feio, sem janelas. E sim, o quarto vazio existia mesmo. A irmã morreu quando ele era pequeno, a mãe esvaziou o quarto e nunca mais permitiu ninguém por lá. O quarto era amplo, uma imensa janela, uma vista linda, perverso colocar o filho sobrevivente em um porão. Por um tempo até posso entender, mas o rapaz era pequeno, agora é grande, não temos uma ideia clara da idade, mas perto dos 18 anos. Nunca entendo pais que vivem o luto do filho e abandonam completamente o que ainda vive, mas já vi casos e sempre me chocaram. A negligência com o rapaz parece que era desde bebê. Volto a dizer, nada justifica e nem toda criança que sofre violência ficará violenta, mas que pode acontecer, sim, pode. História muito triste. Fiquei com pena do rapaz.
Beijos,
Pedrita