Assisti ao recital de Eudóxia de Barros no MUBE - Museu Brasileiro de Escultura. Que pianista! Que repertório! Que energia! Sempre me surpreendo com a quantidade de obras que essa pianista apresenta em seus recitais. Não há economia de obras, de dificuldades. Sempre são inesquecíveis! Eudóxia de Barros começou com duas obras do compositor Eduardo Souto que eu não conhecia. Belíssimas! Tocou também obras bem conhecidas de compositores que adoro Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Villa-Lobos. Dificílimas as obras de Osvaldo Lacerda, que técnica. Tocou ainda lindas obras de Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, outros dois compositores que adoro. Eudóxia de Barros terminou o recital com a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro de Gottschalk, obra que é muito conhecida nas interpretações dessa grande pianista!
Programa:
EDUARDO SOUTO ( 1882 – 1942 ) :
O Despertar da Montanha ( tango )
Um chôro na Praia Grande ( para mãos cruzadas )
OSVALDO LACERDA ( 1927
– 2011 ) Em homenagem aos 90 anos,
que teria feito em 23 de Março :
- Estudo nº 4 - veloz - para estudo dos stacattos
( dedicado a Fritz
Jank )
- Estudo nº 10 - ligeiro - com tercinas
- Estudo nº 12 - arrebatado e rubato - estudo das oitavas ( dedicado à Eudóxia de Barros )
CHIQUINHA GONZAGA (
1847 – 1935 ) : Em homenagem aos seus 170
anos
- Gaúcho
- Atraente
VILLA-LOBOS ( 1887 -
1959 ) : - Nesta
rua ... nesta rua ( nº 11 das Cirandas ) -
em homenagem aos seus 130 anos
FRANCISCO MIGNONE (
1897 – 1986 ) :
- Congada - em homenagem
aos seus 120 anos
CAMARGO GUARNIERI (
1907 – 1993 ) :
- Dansa Brasileira - em
homenagem aos seus 110 anos
Assisti Silêncio (2016) de Martin Scorsese no TelecinePlay. Nunca tinha ouvido falar nesse filme, é dificílimo de assistir, além de muito longo, quase 3 horas de duração, passa quase o tempo todo em torturas contra pessoas. Quando estava assistindo aos pedaços, porque era muito difícil e eu parava, li uma crítica que dizia não entender porque o diretor quis falar sobre a perseguição japonesa contra os cristãos no Japão em 1600, já que nesse período os cristãos na Inquisição queimavam as pessoas vivas em fogueiras na Europa. Bom, eu não acho que um fato histórico anule o outro. Os dois são monstruosos. Eu particularmente nunca soube da perseguição japonesa aos cristãos no seu país. E achei abominável tudo o que fizeram.
Dois padres vão ao Japão procurar o mestre deles que está desaparecido. O mestre foi ser missionário no Japão para catequizá-los e desapareceu. Eu acho um absurdo pessoas determinarem que sua fé é melhor que as outras e que as pessoas precisam de salvação da alma e que só a sua fé é a salvadora. E que essas pessoas sigam para outros países para impor a sua fé. Acho um desrespeito com as culturas locais, com tribos indígenas, africanas como se os costumes desses povos não tivessem valor. Mas isso não dá o direito a outras pessoas de torturar e matar os missionários e cristãos japoneses por divergências de credos. O filme é baseado no livro homônimo do japonês cristão Shûsaku Endô que quero muito ler. Eu fiquei assustada em constatar o que já sei faz tempo, de quanto a humanidade mata em nome da fé. Dizem o tempo todo em suas celebrações religiosas sobre amor, compaixão, perdão, mas matam, torturam, queimam e fazem atentados a quem pensa diferente ou tem outra fé. E o quanto essa violência a pessoas de outra fé ainda acontece quase que mensalmente em inúmeros países, inclusive no Brasil.
Andrew Garfield está impressionante como o padre que vai procurar o seu mentor. O ator ganhou merecidamente prêmio de Melhor Ator na London Film Critics Circle. O filme é praticamente ele que a cada momento encontra pessoas diferentes até ser preso e ficar sistematicamente vendo japoneses cristãos sendo torturados para que ele viesse a abjurar. O padre que segue inicialmente com ele é interpretado por Adam Driver.
As cenas são dificílimas de serem realizadas e muito impressionantes. É um filme muito difícil de assistir. Mas pela importância histórica achei que tinha que conhecer essas barbaridades em nome da fé e do Budismo. E o quanto precisamos conhecer a história.
Issei Ogata está impressionante também. Ele é o Inquisidor. Isso mesmo, o Japão também tinha um Inquisidor tirano. O sadismo dos japoneses nas torturas, o deboche, é insuportável. Tinham um prazer macabro de fazer os outros sofrer para que se curvassem a sua vontade e a sua fé, o Budismo. Liam Neeson faz uma pequena participação, aparece uns 10 minutos somente. Alguns outros do elenco são: Yôsuke Kubozuka, Tadanobu Asano, Shin´ya Tsukamoto e Yoshi Oida.
Assisti ao curta Tarântula (2015) de Aly Muritiba e Marja Calafante no Canal Brasil. Esse curta começava e passei a ver. É de terror! E uma grande preciosidade. Tudo é lindo, visualmente, ótimas interpretações. Fiquei encantada.
Uma mãe e suas meninas moram em uma linda casa caindo aos pedaços no campo. A menina não tem parte de uma perna e cria uma tarântula que ela faz carinho com as mãos. Um caminhoneiro aparece e traz uma prótese para a menina experimentar, ele também tem uma prótese na mão. A irmã adolescente é muito perversa com a pequena. Muito surpreendente e angustiante. As meninas são lindas demais. No elenco estão:Ana Clara Fischer, Giuly Biancato, Luma Domingues Zanetti, Paulo Matos e Malu Zanetti Domingues.A fotografia maravilhosa é de Maurício Vianna Baggio. Foi o único curta brasileiro selecionado para o Festival de Veneza.
Assisti ao espetáculo A Casa de Farinha do Gonzaguão do projeto Teatro Baile - Uma Poética em Construção da CTI - Companhia Teatro de Investigação no centro de São Paulo. Esse grupo faz apresentações em praças, lugares públicos, próximos de população carente, de crianças. Primeiro eles tocam músicas e dançam com o público, tocam muito baião, principalmente de Luiz Gonzaga.
Depois o grupo apresenta a peça A Casa de Farinha do Gonzagão com texto de Edu Brisa que também dirige o espetáculo. É uma bela história no sertão, na seca. Todos trabalham com a mandioca, muito bacana que na nossa frente as atrizes descascam, ralam, torcem em um pano de prato a mandioca ralada e fazem a farinha. A vida é difícil, mas elas vão em festa, se divertem. Umas sonham em ir embora, acreditando que a vida será melhor, que vão ficar ricas. E chega então um que partiu. Muito interessante o argumento. Eu amei os figurinos, os vestidos das atrizes, os aventais de retalhos são concebidos pela Selma Paiva, os figurinos masculinos por Geovane Fermac e Edu Brisa. O espetáculo termina novamente com música, chamando todo o público pra dançar. No elenco estão: Beto Bellinatti, Camila Borges, Carol Guimaris, Cris Camillo, Danuza Novaes, Geovane Fermac, Haylla Rissi, Harry de Castro, Nathália Alfieri e Scheila Leandro.
Ah, e tem O Bode, inacreditável o sucesso que O Bode faz, principalmente com a criançada.
Também há barraquinhas pra ler cordéis e outra de discos de vinil de Luiz Gonzaga, livros. Gostei muito do projeto.