Jornalistas do mundo todo vão cobrir os depoimentos. O americano não acredita que possa resultar em algo bom, que não resolve os problemas da violência, a jornalista africana acha fundamental os depoimentos. Eu mesma tinha um certo pé atrás. Mas ajudam muito. Muitos praticavam verdadeiras barbaridades estimulados por um grupo, às vezes nem suas famílias ficavam sabendo. Quando uma mãe vem pedir o corpo do filho, uma esposa vem falar das violências feitas ao marido, há uma humanização. É difícil olhar para aquelas famílias e não sentir vergonha. Pode ser que quem as praticou não sinta culpa alguma, mas escancarar atrocidades realmente ajudam a criar o respeito, já que o mundo todo repudia barbáries, mesmo que seja conivente em seu silêncio. Quebrar o silêncio começa a aparecer fundamental para mostrar uma rotina como algo monstruoso. A autora mostra que os torturadores e assassinos justificavam da mesma forma que nazistas justificaram, que recebiam ordens. Algo que foi escancarado pela Hannah Arend´t como a banalidade do mal. No início somos informados que boa parte dos depoimentos foram retirados de fatos reais relatados nesses dias. Os depoimentos vão abrindo chagas nas famílias. O tempo todo os brancos alegam que tudo o que faziam era para proteger as famílias. Eles realmente acreditavam que com as torturas conseguiam as verdade, quando com a tortura se consegue qualquer coisa porque o ser humano não suporta a dor e para se livrar do sofrimento confessa qualquer absurdo. Muitas famílias não tinham ideia que algum de seus parentes tinham sido vil torturadores. Eles teriam com os julgamentos, olhar para suas famílias e seus questionamentos. Tirar do silêncio a violência ajuda muito em um caminho de paz. Não chega a ser a solução, mas escancarar os horrores, auxilia muito no processo de construção de uma nação.
Juliette Binoche é a repórter sul-africana, e Samuel L. Jackson americano. Eles não concordam entre si no início, mas ele acaba percebendo a importância da anistia e seus depoimentos. Ele mostra a ela as incoerências dos brancos africanos e ela mostra a ele a incoerência do racismo americano. Os dois passam a conviver muito e mesmo sendo casados eles têm um romance. Ainda no elenco estão Brendam Gleeson, Menzi Megubane e Langley Kirkwood. O filme é muito bom e fundamental. Triste, difícil, mas fundamental.
Beijos,
Pedrita