quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Em Minha Terra

Assisti Em Minha Terra (2004)  de John Boorman no Max. É baseado no livro da sul-africana Anijie Krog. O livro é ambientado no fim do apartheid. Quando Mandela promete anistia após julgamentos onde os negros contam o que sofreram ou alguém da família e quem causou conta como foi, pede perdão e é anistiado.

Jornalistas do mundo todo vão cobrir os depoimentos. O americano não acredita que possa resultar em algo bom, que não resolve os problemas da violência, a jornalista africana acha fundamental os depoimentos. Eu mesma tinha um certo pé atrás. Mas ajudam muito. Muitos praticavam verdadeiras barbaridades estimulados por um grupo, às vezes nem suas famílias ficavam sabendo. Quando uma mãe vem pedir o corpo do filho, uma esposa vem falar das violências feitas ao marido, há uma humanização. É difícil olhar para aquelas famílias e não sentir vergonha. Pode ser que quem as praticou não sinta culpa alguma, mas escancarar atrocidades realmente ajudam a criar o respeito, já que o mundo todo repudia barbáries, mesmo que seja conivente em seu silêncio. Quebrar o silêncio começa a aparecer fundamental para mostrar uma rotina como algo monstruoso. A autora mostra que os torturadores e assassinos justificavam da mesma forma que nazistas justificaram, que recebiam ordens. Algo que foi escancarado pela Hannah Arend´t como a banalidade do mal. No início somos informados que boa parte dos depoimentos foram retirados de fatos reais relatados nesses dias. Os depoimentos vão abrindo chagas nas famílias. O tempo todo os brancos alegam que tudo o que faziam era para proteger as famílias. Eles realmente acreditavam que com as torturas conseguiam as verdade, quando com a tortura se consegue qualquer coisa porque o ser humano não suporta a dor e para se livrar do sofrimento confessa qualquer absurdo. Muitas famílias não tinham ideia que algum de seus parentes tinham sido vil torturadores. Eles teriam com os julgamentos, olhar para suas famílias e seus questionamentos. Tirar do silêncio a violência ajuda muito em um caminho de paz. Não chega a ser a solução, mas escancarar os horrores, auxilia muito no processo de construção de uma nação.

Juliette Binoche é a repórter sul-africana, e Samuel L. Jackson americano. Eles não concordam entre si no início, mas ele acaba percebendo a importância da anistia e seus depoimentos. Ele mostra a ela as incoerências dos brancos africanos e ela mostra a ele a incoerência do racismo americano. Os dois passam a conviver muito e mesmo sendo casados eles têm um romance. Ainda no elenco estão Brendam Gleeson, Menzi Megubane e Langley Kirkwood. O filme é muito bom e fundamental. Triste, difícil, mas fundamental.

Beijos,
Pedrita

22 comentários:

  1. Oláááá Pedrita!
    Assisti esse filme muitos anos atrás para um trabalho de História contextualizada.
    É o 1º filme feito sobre o fim do apartheid.
    Concordo com você, é triste, é angustiante, mas faz-se necessário quebrar o silêncio para se criar o respeito.
    É fundamental jogar luz nas sombras.
    Não se trata de reviver, mas de conscientização para que nunca mais venha a ocorrer.
    Através dos depoimentos e julgamentos conhecemos muitos atos violentos que foram cometidos no período.
    As pessoas que cometeram crimes e justificavam como os nazis, não percebem que essa justificativa se desfaz diante de um: se o seu superior ordenar que vc se jogue de um despenhadeiro vc cumprirá a ordem?
    Então há uma cumplicidade em ser cruel?
    Ou uma crueldade implícita?
    Ameei a resenha!
    Um outro filme foi feito nesse mesmo ano de 2004, Sombras do Passado, com a Hilary Swank, tem a mesma pegada dos julgamentos.
    Você vai gostar.
    Bjs Luli
    Café com Leitura na Rede

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    1. luli, eu achei q falar não resultaria em nada e é surpreendente como humaniza. quem é mal continua. mas quem fazia pq todos faziam repensa e pode se envergonhar. aqui deveriam ter feito o mesmo. não lembro se vi esse outro filme.

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  2. Ainda não tinha visto nenhuma resenha sobre esse filme, mas gostei bastante do seu texto, parece uma ótima opção cultural. Obrigada pela dica!
    Bom carnaval!
    Beijos!

    produtosacabados1.blogspot.com.br

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  3. John Boorman fez alguns grandes filmes como "Inferno no Pacífico" e "Amargo Pesadelo".

    Este que vc comenta eu ainda não assisti.

    Bjos

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  4. Olá, tudo bem? Neste domingo, ficarei dividido entre o Oscar e o Carnaval do Rio de Janeiro.. Farei um ziriguidum no controle remoto.. Bjs e ótimo Carnaval! Fabio www.tvfabio.zip.net

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  5. Hello, Pedrita!

    Eu assisti e gostei muito, apesar de ser um filme triste é bom! Lendo a resenha deu vontade de assisti-lo novamente.

    Beijinhos ♥


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    1. andréa, é um filme fundamental. conheci um pouco mais dessa turbulência histórica na áfrica do sul.

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  6. Juliette Binoche e Samuel L. Jackson são ótimos atores, motivo de guiar a assistir ao filme. Boa escolha que também já vi.

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  7. Gosto muito da Juliette, e Samuel é bom ator! Deve ser um ótimo filme!

    Beijos,
    Pri
    www.vintagepri.com.br

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    1. pri, os dois estão excelentes e o filme é muito importante.

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  8. Ah, que pena, ainda não vi este! Pareceu-me o tipo de filme que acho importante e considero mesmo fundamental, nesse momento em que muitas pessoas em nosso pais pedem a volta da ditadura.

    Beijo

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  9. Apesar de gostar muito dos 2 atores, não tenho interesse em vê.

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  10. Não vi esse filme, mas sou fã do trabalho do Samuel L. Jackson.
    big beijos

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  11. Apesar de eu ter um pé atrás com produções nacionais, pretendo ver o Linda de morrer, citado mais abaixo. Bom feriado de carnaval. Abraços.

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    1. carlos, achei q vc tinha achado q esse filme era brasileiro. só depois q vi q falava de um filme q comentei faz tempo. é divertido.

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