sábado, 12 de janeiro de 2008

Beau Geste

Assisti Beau Geste (1939) de William A. Wellman no Telecine Cult. O roteiro é baseado na obra de Percival Christopher Wren e imagino que o desenvolvimento da história no filme não tenha sido o melhor. O que é mais interessante é ver a construção de um filme complexo, cheio de cenas de balhatas realizado em estúdios, com poucos recursos. É mais curioso por ver a pouca tecnologia do que pelo roteiro.

Recentemente o Telecine Cult fez uma homenagem a Gary Cooper e colocou em sua grade de programação vários filmes com esse ator. Nesse, Beau Geste é Gary Cooper que foi adotado e tem mais dois irmãos que também são adotivos. Tem uma história muito mal amarrada de uma jóia que dá azar a quem a possui, segundo uma lenda que apresentam no início do filme. A jóia desaparece e ele e seus irmãos se alistam no exército. É um filme que faz a apologia a ser americano, a lutar pelo seu país. Eles seguem para o deserto para proteger o país, lá no deserto e vemos como a história e a prepotência americana se repete. De sempre acharem que eles que lutam por algo nobre e os moradores do país é que estão errados. Outros do elenco são: Ray Milland, Robert Preston, Susan Hayward, Heather Tatcher, entre outros. O ator que interpreta Beau Geste criança é Donald O'Connor.
Música do post: March Turkish - Mozart


Beijos

Pedrita

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Neve


Terminei de ler Neve (2002) de Orhan Pamuk pela Companhia das Letras. Comprei esse livro há um tempo no site Submarino. Não comprei quando a editora publicou no Brasil, esperei entrar em oferta um tempo depois e consegui um bom preço. É simplesmente surpreendente! Compreendo agora porque o autor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2006. Fiquei tão chocada com o livro que não conseguia fazer mais nada depois que terminei a leitura. Também, desde que comecei a ler Neve, não queria saber de fazer outra coisa a devorar suas páginas avidamente.

Obra Yaghboya de Fikret Otyam
Neve é muito complexo. Um ex-morador da cidade fictícia turca de Kars resolve voltar a cidade natal para fazer uma matérias sobre jovens suicidas e sobre as eleições. Pamuk utiliza um recurso muito comum na literatura, seu protagonista não é claro em suas convicções, em todas as entrevistas de todas as vertentes religiosas, ele se confunde. Se dizia ateu, mas evoca Deus. Com essa confusão de pensamentos e sentimentos ele entra a fundo em cada teoria religiosa e política da Turquia. Fica claro que aquele país não aceita o ateu, e que ele se declarar ateu poderá ser morto por grupos extremistas.

Obra de Turgut Atalay

As religiões são utilizadas como manobras políticas, não de fé. Então a população fica sujeita as imposições políticas de sua fé. As jovens suicidas ficam sem opção. Elas são proibidas de ir a escola com o rosto coberto, só poderão voltar a escola se descobrirem as suas cabeças. Elas escolhem então não ir mais a escola. Então decidem forçá-las a tirar o véu, ameaçando acabar com os negócios do pai, destruir a família financeiramente. E entre tirar o véu e se matar, elas escolhem o suicídio. Ou outra que é obrigada a casar com um ancião. Mas todos só tem preconceito com o crime do suicídio que elas cometem e falam que nada é verdade, elas que realmente não tinham fé. Não vêem com maldade as ações que fazem e culpam as jovens de seus atos. Uma sociedade muito machista, com pouco respeito as mulheres e suas crenças.

Obra de Esti Saul

Neve também mostra a complexidade de credos e religiões. A agressividade que existe entre as facções, na maioria clandestinas, e o quanto colocam a culpa para manter o poder de ações terroristas. É um livro complexo, difícil. E nosso protagonista é irritante. Ele é egoísta, sem personalidade, não pensa no próximo, a não ser em seus interesses. É difícil aturá-lo até o fim do livro. Neve é absolutamente incrível, fiquei impressionada com o estilo de narrativa de Orhan Pamuk, com a ficção que permeia tanta realidade. Obra de arte!

Obra de İsmail Acar
Anotei alguns trechos de Neve de Orhan Pamuk para que tenham idéia da complexidade da obra e seus pensamentos:

“O silêncio da neve, pensou o homem que estava sentado logo atrás do motorista de ônibus. Se aquilo fosse o começo de um poema, poderia chamar o que sentia em seu íntimo de o silêncio da neve.”

“Era um poeta e, como ele próprio escrevera – num de seus primeiros poemas, ainda desconhecido dos turcos -, neva apenas uma vez em nossos sonhos.”

“Mas me parece que você não poderia ser de fato ateu, porque é uma pessoa boa.”

“Se Deus não existe, isso significa que o céu também não existe. E isso significa que os pobres do mundo, esses milhões que vivem na pobreza e na opressão, nunca irão para o céu. E se é assim, então como você explica todo o sofrimento dos pobres? Para que estamos aqui, e por que temos de suportar tanto sofrimento, se é tudo em vão?”

“Ele sentiu o mesmo tipo de culpa e vergonha que sentia quando jovem, ao sair de reuniões políticas. Aquelas reuniões políticas o perturbavam não apenas porque ele era um rapaz de alta classe média, mas também porque as discussões eram cheias de atitudes infantis e exageros.”
Todas as telas são de pintores turcos recentes como a obra do post. Tive uma grande dificuldade de localizar pintores turcos e suas obras.
Música do post: Gökhan Kırdar Yeni Ay Anlat Istanbul

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Mensageiras da Luz - Parteiras da Amazônia


Assisti ao documentário Mensageiras da Luz - Parteiras da Amazônia (2004) de Evaldo Mocarzel no Canal Brasil. Eu queria muito ver esse documentário. Foi o primeiro que soube que esse diretor tinha realizado e sempre quis conhecer as corajosas parteiras de regiões inóspitas. Avisei minha irmã que ia passar e ela também viu. O diretor entrevistou as parteiras do Amapá que utilizam também técnicas indígenas. No documentário mostram três partos.

A sabedoria dessas mulheres, suas experiências de vida são emocionantes. Na imagem do pôster, aquelas crianças em fila, foram as que nasceram de uma única parteira. Lugares sem recursos, distantes, que trazem essas parteiras para ajudar. Emocionante!
Música do post: Amazonas



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Já que Você Existe


Assisti Já que Você Existe (2005) de Marco Tullio Giordana no Cinemax.Uma co-produção entre Itália, França e Reino Unido, baseado no livro de Maria Pace Ottieri. O nome original é Quando sei nato non puoi più nasconderti. Excelente e bastante complexo. Como muitos filmes europeus recentes, aborda a questão da imigração. De povos quase miseráveis que entram clandestinamente na Europa em busca de melhores condições de vida. Mas a forma como abordam é que é surpreendente.
Um garoto muito rico, filho de um industrial, vai velejar com o pai e um amigo do pai. De noite, em alto mar, ele faz uma bobagem e cai na água. O pai só vai ver muitas horas depois que o filho não está dormindo. O garoto é resgatado por um barco clandestino de imigrantes e começa a tomar contato com outra realidade. Nesse barco estão curdos, romenos, paquistaneses, africanos de vários lugares e dialetos. Eles pagaram uma fortuna para que bandidos os levassem clandestinamente a Itália, em condições muito precárias.

Foi interessante escolherem um garoto para ver esses povos em imigração. Com o olhar complexo, ingênuo, ele tenta entender tudo e consegue uma visão que nós adultos, com nossas proteções e malícias da vida, não teríamos. O menino está excelente e é interpretado por Matteo Gadola. O que o salva e a irmã dele são interpretados por Vlad Alexandru Toma e Ester Hazan. As três crianças que arrasam só atuaram nesse filme. Outros são Michela Cescon, Alessio Boni e Rodolfo Corsato.
Música do post: Ti Amo de Umberto Tozzi



Beijos,


Pedrita