sábado, 27 de julho de 2019

Rigoletto

Assisti a ópera Rigoletto de Giuseppe Verdi no Theatro Municipal de São Paulo. Que montagem incrível! Eu já tinha começado a ver fotos desse cenário logo que anunciaram. As fotos eram da montagem que tinha sido realizada na Argentina. Os cenários de Nicolás Boni são magníficos. Jorge Takla que dirigiu. Foi bem realista e chocante a atualidade do tema. O Duque de Mântua, ajudado pelo bobo da corte, desonra uma mulher. Takla não maquiou a desonra, fez simulações contundentes de estupro, risos dos homens em grupo, a atualidade da trama foi muito impactante. O machismo nessa obra infelizmente ainda é muito atual, onde as pessoas, principalmente as mulheres, pertencem ao homem.
O pai da moça desonrada amaldiçoa o bobo da corte. O personagem do bobo da corte é igualmente atual. Ele não mede esforços para agradar a corte e o duque ajudando a cooptar a jovem para a desonra, mas esconde a sua filha do mundo para que ela não tenha um destino monstruoso igual. O personagem toca na questão abominável de que quando é com os outros, eu ajudo, mas quando é comigo... Como ele esconde sua bela filha, e a corte adora se divertir com ele, os homens sequestram sua filha achando que era sua amante. Revoltado ele jura vingança e o que era trágico fica ainda pior. Os elencos estão maravilhosos! Rigoletto, o bobo da corte, é interpretado pelo maravilhoso barítono argentino Fabian Veloz. A doce filha pela russa Olga Pudova, que delicadeza e beleza de voz. O Duque de Mântua pelo consagrado Fernando Portari.
O matador Sparafucile pelo maravilhoso Luiz-Ottavio Faria, que presença de cena e voz. O pai da jovem desonrada por David Marcondes. A Madalena por Juliana Taino. Os figurinos de Fábio Namatame são incríveis também. Que montagem! A direção musical e regência foi de Roberto Minczuk, a frente da Orquestra Sinfônica Municipal. A música de Rigoletto é belíssima!

As fotos são de Heloisa Ballarini e Fabiana Stig

Assim que os ingressos estiveram disponíveis para venda, esgotaram muito rapidamente. Nas redes sociais só se viam pedidos de pessoas implorando pra conseguir algum ingresso. O teatro resolveu então ter uma récita extra, mas imagino que os ingressos já tenham se esgotado também. E muito merecido! Que espetáculo maravilhoso! Essa montagem segue depois para o Uruguai.



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Puzzel

Assisti Puzzle (2018) de Marc Turtletaub no Max. Eu procurava filmes e coloquei alguns pra gravar sem saber muito do que se tratavam. Esse é baseado em um roteiro de uma argentina, Natalia Smirnoff, que tem um filme homônimo de 2010, onde o roteiro concorreu a prêmios. Que grata surpresa! Que filme incrível! Quero agora achar o filme argentino!

A protagonista é uma dona de casa. O filme começa com ela preparando uma festa. É muito detalhista, coloca a faixa de Parabéns! Bolas. A casa enche de gente e ela não descansa um minuto até a hora do bolo. E pasmem, a festa era do aniversário dela, mas ela só servia. Fiquei na dúvida se ela era daquelas mulheres que não deixa ninguém fazer nada, muito detalhista, que é centralizadora. A escravidão dela incomoda demais. Terminada a festa ela vai arrumar tudo e só de manhã, com a casa toda arrumada, é que vai comer o pedaço de bolo do seu bolo. Muito assustador! Kelly Macdonald está impressionante!
Entre os presentes está um celular, mas ela não gosta e não se adapta. Ela vê então um quebra cabeça de 1000 peças e o monta muito rapidamente. Monta o mesmo mais algumas vezes, liga para a amiga que a presenteou, mas foi em uma loja em Nova York, ela não viaja há anos. Mas a vontade de ter mais um quebra cabeça é mais forte, então ela vai de trem. Na loja há uma anúncio de uma pessoa procurando um partner para montar quebra cabeça. Ela entra em contato e passa a treinar com essa pessoa para participar de um concurso. Ele é interpretado pelo indiano Irffan Khan.
O roteiro é muito delicado. Aos poucos ela vai mudando, já que não consegue ser mais tão eficiente nos cuidados domésticos, atrasa, esquece produtos que a família gosta. A família é uma sanguessuga. Ela tem dois filhos homens adolescentes (Bubba Weiler e Austin Abrams) e o marido (David Denman), todos estão acostumados que ela cuida de tudo, os acorda de manhã, prepara o café, compra os produtos, nada falta. Ela esconde que duas vezes por semana viaja para treinar para o concurso. O filme é muito feminino, feminista. O filho dela precisa fazer uma redação sobre quem é, seus planos, a mãe encontra e lê e fica chocada com o olhar que o filho tem dela. Interessante que ela lê a carta para o parceiro de quebra cabeças e ele diz que o filho a vê totalmente errada, que ela não é nada daquilo, já que ele nunca conheceu aquela mulher da carta que é praticamente um divisor de águas no comportamento dela. Tudo o que vinha sutilmente mudando-a parece que toma forma. Aos poucos ela começa a dizer não, passa a dizer que não está pedindo autorização, que só está comunicando. Passa a dizer o que pensa das escolhas dos filhos, do marido, a se posicionar, mas é delicado e sutil. A condução da trama é de uma delicadeza emocionante. Outra obra que mexeu demasiadamente e está deixando rastros e pensamentos dias depois. Gostei demais do desfecho também!

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Quarança

Assisti a peça Quarança da A Próxima Companhia no Encontro Paulista de Teatro de Grupo na Refinaria Teatral. Que espetáculo! Ficou gravado na minha pele e foi difícil retomar, acho que não serei mais a mesma após ele. É tempo de quarança. Três mulheres conta suas trágicas histórias, os abusos às mulheres, várias que não alcançam a vida adulta porque são abusadas e mortas antes.

A atualidade do tema incomodou profundamente. A vulnerabilidade dessas mulheres como propriedade do homem, as crianças sem pais, tudo é muito doído. Todos os detalhes da peça são impecáveis, tudo redondo, os figurinos e cenários são de Marco Lima, a música de Alessandra Leão, interpretações, luz de Ari Nagô. O elenco é ótimo: Juliana Oliveira, Paula Praia e Lívia Lisbôa

Elas cantam várias músicas enquanto as tramas vão sendo narradas, trocam figurinos sempre com aspectos de tradições como rendas, bacias, o pó que impregna em tudo. E as bonecas, que fantásticas! 
O Encontro Paulista de Teatro de Grupo na sede do grupo Refinaria Teatral termina esse fim de semana com mais dois espetáculos de dois grupos diferentes.

As fotos são de Adriana Nogueira

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 23 de julho de 2019

A Freira

Assisti A Freira (2018) de Corin Hardy na HBO. Vocês sabem o quanto adoro esse gênero e esse é ótimo. Eu coloquei pra gravar porque a HBO é péssima pra colocar os filmes no Now e logo fui assistir.

Da série A Invocação do Mal o filme seria a explicação do que acontece antes. No começo passam cenas do A Invocação do Mal 2 e aí o filme vai para o passado, para a década de 50. Foram esses recursos que me fizeram amar A Freire, ser um filme de época, ser em uma abadia muito sinistra e ser em um convento. Todos esses fatores deram um clima sombrio e muito instigante ao filme. Uma freira se suicida, um rapaz a acha.

A igreja designa para a Romênia um padre e uma jovem noviça. Ele é informado que a moça é romena, mas quando estão indo a cidade onde fica a abadia ele descobre que não, que ela não é romena. A moça diz que o padre que a designou deve ter os motivos dele. É bem interessante quando descobrimos o porquê. A noviça é interpretada pela Taissa Farmiga, irmã da Vera Farmiga que está em A Invocação do Mal 2. O padre é interpretado por Demián Bichir e o jovem da aldeia por Jonas Bloquet. A Freira por Bonnie Aarons.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 22 de julho de 2019

CD Puertas

Ouvi o CD Puertas (2017) de Adelia Issa e Edelton Gloeden do Selo SESC. Adoro esses músicos e gosto demais de composições que me instiguem, que não sejam conhecidas e esse CD é um desses. Me deparei com vários compositores e poetas que não conhecia, enquanto ouvia fui pesquisando, ouvindo outros trabalhos dos compositores, dos poetas, vendo seus históricos, foi uma viagem musical fascinante.

O CD começa com uma obra de Stephen Goss, do País de Gales. A obra traz textos de Shakespeare. A segunda obra é do britânico Denis Aplvor que compôs com poemas do maravilhoso Federico García Lorca, gostei demais desse compositor, muito fascinante a obra. A próxima faixa é de Heimo Erbse, e os poemas  de Joseph von Eichendorff, não conhecia nenhum dos dois que são alemães.O compositor seguinte eu já conhecia e gosto muito, Castelnuovo-Tedesco, a obra foi de Guido Cavalcanti.

Foto de Gal Oppido

Adorei conhecer o compositor Eduardo Fernandéz, uruguaio, e mais impactada ainda com os poemas de Gabriela Mistral que também não conhecia. Ela é chilena e li alguns de seus poemas, além do CD e é maravilhosa! O poema dela é que dá nome ao CD. Portas são sempre enigmáticas. Seus textos falam muito de falta de liberdade, submissão, são muito fortes, a música é igualmente densa. São três compositores brasileiros no CD, Jorge Antunes com uma obra do Bocage, Paulo Costa Lima com texto de Pierre Verger e Antonio Ribeiro que compôs com obras de uma das minhas poetas favoritas, Hilda Hilst, que textos maravilhosos.O CD é uma verdadeira preciosidade. Está a venda na loja do SESC, mas disponível também nas plataformas. Foi colocado só os áudios no youtube, vou colocar o CD aqui.


Beijos,
Pedrita