quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Violação de Domicílio

Assisti ao filme italiano Violação de Domicílio (2004) de Saverio Constanzo no Telecine Cult. Gosto bastante também do título original, Private. Eu fiquei interessada em ver esse filme depois que li um post no blog do Marcelo Janot. Vou tentar explicar com clareza o filme, mas é melhor vocês assistirem a explicação do Marcelo Janot faz no Telecine Cult antes do filme ou no comentário em vídeo no post do blog dele.

O filme se passa na Palestina, uma família de classe média alta acaba tendo que conviver com soldados israelenses em sua própria casa. E eles não falam o mesmo idioma. Os idiomas do filmes são árabe e hebraico.
Violação de Domicílio mostra, por uma metáfora, a insanidade desse conflito, a pouca lógica dessas guerras. Mas como tenho falo no meu blog há anos, não vejo lógica em nenhuma guerra. Outra questão que sempre ressalto fica igualmente clara em Violação de Domicílio. A mãe acha insano o pai não aceitar ir embora da casa invadida. Ele acha que por dignidade e honra, ele e sua família devem permanecer na casa mesmo vivendo de forma tão ruim e com tanto medo. Sempre falo que a mulher não compreende a guerra como o homem, que elas têm mais dificuldade de lutar e são desistem mais de conflitos.
O mais ilógico de tudo é que em uma explicação do pai porque ele acha que eles não devem ceder partindo, ele fala que os filhos ficarão com idéias distorcidas, que ficar sem destino poderá ser ruim para eles e que a luta sem armas é a saída. Mas nós vemos que ele está enganado, quando um filho, revoltado com a situação, se admira sonhando ser um soldado e se vingando de todos. Também ficamos pensando: ir para onde? abandonar tudo e ir viver onde? É um filme ambígüo, angustiante e complexo, mas muito bom.

Alguns do elenco são: Mohammed Bakri, Lior Miller. Hend Ayoub, Tomer Russo e Arin Omary. Violação de Domicílio é baseado em uma história real e ganhou prêmio da crítica no Festival de São Franciso que teve no júri o Marcelo Janot.


Beijos, Pedrita

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Casa de Areia

Assisti Casa de Areia (2005) de Andrucha Waddington no Canal Brasil. Sempre quis ver esse filme, inclusive quanto esteve em cartaz nos cinemas. Sou fã incondicional desse trio: Andrucha Waddington, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. O quando um casamento pode fazer bem a alguém e ampliar o seu talento. Os dois se completam e a união com a mãe, essa grande atriz, só aumentam as maravilhas que compartilhamos com eles. Casa de Areia é belíssimo em tudo, direção, fotografia, interpretação, roteiro, uma perfeição.

Começa com nossas protagonistas chegando nos Lençóis Maranhenses em 1910. Elas estão exaustas com um grupo liderado pelo marido da filha. Um homem grosseiro que deixa claro a esposa que pagou muito caro por ela pagando todas as suas dívidas. Ela está grávida desse homem horroroso. Eles são então roubados pelos que os levaram e ficam os três na região. O marido logo morre em um acidente e essas duas mulheres ficam abandonadas a própria sorte. Se não são alguns moradores locais, nem conseguiriam sobreviver. Passam-se as gerações. E Fernanda Torres e Fernanda Montenegro alternam suas personagens e o envelhecimento delas.
Me lembrou bastante O Piano onde uma mulher bem criada é levada a um lugar ermo e tem que viver em condições precárias. Em Casa de Areia a precariedade é no limite. Elas vivem no meio da areia, daquele clima complexo e sem o mínimo de conforto. Sempre sujas, sem conforto, sem roupas, sempre aos trapos. Nós que estamos tão acostumados a tecnologia esquecemos as dificuldades que viviam as pessoas em lugares pouco colonizados. Nós que sentimos falta de um computador que quebra esquecemos que algumas pessoas ficam anos sem ver alguém diferente. Elas passaram dez anos até ver alguém que fosse da cidade e conhecesse um pouco os seus hábitos E para conhecer essas pessoas elas andaram dois dias. E ficaram de voltar para partir com essas pessoas, o que significaria 4 dias depois. Dois de ida e dois de volta a pé. O quanto nós não temos essa noção desde que toda a locomoção e comunicação ficou mais fácil e ágil a vida.

As duas Fernanda Torres e Fernanda Montenegro arrasam. Ainda estão no elenco: Ruy Guerra, Seu Jorge, Luiz Melodia, Enrique Diaz, Stênio Garcia, João Acaiabe, Emiliano Queiroz, Camilla Facundes.

A direção de fotografia de Ricardo Della Rosa é maravilhosa e as imagens dos Lençóis Maranhenses é um sonho. A idéia do filme veio de uma narração de uma foto por Luiz Carlos Barreto sobre uma casa abandonada na areia. Casa de Areia ganhou merecidamente 3 prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Arte.




Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

John e Mary

Assisti John e Mary (1969) de Peter Yates no Telecine Cult. Absolutamente incrível! Apesar de um retrato das transformações dos relacionamentos da década de 60, John e Mary é um filme muito atual. O roteiro maravilhoso é baseado no livro de Mervyn Jones.

Tudo é inovador em John e Mary. O estilo de narrativa, a construção do roteiro, a abordagem de assuntos tabus para a época. E no elenco estão os jovens Mia Farrow e Dustin Hoffman. Os atores estavam no filme, ele com 32 anos e ela com 24.

John e Mary começa com nossos jovens atores dormindo juntos. Aos poucos vamos percebendo que eles se conheceram na noite anterior e foram para a cama. John e Mary traz os diálogos e pensamentos de nossos protagonistas, que sem intimidade alguma um com o outro, apesar de terem dormidos juntos, pensam o que o outro pode pensar e expressam em alguns dos seus pensamentos os seus preconceitos.

Como a maioria que conhece alguém, há histórias anteriores, portanto os dois comparam mentalmente continuamente seus ex com o que acabaram de conhecer. É muito engraçado ver a imaginação quando o outro conta sobre sua vida sendo que nós já vimos como realmente é.
Também é o período posterior a pílula anti-concepcional que promoveu a revolução nas relações afetivas e a liberação sexual, principalmente às mulheres. Época que traz a filosofia hippie.

A narrativa é toda entrecortada. Conhecemos com flashes de lembranças um pouco da história de cada um. E também vemos suas imaginações sobre os fatos. São muito divertidas as divagações dos nossos protagonistas. E o mais interessante é que John e Mary passa em um único dia.

Não é à toa que John e Mary virou um hit na época. Mas apesar de ser um filme que retrata claramente uma geração, é muito atual, por falar das relações afetivas, dos questionamentos sobre conhecer alguém e dormir na mesma noite, relacionamentos abertos. Nessa foto está a bela modelo , Sunny Griffin que só atuou nesse filme. Outro que está no elenco é Stanley Beck.




Beijos,

Pedrita

domingo, 26 de agosto de 2007

Homens de Honra

Assisti Homens de Honra (2000) de George Tillman Jr. no Telecine Action. Tinha lido no blog do Marcelo Janot
que os Telecines iam fazer uma homenagem ao Robert De Niro com a exibição de vários filmes com esse grande ator e vi que não tinha assistido Homens de Honra. É um típico filme americano, com um herói, no formato clássico de fórmula de bolo, mas Robert De Niro e Cuba Godding Jr. arrasam.

Cuba Godding Jr. interpreta o primeiro homem negro a ingressar na marinha, baseado na história real de Carl Brashear. Claro que em filmes tipicamente americanos nunca sabemos o quanto intensificaram ou mudaram alguns momentos para aumentar o impacto, mas de qualquer forma fala de um importante momento histórico da Marinha americana.
É um bom filme para debater o preconceito ao negro. Nos Estados Unidos o preconceito é claro, mas no Brasil há muitos subterfúgios para não se premiar e colocar um negro em um cargo alto. Não só negros como outros excluídos, como as mulheres. Cuba Godding Jr. interpreta um garoto pobre da área rural de Kentucky, na década de 40, que deseja muito ser da Marinha. Ele consegue ser convocado, mas aos negros ficavam as funções da cozinha. Ele sempre obstinado fura o bloqueio do dia de natação aos brancos e mostra a sua capacitação de nadador, conseguindo uma pequena promoção. Depois de muitos sacrifícios, seu esforço o leva inclusive a chegar ao posto de comandante.
Robert De Niro interpreta um amargo militar que por um problema de saúde não pode mais ser mergulhador. Ele se torna então um duríssimo e desumano militar de treinamento da marinha. Vou falar detalhes do filme: Depois de um tempo ele resolve ajudar nosso protagonista a conseguir ser readmitido na Marinha. Ele descobre que muitos oficiais preferiam a amputação de um órgão para poderem voltar com próteses ao Exército em vez de aposentarem muito jovem. Os dois simplesmente arrasam. Fiquei impressionada de saber o que os militares faziam para poder continuar na função.
Claro, Homens de Honra é um clássico filme americano que termina com a cena do tribunal e todos batendo palmas, mas a interpretação dos dois atores é maravilhosa. E é um bom filme para se debater o preconceito.
Homens de Honra mostra a Charlize Teron em um pequeno papel. Ainda está no elenco a bela Aunjanue Ellis.


Beijos,

Pedrita