sábado, 30 de agosto de 2008

Emma

Terminei de ler Emma (1815) de Jane Austen. Eu comprei esse livro em uma livraria em julho. Adoro essa autora. Gosto demais do seu estilo literário e de como retratou um período onde os casamentos eram constituídos entre pessoas de mesmo nível econômico. Emma decidiu que não desejava se casar e não chega a ser uma mulher esfuziante. Ela resolve ajudar e promover aproximações entre homens e mulheres e induzí-los ao casamento.

Obra Dido building Carthage (1815) de Joseph Mallord William Turner

Emma acaba tendo uma postura pretensiosa de elevar a condição de uma mulher de origens desconhecidas em fazer um casamento com alguém de um nível superior. A pretensão é tanta que ela se indigna quando o escolhido a escolhe e ela acha um absurdo ele imaginar que poderia se casar com ela que é de um nível econômico superior ao dela. Ela achava que ele deveria casar com alguém "inferior", mas não admitia que alguém inferior a almejasse. Eu gosto demais do estilo dessa autora e da forma como ela relata a complexidade das relações sociais da época.
Obra Margaret, Countess of Blessington (1922) de Thomas Lawrence


Trechos de Emma de Jane Austen:

“Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica, com uma casa confortável e bem localizada, parecia reunir as melhores bênçãos sobre a sua existência e vivera até perto dos vinte e um anos em ambiente no qual havia pouquíssima aflição ou preocupação.”

“Sua filha gozava de um grau de popularidade incomum para uma mulher que não era jovem, nem bonita, nem rica e nem casada. A Srta. Gates pertencia à pior categoria do mundo para obter a simpatia das pessoas e não possuía nenhuma qualidade intelectual para causar admiração ou assustar os que poderiam odiá-la, induzindo-os assim a respeitá-la; jamais ostentara que beleza, quer inteligência.”

“Pode não ter dado a Emma uma completa educação, como parecia prometer a sua posição, no entanto recebeu excelente educação por parte dela, que a ensinou a ter a qualidade principal para o casamento, que é anular a própria vontade e fazer tudo o que é ordenado.”

“As pessoas com grandes extensões de terra ficam maravilhadas com qualquer propriedade no mesmo estilo.
Emma duvidava da veracidade daquela afirmativa. Achava que pessoas com grandes extensões de terra preocupavam-se muito pouco com as terras dos outros.”


As obras são de pintores ingleses do mesmo período que a obra foi publicado. E é inglês o compositor da música do post.


Música do post: Cuckoo - Frederick Delius



Beijos,

Pedrita

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Edifício Yacoubian

Assisti ao filme egípcio Edifício Yacoubian (2006) de Marwan Hamed no Telecine Cult. Eu queria muito ver, nunca tinha visto um filme egípcio. Gosto muito de ver filmes de países diferentes, conhecer um pouco de culturas diferentes e os Telecines me ajudam muito nisso. Sempre há filmes raros, que às vezes nem vierem aos cinemas, ou em circuitos restritos e festivais, muito rapidamente. Gostei demais desse pôster! Avisei minha amiga, ela viu também e gostou. Me emocionei muito!

São muitas histórias de um mesmo edifício. O protagonista fala no início, com fotos e imagens antigas, desse importante edifício que já foi orgulho da cidade. Era um local que abrigava nobres e estrangeiros. Com a guerra, passou a ser ocupado por oficiais que depois que praticamente destruíram o prédio e venderam barato suas dependências. O edifício ficou superpopuloso e com inúmeros moradores. Inclusive o terraço passou a ter famílias inteiras de pobres cidadãos.
A religião é muito forte e obviamente, não somente uma. É tão enraigada a religião em tudo, política e negócios, que tudo é definido segundo os preceitos dos livros sagrados. Como nós brasileiros, eles usam também muitas expressões que trazem o seu deus nas frases, mesmo que sejam corriqueiras como o nosso Graças a Deus ou Deus me perdoe. Há um enorme preconceito aos homossexuais, já que a religião não permite.

A condição financeira é bem determinante. Um homem tem excelentes notas e passa com louvor em todas as etapas para ser um policial, que é o seu sonho. Mas rejeitam-no porque ele é filho de um faxineiro.

Infelizmente a condição da mulher é absolutamente triste. As mulheres pobres ficam a mercê de abusos sexuais nos empregos e aquelas que se rebelam são reprimidas, já que a família precisa de dinheiro pra sobreviver e se o problema é só ela se submeter a apalpadas, que mal há nisso. O livro sagrado permite que os homens se casam mais de uma vez. Um deles inclusive resolve aceitar para conseguir ter relações sexuais que sua mulher desinteressou. Mas ele mantém a segunda esposa escondida de tudo e todos, faz acordos hediondos, mas ela por ter uma situação financeira muito ruim, aceita. Ela se casa, mas todas as ações não parecem de algo afetivo e respeitoso e sim de uma prostituição velada e aceita segundo os livros sagrados.
O preconceito a mulher é tão grande que até o homossexual diz que o maior pecado é o adultério, e que amar uma pessoa do mesmo sexo não é pecado porque não há filhos. Estranho ele não achar matar alguém o maior pecado.

A história do casal dessa foto é a que mais me emocionou. Ela é lindíssima! Ele é interpretado por Adel Imam e ela por Hend Sabri. As mulheres que contracenaram no filme são lindíssimas, como a belíssima Youssra! Alguns outros do elenco são: Nour El-Sherif, Essad Youniss, Khaled El Sawy e Mohamed Imam.

Música do post: Egypt - Angham - Kol Ma Ne2arab

Get this widget Track details eSnips Social DNA


Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Último Rei da Escócia

Assisti O Último Rei da Escócia (2006) de Kevin Macdonald no Telecine Premium. Esse filme é baseado na obra de ficção de Giles Foden, um best-seller ambientado na Uganda, no reinado do grande ditador e líder Idi Amin, na década de 70. Amin é interpretado maravilhosamente por Forest Whitaker. Um médico recém-formado escocês vai para Uganda. Ele é um rapaz fútil e aventureiro que pretende viajar por vários países trabalhando em alguns hospitais pela aventura de conhecer outros países. Amin se afeiçoa ao rapaz e o faz de seu médico particular e de sua família. Esse médico não existiu e é interpretado maravilhosamente por James McAvoy. Eu adoro esses dois atores e o filme é deles. Que interpretação!

O médico chega em Uganda na posse de Idi Amin. Ele fica encantado com o carisma e a comoção do povo pelo seu novo líder. Como ele vai viver no Palácio do Rei, ele pouco vê das mazelas e violência da região. A separação entre a pobreza e riqueza, a ostentação dos seus líderes lembrou muito o Brasil. A diferença mesmo é a insuportável e exagerada violência política que assola os países da África. São belíssimas as duas mulheres interpretadas por Kerry Washington e Gillian Anderson.
O Último Rei da Escócia ganhou o Oscar, Globo de Ouro e BAFTA de Melhor Ator para Forest Whitaker. Mais dois prêmios BAFTA de Melhor Filme Britânico e Melhor Roteiro Adaptado. E prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Estocolmo.

Música do post: Kasongo boogaloo

Beijos, Pedrita

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Voz em Bernstein

Fui no recital A Voz em Bernstein na CPFL de Campinas. A apresentação era com a soprano Adélia Issa e o pianista Ricardo Ballestero, com curadoria de Lauro Machado Coelho. Foi um belíssimo recital com canções inusitadas, divertidas e musicalmente incríveis. Havia um Data Show com as letras das músicas traduzidas e me diverti bastante. Gostei muito das canções La Bonne Cuisine - Four recipes (Émile Dumont). Lebre corredoras, doce de ameixas, rabo de boi bom para caldos, tudo irônico, inteligente e divertido.

Me diverti muito também com Trouble in Tahiti do musical What a Movie! Na letra falavam de um filme que idealizava a marinha americana enquanto as hawaianas cantavam seus hulas. A letra me remeteu imediatamente ao filme O Aventureiro do Pacífico. A letra dizia tudo aquilo que eu tinha sentido quando vi o filme e comentei por aqui.
Outras músicas do repertório eram: I Hate Music! - A cycle of five kid songs, Silhouette, Thirteen Anniversaries, e I Go On, “Mass” (Stephen Schwartz e L. Bernstein).
Na abertura, João Luiz Sampaio falou com muita desenvoltura sobre essa série dedicada ao Bernstein programada pela CPFL. Consegui conhecer um pouco mais sobre esse compositor.
Foi um excelente recital!

Música do post: Diverse - Soundtrack - West side story (Leonard Bernstein) - 08 - Gee officer krupke!
Youtube: Trouble In Tahiti


Beijos, Pedrita

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Espinha do Diabo


Assisti ao filme espanhol A Espinha do Diabo (2001) de Guilherme del Toro no Telecine Cult. O filme é co-produzido com o México. O 007 tinha me avisado que esse filme estava na programação do canal, mas ainda não tinha conseguido assistir. Passa praticamente uma única vez por mês. Eu adorei O Labirinto do Fauno desse mesmo diretor e queria muito ver esse. É absolutamente maravilhoso! Parece uma preparação para o filme seguinte. Novamente há uma infância desastistida, abandonada e que sofre violências. Há inclusive um adulto que passou por tudo isso na infância e se tornou violento.

A Espinha do Diabo é igualmente ambientado na Guerra Civil Espanhola. Um casal acolhe crianças de revolucionários mortos, para que consigam sobreviver no anonimato. O filme começa com a chegada de um menino que não sabe que seu pai morreu na luta. Ele é abandonado por seu tutor lá sem saber. O sofrimento das crianças é muito doloroso. Mais uma vez esse diretor mistura fantasia e realidade. Não dá pra saber se as visões do menino são verdade, ou delírios de crianças assustadas e traumatizadas.

Os protetores nada afetivos são interpretados pela maravilhosa Marisa Paredes e pelo ótimo
Federico Luppi. O garoto é interpretado lindamente por Fernando Tielve. Seus amigos estão ótimos também: Íñigo Garcés, José Manuel Lorenzo e Junio Valverde. O rapaz vingativo é interpretado por Eduardo Noriega e sua bela namorada Conchita por Irene Visedo.

O compositor da trilha sonora é o mesmo de O Labirinto do Fauno, Javier Navarrete.

Música do post: pan's labyrinth- javier navarrete

Get this widget Track details eSnips Social DNA


Youtube: El espinazo del diablo - Tráiler



Beijos,Pedrita

domingo, 24 de agosto de 2008

Pavilhão de Mulheres

Assisti ao filme chinês Pavilhão de Mulheres (2001) de Yim Ho no Telecine Cult. Logo no início estranhei os chineses falando inglês e obviamente com bastante acento. A interpretação perdeu bastante a naturalidade. Igualmente não entendi porque está no Telecine Cult. É um bom filme, mas não chega a tanto para ser chamado de cult. Estaria bem melhor no Telecine Light. O roteiro é baseado na obra de Pearl S. Buck e é ambientado em 1937. Começa com uma chinesa aniversariando e completando 40 anos. Ela acha que é a hora de arrumar uma segunda esposa para o marido para se livrar das obrigações. O machismo chinês é realmente insuportável. São realmente obrigações. Ela faz a massagem e serve ao marido o tempo todo de forma nada afetiva.

Pavilhão de Mulheres passa a ter uma série de nuâncias. Me diverti agora em ler no Telecine Cult que eles confundiram o nome do protagonista que é o Willem Dafoe. Eles colocaram o nome do Jeremy Irons. A bela protagonista é interpretada por Yan Luo, que inclusive é a responsável pela adaptação do roteiro. Outros do elenco são: Shek Sau, John Cho e Ding Yi.

Achei o final bastante idealizado e romantizado. A China entra em guerra, inclusive a guerra revolucionária pela implantação do comunismo e nossa protagonista está em um lugar lindo, livre. Infelizmente a China continuou a ser um país ruim para a condição feminina.

Nosso protagonista ouve muito o disco com a ária da ópera da Madame Butterfly de Puccini que vou colocar aqui. Inclusive essa ópera é sobre uma prisão de sentimentos de uma japonesa, não de uma chinesa.

Música do post: Puccini - Maria Callas - Un Bel Di (Madame Butterfly)





Beijos, Pedrita