Obra de Mostafa Assadeddine
Após o capítulo da mãe chegando em casa e vendo as filhas mortas, o livro passa a contar a história deles por vários olhares, é ambientado na França, a patroa é uma imigrante e a babá é branca. O começo até parecia uma leitura mais linear, mas vai tendo desdobramentos inteligentes, um texto ácido sobre a condição das mulheres e de serviçais. A mãe tem dois filhos, parou de trabalhar, não está dando conta de cuidar da casa e das crianças, vive desleixada, cansada e não consegue controlar os filhos. Resolve voltar a trabalhar e contratar uma babá. Eu compreendo que na primeira semana devem ter ficado encantados com a babá, exaustos, sem vida própria, deve ter sido um alívio chegar em casa e ter tudo arrumado. A babá, sem pedirem, fazia faxina na casa também, as crianças limpas e na cama dormindo. Mas depois de 15 dias eu já tinha mandado essa mulher invasiva embora. Eu detesto pessoas que começam a mandar na casa, a serem autoritárias.
Obra Oil, Oil, Oil (2011) de Mounir Fatmi
Mas o casal também comete uma sucessão de erros, inclusive de não mandá-la embora aos primeiros sinais de autoritarismo. Adoram encontrar a casa limpa, mas nem pensam na exploração que fazem do serviço. Não procuram pagar por esse serviço, nem contratar uma faxineira para ajudar a babá. Aceitam o serviço gratuito de uma pessoa pobre com satisfação. A babá também comete o erro básico de viver a vida dos patrões. Ela ama e cuida dos filhos como se fossem seus, da casa como se fosse sua. Não cuida da casa dela, nem ao menos paga o aluguel. Aos poucos ela passa a dormir no trabalho e vai ficando. Muitos invejam essa família, a babá branca impecável, a maioria tinha babás de pele escura, essa babá que fazia tudo, estava sempre disponível, ninguém percebia os distúrbios. Não é normal um profissional abdicar da própria vida para viver a do outro. Quando o casal começa a perceber que eles têm medo de ofender a babá, que era grosseira sempre que os patrões não faziam o que ela determinava, que eles começam a agir só quando a babá não estava em casa, escondidos, com medo da reação da babá é que eles passam a pensar em mandá-la embora, mas por medo vão adiando. Assustador. Canção de Ninar acaba sendo muito psicológico. Fala de exploração de funcionário, imigrantes, de distúrbios familiares, maternidade, mundo feminino. Os capítulos são todos contatos por mulheres, em alguns momentos é a mãe que conta, outros a babá, mas há parágrafos com relatos da vizinha, da filha da babá, obra impressionante.
Beijos,
Pedrita
Interessante o tema.
ResponderExcluirliliane, o desenrolar é muito interessante mesmo.
ExcluirParece-me um romance duro, nunca ouvira falar da escritora. Estou com dificuldades em publicarvo comentários
ResponderExcluircarlos, q chato a dificuldade nos comentário. aqui no brasil falou-se muito da escritora. ela veio na flip inclusive, no festival literário de paraty, então vi muitas entrevistas.
ExcluirEsta estória está parecendo demais com uma outra, acontecida em 2012, em Manhattan - EUA. Foi um caso estarrecedor, em que uma babá imigrante (mexicana, se não me engano) esfaqueou até a morte duas das três crianças da casa em que ela trabalhava. O detalhe é que o pai das crianças era profissional - quase celebridade - de uma conhecida rede de TV.
ResponderExcluirA mãe havia ido levar a criança do meio à natação. E ao voltar se deparou com a tragédia. Creio que esta calamidade também gerou um livro.
marly, o livro foi inspirado em um caso real. a partir dessa tragédia a autora cria uma ficção sobre a relação de uma babá com a patroa. sendo que nós já sabemos o q acontece no final. é muito interessante pq ela fala muito desse profissional que parece parte da família, mas no fundo não é. q passa a se achar dono da casa pq fica mais com os filhos e na casa q os donos. é muito interessante as discussões q o livro levanta. a autora é muito perspicaz.
ExcluirTou louca para ler esse livro.
ResponderExcluirBjinhos.
é forte, mas achei muito fundamental.
ExcluirQue tragédia, Pedrita.
ResponderExcluirEstou fugindo desses assuntos. Bjs.
heloísa, realmente é um livro forte. mas o terror é só no primeiro capítulo. mas a relação doentia incomoda o livro todo.
ExcluirNão curto esse tipo de livro.
ResponderExcluirbig beijos
lulu, é muito forte.
ExcluirEstou numa ressaca literária terrível e sem tempo pra ler por conta da faculdade =/
ResponderExcluirBeijos,
Pri
www.vintagepri.com.br
pri, imagino, vc deve estar lendo agora textos acadêmicos. compreendo. eu literatura é fundamental para a minha formação profissional, mas como indivíduo tb.
ExcluirOlá querida Pedrita!
ResponderExcluirDesde de pequeno o meu filho pedia livros no aniversário dele.
Esse é o tipo de livro que a gente não quer parar de ler, muito bom!
Beijinhos ♥
andréa, esse é um livro adulto muito pesado.
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