sexta-feira, 12 de junho de 2009

Maria Antonieta - Biografia


Terminei de ler Maria Antonieta - Biografia (2006) de Antonia Fraser. Comprei esse livro novo no ano passado na Livraria Nobel porque queria ler depois que vi o filme. Maria Antonieta tem muitas biografias, inclusive uma do Stefan Zweig de 1999 que quero ler, eu vi o filme com a história dele e comentei aqui no blog. É uma pena que no Brasil não temos a cultura das biografias. Faz poucos anos que começamos a ter algumas, mas não em profusão como em outros países e com tantas comparações de teorias, afinal a vida íntima de alguém, por mais que vigiada, nem sempre conseguimos saber alguns fatos como realmente aconteceram. Antonia Fraser é uma escritora especialista em biografias desse período. O texto dela é excelente e as considerações dela são muito boas. Só não gostei no início umas comparações que ela faz sobre o físico em relação aos dias de hoje. Se fosse uma matéria estaria ótimo, mas um livro será lido daqui há 100 anos, até mesmo muitos séculos a frente, e o que é bonito e feio em um corpo depende da moda da época, dos padrões estéticos de uma época que mudam sempre. Gostei muito de toda a pesquisa que a Antonia Fraser realizou. É muito extensa a lista de livros bibliográficos no final da obra.

O livro traz ilustrações no centro, com várias telas que foram realizadas da família real como essa de Luisa Elisabeth Vigée Le Brun quando a Maria Antonieta tinha 28 anos. Como o filme eu fiquei bastante impressionada com essa mulher que teve que largar tudo na Áustria pra se casar com um homem que mal conhecia, isso aos 14 anos de idade. Tanto ela como o seu futuro marido Luís foram criados em arredomas de riqueza, viveram para serem nobres, não conheceram a pobreza, viveram fora de uma realidade e novamente acho que essa falta de realidade que
fizeram com que fossem tão odiados. Mas eu acho que nem eles tinham a percepção do mundo exagerado que viviam. Há uma outra consideração da Antonia Fraser que discordo, ela insinua que talvez o motivo da Maria Antonieta amar bailes é porque o casamento não tinha sido consumado. Não sei, Maria Antonieta viveu com o marido sem consumar o casamento por muitos anos, dos 14 anos dela até uns 21. Ela devia adorar bailes porque era jovem, cheia de vida, como qualquer adolescente, mesmo que real. Os detalhes dessa biografia são impecáveis, é um livro fascinante. É muito triste o desfecho dessa família real. Entendo que a Revolução Francesa queria mostrar a sua força, mas jamais acho que condenar alguém a morte, só porque viveu fora de uma realidade, seja algo digno. Se eu sou contra a pena de morte até para criminosos, que dirá com reis e rainhas que o único pecado teria sido viver longe da realidade. A pobreza para essa família já era castigo suficiente. A situação da mulher também é muito bem relatada no livro. Maria Antonieta não só sofreu pelas imposições e obrigações a mulher, como sofreu por ser de outro país. Todos parecem culpar a rainha por não consumar o casamento, algo típico até muito recentemente, onde os problemas conjugais são, na maioria das vezes, atribuídos as mulheres. Eu não sabia que não há nenhum descendente de Maria Antonieta. Maria Antonieta gostava muito de música e foi muito próxima de Gluck.

Obra com a Maria Antonieta com seus filhos novamente de Luisa Elisabeth Vigée Le Brun.


Anotei vários trechos de Maria Antonieta - Biografia de Antonia Fraser:

“Em 2 de novembro de 1755 a rainha-imperatriz ficou o dia todo em trabalho de parto pela décima-quinta vez.”

“Cavalgar e caçar eram ocupações normais para moças.”

“É verdade que a imperatriz exibia sua deferência de esposa ao imperador, por outro lado, era ela quem trabalhava dia e noite nos documentos do Estado e o imperador quem saía alegremente para caçar. Maria Teresa é que era a maravilha da Europa devido à sua força e à sua capacidade de decisão, não Francisco Estevão.”

“O livro do guarda-roupa da rainha era-lhe apresentado todos os dias por sua dama das vestes, junto com uma almofada de alfinetes; Maria Antonieta furava o livro com um alfinete para indicar a sua escolha. Os carregadores que trabalhavam no guarda-roupa da rainha (eram três grandes recintos cheios de armários, mesas e cômodas) traziam então os trajes em enormes cestos cobertos com panos de tafetá verde. O livro do guarda-roupa de 1782, aos cuidados da Condessa d´Ossun, ainda existe. Cada vestido é classificado e acompanhado por um retalhinho do tecido. Há amostras dos tecidos da corte em várias tonalidades de rosa, em musseline listrada de um cinza-névoa e um veludo cotelê turquesa para a Páscoa.”

“Robespierre, por exemplo, acreditava que o lugar mais seguro para as mulheres era o lar, cumprindo o seu dever tradicional de protetora dos seus. (Nisso estava de acordo com Rousseau, que achava que a “glória” da mulher estaria na “estima do marido”.) Dentro de poucas semanas os vários clubes femininos que tinham insistindo na Revolução seriam oficialmente fechados. Como a história pré-revolucionária estava marcada por casos de mulheres cruéis no governo, com as quais Maria Antonieta era regularmente comparada, já se sugeriu que a misoginia da Revolução Jacobina inspirou-se na idéia de que as mulheres poderosas pertenciam à época do despotismo. A domesticada e apolítica Rainha Carlota da Inglaterra estava num caminho muito satisfatório (do ponto de vista masculino) quando escreveu que as mulheres fariam muito melhor mantendo-se fora dos assuntos políticos e levando “vidas reservadas”.”



Música do post: 01_GLUCK_Orphee_Duo




Beijos,


Pedrita

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Amanhã é Natal



Assisti a estreia da peça Amanhã é Natal dirigida por Jairo Mattos no Teatro Imprensa. É uma comédia escrita por Mário Viana. Gostei bastante, é um simpático espetáculo. Gostei muito da desconstrução do texto. Tudo é perfeito no início, uma família realizando um sonho. E tudo começa a desmoronar e percebemos que não é bem assim. Essa peça está inserida no projeto Vitrine Cultural do Grupo Silvio Santos que une ações sociais e cultura. Tanto que até o dia 5 de julho os ingressos dos quatro espetáculos em cartaz serão trocados por uma lata de leite em pó. A Cinthia Abravanel estava na estreia e falou ao microfone que as latas serão levadas pela Cruz Vermelha para o Nordeste.
Amanhã é Natal começa na véspera de Natal. O viúvo quer aproveitar a data para pedir a sua amada em noivado na frente de toda a família dela que está prestes a chegar. Vou falar detalhes da peça: aos poucos vemos que tudo é quase uma farsa, uma ilusão, tudo vai desmornando aos nossos olhos. Há momentos que adorei como o nome dos filhos do viúvo, os nomes dos filhos da moça. Gostei dos atores que são interpretados por Álvaro Gomes, Cinthia Zaccariotto e Nádia De Lion. Os cenários e figurinos são do Leopoldo Pacheco. As fotos são do João Caldas. Amanhã é Natal fica em cartaz até o dia 26 de agosto. Até 5 de julho os ingressos custam uma lata de leite em pó, depois custam R$ 10,00, menos que um ingresso de um cinema.



Música do post: Jingle Bells Remix






Beijos,


Pedrita

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fim dos Tempos


Assisti Fim dos Tempos (2008) de M. Night Shyamalan no Telecine Premium. Tinha visto o comercial no Telecine e ficado curiosa, depois o Marcelo Janot indicou. Mas o 007 disse que é o pior filme da vida dele. Assim que começou e vi que era do M. Night Shyamalan quase desisti, acho esse diretor muito ruinzinho, na verdade é um faz tudo, ele não se contenta só em dirigir, ele é muito bobinho, simplista. E obviamente com Fim dos Tempos não é diferente. M. Night Shyamalan é muito raso nas ideias, que normalmente não são muito boas. Eu não entendi ainda o que ele queria com esse filme. Um vento começa a mudar o comportamento das pessoas. O filme se arrasta, há pouquíssima ação. Esse diretor adora colocar as pessoas andando pra lugar nenhum. Não acho que o filme seja horrível como o 007, porque o filme é fraquinho demais pra significar tanto. Acho que já falei demais dessa bobagem. Vou indo.




Beijos,

Pedrita

terça-feira, 9 de junho de 2009

O Fingidor

Assisti a peça O Fingidor de Samir Yazbek no Tuca. O 007 foi comigo, ele nunca tinha ido a esse teatro que amo tanto e tem tanta história da minha vida. Eu gostei muito do espetáculo que comemora dez anos e é da Companhia Teatral Ernesto nos Convidou. O texto do próprio diretor é baseado na vida e na obra de Fernando Pessoa. A estreia foi em 1999 no Teatro Sergio Cardoso. Teve inclusive uma adaptação para a TV, mas o ator que faz o crítico é outro. Gostei muito do elenco. Interpreta o Fernando Pessoa o ótimo ator Helio Cícero. O crítico dessa versão que vi é interpretado pelo ótimo Eduardo Semerjian.

O texto cria uma ficção onde Fernando Pessoa se candidata ao cargo de datilógrafo de um importante crítico que prepara uma conferência sobre o poeta. O crítico não conhece Fernando Pessoa, então não o reconhece quando este se disfarça e se apresenta como Jorge Madeira. É um texto muito delicado e bonito, que fala muito da obra de Fernando Pessoa, são lidos vários poemas. Nessa casa há uma empregada interpretada pela bela e talentosa Regina Remencius. Os heterônimos também estão no espetáculo representados por: Wagner Molina (Ricardo Reis), Antônio Dura (Alberto Caieiro) e Álvaro Augusto Motta (Álvaro de Campos). Outros do elenco são Laerte Mello e Rubia Reame. Gostei do cenário da Marisa Rebolo e me senti muito confortável com os livros no chão. Me soaram familiares já que alguns dos meus livros estão em uma caixa na sala porque não cabem mais na estante no quarto. No vídeo do youtube os livros estão em uma bela estante. O Fingidor fica até 28 de junho. Os ingressos são R$ 40,00. Vou colocar o trecho do youtube onde o crítico é realizado por outro ator e passou na TV Cultura. As fotos são do Arnaldo Torres.

Quando Ela Passa
Fernando Pessoa

Quando eu me sento à janela
P'los vidros qu'a neve embaça
Vejo a doce imagem d'elia
Quando passa... passa.... passa...
N'esta escuridão tristonha
Duma travessa sombria
Quando aparece risonha
Brilha mais qu'a luz do dia.
Quando está noite ceifada
E contemplo imagem sua
Que rompe a treva fechada
Como um reflexo da lua,
Penso ver o seu semblante
Com funda melancolia
Qu'o lábio embriagante
Não conheceu a alegria
E vejo curvado à dor
Todo o seu primeiro encanto
Comunica-mo o palor
As faces, aos olhos pranto.
Todos os dias passava
Por aquela estreita rua
E o palor que m'aterrava
Cada vez mais s'acentua

Um dia já não passou
O outro também já não
A sua ausência cavou
Ferida no meu coração
Na manhã do outro dia
Com o olhar amortecido
Fúnebre cortejo via
E o coração dolorido
Lançou-me em pesar profundo
Lançou-me a mágoa seu véu:
Menos um ser n'este mundo
E mais um anjo no céu.

Depois o carro funério
Esse carro d'amargura
Entrou lá no cemitério
Eis ali a sepultura:
Epitáfio.
Cristãos! Aqui jaz no pó da sepultura
Uma jovem filha da melancolia
O seu viver foi repleto d'amargura
Seu rir foi pranto, dor sua alegria.
Quando eu me sento à janela
P'los vidros qu'a neve embaça
Julgo ver imagem dela
Que já não passa... não passa.

Youtube: Douglas Simon - Serie Direções Teve Cultura - O Fingidor






Beijos,

Pedrita