quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Córtex

Assisti a peça Córtex de Nelson Baskerville no Centro Cultural Banco do Brasil. Eu queria muito ver esse espetáculo desde que vi os cartazes e as fotos antes de estrear, a beleza e o cenário mágico me geraram muita curiosidade. E é com um ator que adoro, o Otávio Martins, que simplesmente arrasou. Gostei demais de Córtex! O espetáculo é focado muito no sentido da vida, na existência, na precariedade da existência. Mas é um suspense também, pouco sabemos e vamos descortinando aos poucos, mas também não temos certeza se o que descortinamos é o que realmente aconteceu.

É um monólogo, o personagem conta que tudo começou com o sumiço de sua esposa. Ele relata que ela sofreu um AVC aos 30 anos, que ele cuidava dela, até o dia que ela desapareceu. O ator declama textos incríveis de Franz Keppler e outros maravilhosos como um impactante de Tolstói. Ao fundo projeções com frases, filmes. A atuação do Otávio Martins é impressionante. O cenário de Nelson Baskerville e Amanda Vieira é belíssimo!  Essas fotografias lindas são do Otávio Dias. A boneca também merece destaque, realizada por Marcela Donato, ganha vida de tal forma, que há horas que parece que tem movimentos. O trabalho corporal do Otávio Martins é ótimo. Gostei muito do figurino de Marichilene Artisevskis, original, lindo e funcional. Grande espetáculo! Córtex fica em cartaz até dia 4 de novembro e os ingressos custam somente R$ 6,00.



Beijos,

Pedrita

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Melinda Cesink e Richard Octaviano Kogima - Recitais Eubiose

Assisti Melinda Cesink e Richard Octaviano Kogima nos Recitais Eubiose. São jovens músicos brasileiros, ela violinista, estuda na Noruega, ele pianista, formado pela USP. Foi um belo recital, eles interpretaram Beethoven e Brahms.


Ludwig Van Beethoven (1770-1827)

 Sonata para Violino e Piano no. 7 em Dó Menor

             I. Allegro com brio
             II. Adagio cantábile
             III. Scherzo e Trio
             IV. Finale – Allegro, Presto                                                           

Johannes Brahms (1883-1897)

                         Sonata para Violino e Piano no. 2 Op. 100 em Lá maior

             I. Allegro amabile
             II. Andante tranquilo
             III. Allegretto grazioso (quase andante)

Johannes Brahms (1883-1897)

             Scherzo para Violino e Piano WoO.2



Beijos,
Pedrita

domingo, 21 de outubro de 2012

Sefarad

Terminei de ler Sefarad (2001) de Antonio Muñoz Molina da Companhia das Letras. Comprei esse livro em um sebo, sem ter ideia do autor e sua obra, comprei no escuro, mas como confio nessa editora e gosto da qualidade dos autores, resolvi adquirir. Gostei demais! São várias histórias entrecortadas, fragmentadas como suas vidas. Todas tem algo em comum, a solidão, o exílio, a tristeza de um destino que não se escolheu, que foi imposto. O trecho da capa diz: "Sefarad é o nome bíblico da terra ibérica onde, por mil anos, viveram os judeus sefaraditas, até serem expulsos, na primavera de 1492. A palavra tornou-se símbolo do exílio, que não foram poucos num século XX pródigo em totalitarismo, ditaduras e guerras, com milhões de pessoas deslocadas, perseguidas e desarraigadas."

Obra Femmes Lisant (1934) de Pablo Picasso

Muitas das histórias entrecortadas foram dilaceradas pela guerra. Judeus que foram apartados de seus familiares que seguiram para campos de concentração, sem saber o que aconteceu com eles. Judeus que fugiram e se afastaram dos seus parentes.  Separações por prisões nas ditaduras. Mas Sefarad também traz histórias de separações dos dias atuais, ou por morte de quem amamos, ou porque alguém que amamos resolveu ir para outro país. São muitas separações e dores. Os personagens estão sempre muito envolvidos em dor, arrependimento, culpa e desilusão. Há inclusive um soldado alemão que tem vergonha de suas lembranças da guerra, porque preferia fingir que não sabia o que iam fazer com os judeus, sabia pouco, mas será que sabia pouco porque queria fingir que não sabia? Um alemão consumido pela culpa. Gostei demais do estilo do autor, fiquei muito tocada com a obra, envolvente, mas triste.

Obra Terras e Paredes (1964) de Godofredo Ortega Muñoz

Anotei alguns trechos de Sefarad de Antonio Muñoz Molina:

“Fizemos a vida longe de nossa cidade pequena, mas não nos acostumamos com sua ausência, e gostamos de cultivar sua nostalgia quando já estamos há algum tempo sem voltar, e às vezes de exagerar o sotaque, quando falamos entre nós, e usar as palavras e expressões vernáculas que fomos amealhando com os anos, e que nosso filhos, tendo-as escutado tanto, mal compreendem.”

“A gente sempre quer que as histórias terminem, bem ou mal, que tenham um fim tão claro como seu princípio, uma aparência de sentido e simetria. Mas na verdade, pouquíssimas coisas se concluem de vez, a não ser pelo acaso ou pela morte, e outras não chegam a acontecer, ou se interrompem quando estavam começando, e delas nada resta, nem na memória distraída ou desleal de quem as viveu.”

Tantos os pintores bem como o compositor são espanhóis.



Beijos,
Pedrita