Terminei de ler
Sefarad (2001) de
Antonio Muñoz Molina da
Companhia das Letras. Comprei esse livro em um sebo, sem ter ideia do autor e sua obra, comprei no escuro, mas como confio nessa editora e gosto da qualidade dos autores, resolvi adquirir. Gostei demais! São várias histórias entrecortadas, fragmentadas como suas vidas. Todas tem algo em comum, a solidão, o exílio, a tristeza de um destino que não se escolheu, que foi imposto. O trecho da capa diz:
"Sefarad é o nome bíblico da terra ibérica onde, por mil anos, viveram os judeus sefaraditas, até serem expulsos, na primavera de 1492. A palavra tornou-se símbolo do exílio, que não foram poucos num século XX pródigo em totalitarismo, ditaduras e guerras, com milhões de pessoas deslocadas, perseguidas e desarraigadas."
Obra Femmes Lisant (1934) de Pablo Picasso
Muitas das histórias entrecortadas foram dilaceradas pela guerra. Judeus que foram apartados de seus familiares que seguiram para campos de concentração, sem saber o que aconteceu com eles. Judeus que fugiram e se afastaram dos seus parentes. Separações por prisões nas ditaduras. Mas Sefarad também traz histórias de separações dos dias atuais, ou por morte de quem amamos, ou porque alguém que amamos resolveu ir para outro país. São muitas separações e dores. Os personagens estão sempre muito envolvidos em dor, arrependimento, culpa e desilusão. Há inclusive um soldado alemão que tem vergonha de suas lembranças da guerra, porque preferia fingir que não sabia o que iam fazer com os judeus, sabia pouco, mas será que sabia pouco porque queria fingir que não sabia? Um alemão consumido pela culpa. Gostei demais do estilo do autor, fiquei muito tocada com a obra, envolvente, mas triste.
Obra Terras e Paredes (1964) de Godofredo Ortega Muñoz
Anotei alguns trechos de Sefarad de Antonio Muñoz Molina:
“Fizemos
a vida longe de nossa cidade pequena, mas não nos acostumamos com sua ausência,
e gostamos de cultivar sua nostalgia quando já estamos há algum tempo sem
voltar, e às vezes de exagerar o sotaque, quando falamos entre nós, e usar as
palavras e expressões vernáculas que fomos amealhando com os anos, e que nosso
filhos, tendo-as escutado tanto, mal compreendem.”
“A
gente sempre quer que as histórias terminem, bem ou mal, que tenham um fim tão
claro como seu princípio, uma aparência de sentido e simetria. Mas na verdade,
pouquíssimas coisas se concluem de vez, a não ser pelo acaso ou pela morte, e
outras não chegam a acontecer, ou se interrompem quando estavam começando, e
delas nada resta, nem na memória distraída ou desleal de quem as viveu.”
Tantos os pintores bem como o compositor são espanhóis.
Beijos,
Pedrita